Daniel conseguiu Mendanha, mas deve encontrar resistência com emedebistas históricos

Ernesto Roller e Adib Elias não vislumbram retorno ao partido neste momento; outros também seguem resistentes

Postado em: 26-05-2023 às 07h51
Por: Redação
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Ernesto Roller e Adib Elias não vislumbram retorno ao partido neste momento; outros também seguem resistentes | Foto: Reprodução

Francisco Costa e Wilson Silvestre

O vice-governador Daniel Vilela (MDB) atua para resgatar emedebistas não só para fortalecer o seu partido para o ano que vem (eleições municipais), mas também de olho no seu projeto de suceder o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) em 2026, uma vez que o gestor encerra seu segundo mandato. A primeira reconquista foi do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota), que anunciou o retorno na última terça-feira (23). 

Não tão simples, entretanto, deve ser atrair outros nomes como do prefeito de Catalão, Adib Elias, e do ex-prefeito de Formosa e ex-secretário de Ronaldo Caiado, Ernesto Roller. Ambos, vale citar, romperam com Daniel em 2018 para apoiarem a eleição do atual governador. À época, Vilela disputou a corrida pelo Palácio das Esmeraldas, mas não conseguiu chegar ao segundo turno – como ocorrido com Mendanha, no ano passado. 

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Diferente de Mendanha, que optou por deixar o MDB para viabilizar seu projeto de disputar o governo de Goiás, Adib e Ernesto foram expulsos da legenda pela dissidência. Sem Caiado na disputa, eles não têm, aparentemente, motivos para endossar Daniel. 

Ao Jornal O Hoje, Ernesto Roller disse que não teve nenhuma conversa com Daniel nos últimos tempos. Também afirmou que não pretende retornar ao MDB. Questionado se apoiaria Vilela no pleito de 2026, ele diz ser muito cedo para uma avaliação desta natureza. 

“É óbvio que existem muitas coisas a serem transpostas”, não esconde o passado, apesar de manter a mente aberta. “Mas política é sempre a arte do diálogo. O tempo pode oportunizar isso se houver interesse das partes. Neste momento, porém, não há nenhum diálogo”, reforça.

Ainda segundo ele, que está sem partido, não existe animosidade pelo ocorrido em 2018. “Problemas de natureza política, não pessoal. Em sendo político, são problemas plenamente ultrapassáveis com diálogo. Ou seja, não sendo pessoal, não é impossível”, deixa certa abertura.

O Hoje também entrou em contato com Adib, que está sem partido no momento. Inicialmente, ele brincou que é o único “15” histórico de Goiás, se referindo ao número da legenda. Apesar disso, o prefeito de Catalão afirma que, neste momento, não existe a chance “nem de apoiar [Daniel] e nem de retornar [ao MDB]”.

Mas ele garante que não tem nenhum rancor ou mágoa. Disse, inclusive, que já teve conversas com o vice no passado e tem resgatado diálogo com outros emedebistas. “Política, se pensar com o fígado, não tem jeito.”

Os citados, claro, não são os únicos ex-emedebistas que podem entrar no radar de Daniel. O prefeito de Rio Verde (União Brasil) e o deputado estadual e ex-prefeito de Goianésia, Renato de Castro (União Brasil), também estão na lista. O Hoje tentou contato telefônico com ambos, mas não teve sucesso. 

A avaliação de fontes é que por serem ligados ao agronegócio e o MDB estar alinhado ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eles tendem a sair do centro e apoiar um candidato mais à direita, em 2026. Neste sentido, um retorno ao partido liderado pelo vice-governador Daniel Vilela seria difícil.

Retorno de Mendanha

O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e ex-candidato ao governo de Goiás, Gustavo Mendanha, anunciou o retorno ao MDB na manhã de terça-feira após reunião com o governador Ronaldo Caiado e o vice Daniel Vilela. O encontro durou pouco mais de 1h30 em área reservada do Palácio das Esmeraldas. 

Como esperado, o governador, primeiro a se pronunciar, confirmou o retorno de Gustavo Mendanha à “casa dele”, o MDB onde iniciou a carreira – sigla que também abrigou o pai dele, o ex-deputado estadual Léo Mendanha, e o padrinho político, ex-prefeito de Aparecida e ex-governador, Maguito Vilela, pai de Daniel. 

“Tivemos a oportunidade de ter uma conversa que esperei durante muito tempo. A aproximação nossa com nosso ex-prefeito Gustavo Mendanha. Conversa, construída inicialmente, com Daniel Vilela. E agora chegamos a este momento importante para política em Goiás”, celebrou Ronaldo Caiado. 

O vice Daniel Vilela reforçou o retorno, mas explicou que ainda não há data para a filiação. “Nos traz muita felicidade e satisfação. Gustavo está voltando para casa, partido que deu a ele a chance de se constituir como o grande político que se tornou. Então, vamos discutir com ele, neste momento, a forma [do retorno]”, aponta. 

Também segundo o emedebista, Gustavo é figura destacada com grande capital político e que terá sempre protagonismo em todos os processos eleitorais. Ele, entretanto, ressalta que nada será antecipado [sobre cargos eletivos em 2024 ou 2026], uma vez que a política é muito dinâmica. “Não vamos precipitar, existem conjunturas que fogem do nosso controle. Mas ele terá sempre protagonismo e condição de disputar as principais eleições do Estado.” Apesar disso, ele adianta que, no ano que vem, o ex-prefeito de Aparecida terá papel de construção de chapas em todos os municípios para o MDB e para base governista

O retorno de Mendanha, tido como maior cabo eleitoral de Aparecida de Goiânia – segundo maior colégio eleitoral do Estado – é um reforço claro para os planos de Daniel Vilela em 2026. O ex-prefeito espera retribuição: apoio em 2024, caso uma consulta jurídica o permita disputar Goiânia; e participação na chapa majoritária do governo, seja Senado ou vice.

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