STF barra prefeito itinerante e Mendanha só pode tentar Goiânia em 2028

Gustavo Mendanha se desincompatibilizou de seu segundo mandato de prefeito de Aparecida de Goiânia em abril deste ano para disputar o pleito ao governo de Goiás

Postado em: 21-10-2022 às 08h15
Por: Francisco Costa
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Gustavo Mendanha se desincompatibilizou de seu segundo mandato de prefeito de Aparecida de Goiânia em abril deste ano para disputar o pleito ao governo de Goiás | Foto: reprodução

Gustavo Mendanha (Patriota) se desincompatibilizou de seu segundo mandato de prefeito de Aparecida de Goiânia em abril deste ano para disputar o pleito ao governo de Goiás. Por óbvio, ele não poderá concorrer à prefeitura da cidade em 2024. Da mesma forma, ele fica impedido de disputar o paço de Goiânia. 

O ex-prefeito ainda não falou sobre mandato eletivo daqui a dois anos, mas esta possibilidade de disputa já não é possível. Não só a capital, mas qualquer cidade. É o que explica o advogado eleitoral Danúbio Remy. 

“O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou caso de repercussão geral impedindo a figura do que consideram ‘prefeito itinerante’. Portanto, não pode político pleitear o terceiro mandato em municípios limítrofes ou mesmo conglomerado (região).” Ou seja, a regra vale não só para Goiânia, mas para toda a região metropolitana. Assim, não adianta só transferir o título de eleitor. 

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“A inelegibilidade reflexa também é proibida: a mulher dele não pode concorrer ao cargo do executivo”, completa. A ideia do STF, segundo Danúbio, é impedir manobras para perpetuação do Poder e garantir apenas uma reeleição. “Garantir o princípio democrático de alternância do poder a fim de impedir a perpetuação de apenas um grupo político à frente da administração. Mesmo que ela tenha sido boa e com bons índices de aprovação.”

Nada impede, todavia, que Gustavo Mendanha apoie algum aliado. Inclusive, o prefeito já disse que pretende ajudar todos aqueles que o apoiaram na disputa ao governo de Goiás. O ex-gestor teve 879 mil votos (25,2%) e terminou a corrida pelo Palácio das Esmeraldas em segundo lugar. Os números não impediram a reeleição em primeiro turno de Ronaldo Caiado (União Brasil), que teve 1,8 milhões de confirmações nas urnas (51,81% dos votos válidos).

No jogo

O ex-comandante de Aparecida, todavia, ainda se mantém no jogo. Declarou apoio a Bolsonaro (PL) e tem feito campanha para o presidente que disputa a reeleição no segundo turno. Na quarta-feira (19), não só almoçou com o mandatário do País, como deu conselhos. Sugeriu que o gestor federal se concentrasse em potencializar o voto onde já tinha força, em vez de tentar virar em locais com maiores dificuldades, como universidade. 

Neste mesmo almoço, participaram Major Vitor Hugo (PL), terceiro lugar no pleito goiano, o senador Vanderlan Cardoso (PSD), o vice de Mendanha na disputa ao governo Heuler Cruvinel (Patriota) e outras lideranças. A esposa de Gustavo, Mayara Mendanha, também estava no encontro.

Aparecida em 2024

Com a desincompatibilização de Mendanha, o vice Vilmar Mariano (Patriota) assumiu o cargo. Vilmarzinho, como é conhecido, é figura praticamente certa na disputa pela reeleição em 2024. Ao Jornal O Hoje, contudo, ele diz que ainda não teve tempo para falar sobre o assunto. “Da minha parte, só vou tratar de eleição a partir de 2024. Esse ano de 2023 eu vou tratar de gestão, fazer uma boa gestão e se o povo decidir que me quer como candidato, eu serei, caso contrário não”, declarou.

Entre os adversários do atual prefeito podem estar o vereador da cidade André Fortaleza (MDB) e até os deputados federais Professor Alcides (PL) e Glaustin da Fokus (PSC). Fortaleza vive uma “guerra fria” com Vilmarzinho. Conseguiu chegar à presidência da Câmara Municipal e demonstra interesse em comandar a cidade. 

Vilmarzinho também comentou sobre o possível adversário. “Acho que eu tenho maioria na Câmara, que está muito bem articulada com o Executivo. Agora, o fato dele ser ou não ser candidato, isso é ele que diz.” Os demais seguem no campo dos bastidores.

Professor Alcides conseguiu se reeleger deputado federal para um segundo mandato com mais de 90 mil votos, sendo muitos dele em Aparecida: 33,5 mil eleitores na cidade, atrás apenas da campeã de votos Silvye Alves (União Brasil), que teve 43,8 mil no município e mais de 254 mil no total. Em 2016, ele disputou o pleito, mas terminou em terceiro lugar, sendo derrotado pelo prefeito eleito Gustavo Mendanha e por Marlúcio Pereira. Não houve segundo turno.

Já Glaustin possui empresa – assim como o professor Alcides – e goza de prestígio no município. De fato, tem perfil parecido com o do colega de Câmara, uma vez que é conservador e próximo a Bolsonaro. O nome dele também já surge em conversas de corredor.

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