Republicanos pavimenta chegada de Thelma Cruz à Alego
Depois de perder eleição para deputada, primeira-dama da capital ganha cargo com vencimentos de R$17 mil
Por: Yago Sales
Em meio à turbulência causada pela pressão da Câmara dos Vereadores, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), pode comemorar um feito para o seu staff político: a primeira-dama, Thelma Cruz, assume, nesta quinta-feira (30), um estratégico cargo na Assembleia Legislativa.
Embora tenha sido uma aposta do Republicanos nas eleição à Alego do ano passado, Thelma Cruz não conseguiu eleger-se, obtendo 19,7 mil votos. Uma votação expressiva, se tornando a terceira mulher mais bem votada na capital. O cargo foi criado para encaixá-la, que já se pegou à imagem de solidária.
Ela vai chefiar a secretaria de Assistência Social, um braço da Procuradoria Especial da Mulher. Thelma vai receber R$17,5 mil por mês.
Desde o início de 2022 o jornal O Hoje vinha noticiando, a partir de informações de bastidores, que a primeira-dama, cada vez mais presente em eventos da agenda – e sem ele – do marido. Protagoniza sempre, com pitacos e gentileza ao lado do prefeito.
Embora negue, há quem acredite que ela possa ser uma aposta do Republicanos para um vaga na Câmara Municipal, no ano que vem.
Desde que as urnas revelaram que o Republicanos havia elegido dois parlamentares à Alego – o ex-vereador Clécio Alves e Ricardo Quirino -, havia uma expectativa, dita pelo próprio Clécio, de que ele continuaria na Câmara. Com isso, Thelma, na suplência do aliado, assumiria a vaga.
Antes de ser empossado, Clécio fez um discurso, em que parecia que deixaria o cargo para Thelma. Ele já havia renunciado a um cargo na Alego em 2017. “Estou com um sentimento de renunciar de novo e continuar como vereador por causa desse projeto do prefeito Rogério Cruz (Republicanos)”, declarou. O projeto a que Clécio se referia diz respeito ao pacote de investimentos anunciado pela prefeitura de Goiânia.
Clécio Alves, vale lembrar, é pai de Luan Alves, que é presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), pasta ligada à prefeitura de Goiânia. O titular foi indicado pela Câmara Municipal ao cargo.
Por enquanto, há um consenso: Thelma, superestimada pela Casa, principalmente pelo presidente, Bruno Peixoto (União Brasil), ganha mais um espaço para fazer seu nome como articuladora, dando mais visibilidade, no meio político, nos meandros, se desgrudando da imagem limitante que se tem à da primeira-dama.
Como o marido, o prefeito Rogério Cruz e o deputado Ricardo Quirino, Thelma é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Com Cruz – que é pastor licenciado da congregação do poderosíssimo Edir Macedo – já fez até missão na África. Sem dúvidas, a união entre a força da igreja e o marido no Paço a transformaram em uma política forte na disputa eleitoral. Além disso, tem ao seu lado a capacidade do partido do qual é filiada.
Mesmo que já tenha dois nomes – e aliados de primeira ordem – na Alego, a chegada de Thelma dá mais fôlego à expectativa de Cruz de reeleger-se, enquanto há uma aparente força para viabilizá-lo.
De qualquer forma, essa expressão “viabilizá-lo”não deve desorientar qualquer intenção de quem está no Paço, embora as alianças possam sofrer algumas mudanças daqueles que levaram Cruz à cadeira de prefeito da cidade mais importante de Goiás.
Com Thelma na Alego, as conversações vão além do que pautas sociais. Vai ter muita tentativa de construção de pontes, às vezes rompidas ou fraquejadas, para encontrar essa “viabilidade” da qual Cruz tanto necessita para ter a confiança do Republicanos e de outras siglas que queiram embarcar com ele e ignorar qualquer fenômeno político que surgir. Exemplo: que o MDB consiga convencer Ana Paula Araújo, filha de Dona Iris e de Iris Rezende Machado para a disputa em 2024.
