Sem poderes de eleições passadas, marqueteiros mantém papéis importantes

Tendência é que estratégias sejam mantidas até às vésperas da eleição.

Postado em: 22-09-2022 às 08h15
Por: Yago Sales
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Tendência é que estratégias sejam mantidas até às vésperas da eleição. | Foto: Reprodução

Nas eleições deste ano a figura do marqueteiro político ficou mais discreta, embora tenha sido uma disputa, até agora, a dez dias de o eleitor ir às urnas, mais desafiadora, sobretudo aos que tentam arrancar o candidato à reeleição, Ronaldo Caiado (União Brasil), do pódio das principais pesquisas de intenções de votos. 

Cada um come da boca do marqueteiro para adquirir as proteínas necessárias para romper os desafios que cada candidato tem que enfrentar. Experiente, o marqueteiro Jorcelino Braga, que já fez campanhas vitoriosas, é curto e grosso ao explicar à reportagem as estratégias usadas na condução de Gustavo Mendanha (Patriota) ao segundo turno. 

Presidente estadual do Patriota, Braga fez o marketing que levou à vitória de Alcides Rodrigues ao governo de Goiás em 2006. Atualmente deputado federal, Alcides era um desconhecido ex-prefeito de Santa Helena e um vice sem muita expressividade de Marconi Perillo (PSDB). Chamava a atenção o poderio do adversário: o experiente Maguito Vilela, sob a benção de outro cacique peemedebista, o então prefeito de Goiânia Iris Rezende Machado. Foi uma disputa que gerou reviravolta e terminou no primeiro turno com 48,22% dos votos válidos.

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Objetivo, sem rodeios, como costuma indicar os caminhos aos candidatos, Braga afirma que não haverá nenhuma mudança na estratégia de marketing adotada desde o início da campanha de Mendanha, que deve chegar ao segundo turno. “Consolidamos a imagem do Gustavo como gestor competente e mostrar que ele está pronto. As pesquisas qualitativas mostram que ele é o único preparado para concorrer com Caiado, tem o perfil que a população deseja. Essa é a estratégia que pensamos”, explica ele. 

Braga também foi o responsável pela campanha vitoriosa de algumas das prefeituras mais importantes de Goiás: Maguito Vilela à Prefeitura de Goiânia; de Roberto Naves, em Anápolis; Adib Elias, em Catalão;  Paulo do Vale, em Rio Verde. Na campanha de Mendanha, ele afirma que nada deve mudar.

Na campanha do Major Vitor Hugo (PL), a tendência é manter o clima de críticas aos candidatos, sobretudo Ronaldo Caiado e Gustavo Mendanha. Enquanto a crítica ao atual mandatário é focada na distensão com o padrinho político de Vitor Hugo, o presidente Jair Bolsonaro, Gustavo Mendanha é associado à esquerda. 

No início da corrida, a cúpula da campanha de Vitor Hugo demitiu o marqueteiro mineiro Maurício Coelho e o substituiu pelo baiano Arlênio Sampaio, da Morya Comunicação, uma das agências mais respeitadas do Brasil. O desafio principal da estratégia seria a de tornar o deputado federal, um dos nomes mais próximos de Jair Bolsonaro, conhecido pelo eleitorado goiano e, principalmente, tentar transferir a aderência ao presidente ao candidato ao governo. 

De maneira mais tranquila, com clima de “já ganhou”, o marketing da campanha à reeleição de Ronaldo Caiado é comandada por Gean  Carvalho, que deixou a Secretaria de Comunicação para a função. Ao jornal O Hoje, Carvalho afirmou que, sobre as estratégias, existe uma recomendação: “A gente não fala do marketing”. 

Nos bastidores, no entanto, a sensação é de que o trabalho atingiu alguns objetivos, como aproximar o governador dos mais jovens e consolidar a imagem de gestor sem a sisudez que o cargo normalmente implementa a seu ocupante. Além do uso das redes sociais, a equipe, sob os olhos atentos de Carvalho, tem criticado gestões passadas e ressaltado novidades da atual gestão para convencer o eleitorado da importância da continuidade. 

Diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Caio Manhanelli, antes de qualquer coisa, explica que o termo marqueteiro não é utilizado, mas, sim, consultor político. 

“O uso do termo marqueteiro não é usado porque é pejorativo. Nosso trabalho de consultor está em todos os momentos de campanha”, destaca ele, que explica: “consultor é parte do esforço todo da campanha, mas não é o responsável pela vitória, que é do próprio candidato”.  

Para o consultor, quem propagandeia que ganha campanha está sendo leviano. “O consultor é o maestro da orquestra, como um médico. É um agente que indica qual o melhor tratamento aos projetos políticos, de maneira estratégica”. 

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