Bolsonaro retorna a um Brasil ainda polarizado

Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, informa que ex-presidente retorna ao País nesta quinta

Postado em: 30-03-2023 às 07h32
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaro retorna a um Brasil ainda polarizado
Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, informa que ex-presidente retorna ao País nesta quinta | Foto: Reprodução/ Arte CNN

A ausência silenciosa do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) tem dia e hora para acabar, diante de um país conflagrado (ainda), cuja parte da população depositou nas urnas a expectativa de mais quatro anos ao então candidato derrotado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro desembarga dos Estados Unidos às 7h30 desta quinta-feira (30). 

No roteiro desde que Jair Bolsonaro deixou o Brasil com avião oficial, virando as costas para o tiro de repassar a faixa presidencial ao arquirrival vitorioso, existe ainda um 8 de janeiro que parece não ter colado, pelo menos pela maioria, à imagem de Bolsonaro. 

Previsto para ser recebido por uma multidão de apoiadores, é possível que, desde a ofensiva judicial contra os bolsonaristas que invadiram, depredaram e pediram golpe militar, haja, em Brasília, o retorno de homens e mulheres vestindo verde e amarelo, ou camisetas pretas com o rosto de Bolsonaro, como todos se acostumaram a ver desde as eleições de 2018, quando o então deputado federal de partido nanico assumiu ao cargo mais importante da República. 

Continua após a publicidade

Com parte do eleitorado brasileiro insatisfeito com Lula, que prometera picanha, arrancar famílias na extrema pobreza e dar alívio à polarização, Bolsonaro retorna ao País sob a promessa de fazer oposição. Para tanto, conta com um Congresso conservador, intrinsecamente ligado às pautas do ex-presidente de extrema-direita e apoio considerável de uma opinião pública genuinamente saudosa. 

A volta de Bolsonaro movimenta o ambiente político em Brasília e em outros estados, onde existem todo tipo de político que enxerga no ex-presidente o representante legítimo. Por nota, o Partido Liberal, presidido por Valdemar da Costa Neto, confirmou a chegada de Bolsonaro. “Bolsonaro vai desembarcar em Brasília às 7h30. Ficamos no seu aguardo, capitão, para juntos lutarmos por um Brasil mais justo e livre”, disse.

Bolsonaro encontra um Brasil bem diferente daquele que ele deixou, quando preferiu, em silêncio, ir aos Estados Unidos, ainda no cargo de presidente. É a primeira vez, em 16 anos, que pousa em solo governado pelo petista Lula da Silva, do qual saiu, no duelo pelo voto, derrotado. 

Engana-se, no entanto, quem acredita que não haja um racha no País: entre a população ainda tem que mata o outro; há brigas nos parlamentos; acusações nas redes sociais e uso de uma das armas mais danosas à democracia: as mentiras, chamadas de fake news. 

Setores que apoiavam incondicionalmente às políticas de Bolsonaro, e torcem o nariz para Lula, continuam dispostos a ascender, à estima popular, o ex-presidente. Principalmente o agronegócio, que já enfrenta o pior dos receios com a chegada de Lula à presidência: ocupações do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST). 

E ainda tem a questão econômica, que coloca o governo Lula e sua equipe econômica (leia-se Fernando Haddad) e do trato da economia (com o ministro da Justiça Flávio Dino). 

Ainda esta semana, depois de ser convidado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados, Flávio Dino, confrontado por bolsonaristas, bateu bocas. E, como meninos de uma terceira série, não chegaram em um consenso sobre absolutamente nada do que estava na pauta. 

Eis um exemplo da polarização. Da falta de diálogo, construção de ideias e consenso para chegar às soluções de um Brasil que está cada vez mais distante do ideal, principalmente quanto ao combate à fome e à geração de emprego.

Veja Também