“Não podemos ter governo de quem tem saudade da ditadura”, diz Alckmin em Goiânia

Candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula (PT), o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) esteve em Goiânia, na quarta.

Postado em: 22-09-2022 às 07h00
Por: Francisco Costa
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Candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula (PT), o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) esteve em Goiânia, na quarta. | Foto: Anderson Oliveira

Candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) esteve em Goiânia, na quarta-feira (21), para conversar com a militância e lideranças empresariais. Segundo ele, a democracia precisa seguir com nomes democráticos. “Não podemos ter um governo de quem não acredita na democracia, que tem saudade da ditadura e de tortura”, afirmou sem citar nomes.

Questionado sobre a questão do voto útil, uma defesa do PT para tentar vencer no primeiro turno – conforme as pesquisas –, o político afirmou que este é natural. “Na reta final, em um cenário polarizado, é natural que o eleitor verifique quem tem mais chance e antecipe o voto”, argumenta. Ele lembra que, em 2018, quando disputou a presidência, tinha 8% nas pesquisas, mas terminou com 5%. “Ciro Gomes (PDT) aparecia com 15% e ficou 11%. É natural essa mudança de voto.”

Ele também comentou sobre o encontro dos ex-presidenciáveis com Lula no começo da semana. “Tivemos oito presidenciáveis que declararam apoio ao Lula, inclusive um goiano, o Henrique Meirelles (União Brasil). A Marina Silva (Rede), que disputou três eleições… É um entendimento. Então, por que estamos juntos? Porque o Brasil precisa.”

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Entre os presentes, estavam o candidato ao governo de Goiás Wolmir Amado (PT), o vice dele Fernando Tibúrcio (PSB), além do ex-governador José Eliton (PSB), a senadoriável Denise Carvalho (PCdoB), o ex-prefeito Pedro Wilson (PT), a candidata à Câmara Federal Aava Santiago (PSDB) e outras lideranças.

MST e agro

Ele destacou, ainda, a importância do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Fui em um assentamento em Andradina (SP), e assentados, cada um produz 80 litros de leite, junta tudo em uma cooperativa e é uma indústria. Faz queijo, iogurte, manteiga. Cabe todo mundo, o pequeno, criando sua família, e cabe a grande escala, produção da soja, algodão, proteína animal. A política não é ódio, não é violência. Não é matar quem pensa diferente, mas é o encontro do bem comum. O diálogo, a civilidade.”

Alckmin também falou sobre o agro, grupo importante no Estado e resistente ao ex-presidente – mais voltado a Bolsonaro (PL). Ele lembrou que o petista, quando presidente, abriu acordos que beneficiaram o setor. “Quem mais investiu em logística no Estado foi o ex-presidente Lula”, afirmou. 

Em relação à sustentabilidade, ele afirmou que o desmatamento caía desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) até o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Depois disso, parou.” Ele reforça, contudo, que quem desmata não é o agricultor, mas grileiros. Alckmin cita que a sustentabilidade é responsabilidade de todos, pois trata-se de uma garantia de mercado. “É fundamental para o agro reativar os órgãos de fiscalização para preservação do meio ambiente.”

União de Lula e Alckmin

Em meio a especulações que começaram no fim de 2021, Alckmin foi indicado para ser vice na chapa de Lula em 8 de abril deste ano, em reunião realizada em um hotel de São Paulo. O PSB indicou oficialmente o nome do ex-governador de São Paulo para uma composição que chegou a ser criticada entre as esquerdas, uma vez que Geraldo ocupou por décadas o PSDB, partido opositor do PT. 

“Para somar potência e amplitude à resistência contra o autoritarismo que será liderada pelo companheiro Lula, o PSB propõe para compor a chapa o nome do companheiro Geraldo Alckmin. Suas qualidades [de Geraldo Alckmin] são conhecidas e reconhecidas, dentre as quais cabe destacar uma vida pública longeva e honrada, a perseverança na defesa da democracia e das práticas que lhe correspondem, o equilíbrio daqueles que acreditam no diálogo entre diferentes, a tranquilidade dos que almejam o bem público”, escreveu o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em carta que entregou naquele dia à presidente nacional do PT Gleisi Hoffmann, na reunião.

Alckmin também se manifestou naquele evento: “Agradeço a confiança e a honra na indicação do meu nome ao PT e ao presidente Lula para a possibilidade de compormos uma chapa para trabalhar pelo país. Aqui foi bem explicitado o momento grave que nós estamos vivendo. Na realidade, não é hora de egoísmo: é hora de generosidade, grandeza política, desprendimento e união. Política não é uma arte solitária. A força da política é centrípeta e nós vamos somar esforços aí para a reconstrução do nosso país.”

Lula, por sua vez, declarou que a dupla conversaria “com toda a sociedade brasileira, com os empresários, com os trabalhadores desse País”. Nas convenções, em agosto, a chapa foi formalizada. Vale lembrar, dos dois disputaram o segundo turno da eleição presidencial em 2006. O petista foi reeleito naquele pleito. 

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