PF cumpre sete mandados de prisões em São Paulo

Um executivo da Philips e um ex-executivo foram presos; ação mira esquemas de corrupção envolvendo multinacionais na Saúde estadual do Rio

Postado em: 05-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Um executivo da Philips e um ex-executivo foram presos; ação mira esquemas de corrupção envolvendo multinacionais na Saúde estadual do Rio

A Polícia Federal (PF) cumpriu sete mandados de prisão em São Paulo na manhã de ontem durante a Operação Ressonância, desdobramento da Fatura Exposta, que mira esquemas de corrupção envolvendo gigantes multinacionais na Secretaria Estadual de Saúde do Rio. Delatores dão conta de que havia um “clube do pregão internacional”, e que as fraudes prosperaram entre 1996 e 2007.

Agentes da PF estavam em endereços na Vila Ipojuca, Zona Oeste de São Paulo, e na sede da Philips, em Barueri, na Grande São Paulo. Dois executivos da empresa foram alvos da ação.

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Entre os presos está o ex-executivo da Philips e atual CEO da General Electric (GE) na América Latina, Daurio Speranzini Jr. A prisão ocorreu por causa da atuação dele na Philips. Todos os detidos seriam transferidos para o Rio.

A ação também teve prisões em outros estados. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, expediu 22 mandados de prisão no Rio e em SP, além em quatro estados e no Distrito Federal.

Em nota, a Philips informa que “ainda não teve acesso ao processo, no entanto, está cooperando com as autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos quanto às alegações apresentadas, que datam de muitos anos atrás”. “Os atuais líderes executivos da Philips não são parte da ação da Polícia Federal; um colaborador da equipe de vendas da Philips foi conduzido para prestar esclarecimentos. A política da Philips é realizar negócios de acordo com todas as leis, regras e regulamentos aplicáveis. Quaisquer investigações sobre possíveis violações dessas leis são tratadas muito seriamente pela empresa”, conclui o comunicado publicado pela multinacional.

Também foi decretado o bloqueio de bens dos investigados no valor de R$ 1,2 bilhão. Entre os presos estão o empresário Miguel Iskin, que foi solto por decisão do ministro do STF Gilmar Mendes em outubro de 2017, o executivo da Philips Frederik Knudsen e Daurio Speranzini Júnior, ex-executivo da Philips e atual CEO da General Electric (GE) para a América Latina. 

De acordo com a Procuradoria da República no Rio, a partir das investigações da operação Fatura Exposta, órgãos de controle como o Conselho de Defesa Administrativa (Cade), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) uniram esforços e identificaram um cartel de fornecedores que atuou entre os anos de 1996 e 2017 . 

A empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, era a líder do cartel formado por pelo menos 33 empresas, algumas delas atuando como laranjas das demais, que se organizavam no chamado “clube do pregão internacional”.

A força-tarefa do Ministério Público Federal do Rio ainda destaca que “mesmo alertado por um dos funcionários da empresa acerca das fraudes, optou por manter os contratos com o Poder Público e buscar eximir a empresa de qualquer responsabilidade sobre as vendas superfaturadas, apresentando requerimento de exclusão da Philips do contrato firmado com o Ministério da Saúde”. (Agência Brasil) 

Resumo 

  • São 13 mandados de prisão preventiva e 9 de temporária expedidos pelo juiz Marcelo Bretas;
  • Dos oito enviados para São Paulo, sete foram cumpridos;
  • Há 43 mandados de busca e apreensão;
  • Cerca de 180 policiais federais estão nas ruas dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Minas Gerais e no Distrito Federal;
  • Soltos por Gilmar Mendes, os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita têm contra si novos mandados de prisão;
  • Sérgio Côrtes, secretário de Saúde de Sérgio Cabral preso com Iskin e Estellita, é intimado a depor;
  • Os conglomerados atraíram empresas fornecedoras e formaram cartel para direcionar as compras de equipamentos médicos. Para tal, agiam para manter a direção no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into);
  • O esquema duraria até hoje e não foi interrompido nem com a prisão do trio. 

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