Diretor da Comurg mentiu de “cara lavada” na CEI, diz presidente

Ronilson Reis fez visita surpresa na Companhia em busca dos materiais de construção que Adriano Gouveia disse ter adquirido

Postado em: 29-03-2023 às 07h40
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Diretor da Comurg mentiu de “cara lavada” na CEI, diz presidente
Companhia recebeu antecipadamente mais de R$ 5 milhões, mas não entregou o serviço | Foto: Divulgação/ Câmara Municipal

Acompanhado da vereadora Aava Santiago, o vereador Ronilson Reis, que preside a Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Comurg na Câmara Municipal de Goiânia, apareceu, de surpresa, na sede da Companhia de Urbanização de Goiânia na manhã da última terça-feira (28/3). A visita foi realizada com o objetivo de averiguar se as declarações prestadas pelo diretor administrativo e financeiro do órgão, Adriano Gouveia, que foi sabatinado pela CEI na segunda, tinham, de fato, procedência. A resposta, segundo ele, é ‘não’. 

Horas depois, de volta à Câmara Municipal para um novo encontro dos vereadores membros da Comissão, Ronilson fez questão de explicar detalhadamente o que teria diagnosticado ao longo de sua visita. “Ontem [segunda-feira, 27] o Adriano [Adriano Gouveia, diretor administrativo e financeiro da pasta], ao ser questionado sobre o destino do repasse que a prefeitura fez à Comurg, disse que o dinheiro foi utilizado para comprar insumos que serão usados para conclusão das obras”, rememorou o parlamentar. Vale lembrar que o recurso em questão foi superior a R$ 5 milhões.

E continuou: “Isso me intrigou. Como ele teria esses insumos guardados? Hoje pela manhã resolvi fazer uma visita técnica in loco para saber se ele disse a verdade”. A dúvida, segundo Ronilson, foi gerada também porque na semana passada o presidente da Comurg, Alisson Borges, teria afirmado à Comissão que esse mesmo dinheiro foi utilizado para pagar o salário dos funcionários da Companhia.  “Ou seja, um falou o contrário do outro”. 

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Ronilson disse que assim que chegou na sede da Comurg, solicitou que pudesse verificar os depósitos em que supostamente os insumos estariam guardados. “Não tinha um saco de cimento”, revelou. O vereador ainda acrescentou que ninguém soube explicar a situação e “ficaram jogando a bola um para o outro”. 

Ao comentar o imbróglio, o presidente da Comissão chegou a dizer que o diretor financeiro teria mentido “de cara lavada” durante oitiva com os membros da CEI que investiga os contratos firmados pela Companhia.

Conforme mostrado pelo jornal O HOJE, o destino de verba milionária voltou ao centro do debate na tarde da última segunda quando o diretor foi sabatinado. Ao ser indagado sobre a aplicação do recurso, Gouveia disse que a Comurg é uma empresa de economia mista. “O nosso caixa é baseado em fluxo. Quando um dinheiro entra, ele não entra em uma conta específica destinado às praças, por exemplo, ele entra numa espécie de conta geral. Se naquele dia eu tinha que pagar férias para um funcionário, por exemplo, a gente pagou as férias desse funcionário; se tinha que pagar fornecedor, pagamos”.

Em outro trecho, ele reforçou que 100% do que a Comurg recebeu foi alocado para que as reformas ocorressem. O dirigente também acrescentou que os materiais já foram adquiridos, “o que garante a entrega ao município de Goiânia”. O que ainda não foi concluído, segundo ele, não se tornou possível em decorrência da questão climática dos últimos meses.

Na semana passada, quando o presidente da Comurg Alisson Borges foi sabatinado, ele argumentou, em um primeiro momento, que o “dinheiro foi repassado para custear o início das obras”. Um dos vereadores, por sua vez, indagou: “mas elas não foram feitas”. E o presidente retrucou: “É que diante da saúde financeira da empresa, que não tem capital de giro e historicamente acumulou déficits, pagamos, com esse dinheiro, os fornecedores que, inclusive, fornecem materiais de construção para as obras que nós executamos em nossos contratos”. 

Ele também disse que a Comurg “não pode ficar com dinheiro parado na conta”. E justificou: “Temos obrigações para cumprir, somos uma empresa deficitária”.

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