Caiado ganha projeção nacional com polêmica de visita íntima em presídios

Declarações críticas do governador Ronaldo Caiado (UB) sobre a decisão, por parte do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), de que o governo goiano deverá viabilizar visita íntima no sistema prisional tem chamado atenção da imprensa nacional. 

O teor da opinião do governador vai ao encontro de uma narrativa da direita, que coloca Caiado no centro da representatividade do grupo. Enquanto isso, parte de representantes da esquerda questiona o posicionamento de Caiado, insistindo para que o governo garanta o acesso de presos à visita íntima. 

Há uma interpretação de que, com o vácuo de poder deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que perdeu a eleição e, antes da posse de Lula da Silva, ter ido embora do país, pode contribuir com a construção de novos atores políticos a nível estadual.

E não é de hoje que Caiado é visto como uma alternativa à direita brasileira. O discurso contra a criminalidade surgiu assim que ele assumiu o primeiro mandato em 2019. Um dos bordões mais conhecidos é o de que, “Ou bandido muda de profissão ou muda de Goiás”, ganhou novos contornos a partir do momento em que ele passou a criticar a decisão em prol dos presos. 

O assunto dos presos foi destaque em programa da CNN Brasil na manhã desta segunda-feira ,(27), onde Ronaldo Caiado foi entrevistado ao vivo e ressaltou que o Estado pretende reverter a decisão do judiciário. Na ocasião, o governador repetiu alguns dos argumentos. “Visita íntima em uma penitenciária é uma regalia. Não pode ser um direito. Todos nós sabemos que nós só atingimos em Goiás o grau de excelência como sendo o estado mais seguro do País porque nós investimos muito forte nas penitenciárias. Reformamos as penitenciárias, demos dignidade às pessoas que lá estão no que desrespeita a saúde, a alimentação e a oportunidade de trabalho”. 

Na entrevista, Caiado ressaltou que “visita íntima é porta de entrada para levar ordem para assassinar autoridade, principalmente policiais militares e penais, que tomam conta das penitenciárias”.

Ainda conforme o mandatário, “Muitas vezes [a visita facilita] a entrada de drogas, celulares, ao mesmo tempo tivemos vários casos antes de assumirmos o governo que chefes de quadrilha que exigiam que uma irmã de um preso que devia a ele deveria ser obrigada a ter relações sexuais com ele”. Para o governador, “todo esse processo foi deteriorando e as penitenciárias se tornaram verdadeiros bunker daqueles que mandavam ordens e comandavam a criminalidade. Tanto é que Goiás é uma referência nacional”. 

Sem sombra de dúvidas, a gestão de Ronaldo Caiado teve forte apelo à segurança pública. Quando assumiu o governo, havia diversas demandas, como diminuir os índices de roubo a carros, principalmente camionetes, propriedades rurais e homicídios – além de melhorar os índices de elucidações. 

Em junho de 2021, o governo de Goiás foi desafiado por Lázaro Barbosa que, por 20 dias, fugiu por matas, cometendo crimes depois de ter matado uma família. O caso se tornou um dos mais emblemáticos, mobilizando um forte efetivo policial, que se enveredou por matas, riachos, cidades pequenas do interior goiano, até que policiais militares conseguiram encontrar o criminosos e matá-lo. 

Desde então, a fama da polícia de Caiado – como normalmente é chamada nas redes sociais – cresceu vertiginosamente, causando, entre a população mais à direita ou sem muita paciência com criminosos, uma boa impressão. 

Há quem acredite que essa atuação mais incisiva tenha conseguido convencer o eleitor goiano a dar mais quatro anos de mandato a Ronaldo Caiado, que foi reeleito ainda no primeiro turno do ano passado.