Goiás está entre os poucos estados onde PT terá candidatura própria

Partido cedeu cabeça de chapa em três dos quatro maiores colégios eleitorais do país

Postado em: 24-01-2024 às 09h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás está entre os poucos estados onde PT terá candidatura própria
Líderes petistas ouvidos pela reportagem afirmam que é preciso saber diferenciar o que está acontecendo a nível local e nacional | Foto: Paulo Pinto/Agência PT

Goiás deve ser um dos 16 estados onde o Partido dos Trabalhadores (PT) lançará candidatura própria à Prefeitura da Capital. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, três dos quatro maiores colégios eleitorais do Brasil, a legenda abriu mão da cabeça de chapa. Na capital paulista, por exemplo, o retorno de Marta Suplicy ao PT para ser vice na chapa do psolista Guilherme Boulos, marcará a primeira vez que o partido não terá um nome na liderança pela Prefeitura desde a década de 1980.

Segundo mostrou reportagem do jornal O Globo nesta semana, o PT deve ceder espaço a aliados nas eleições deste ano e registrar o menor número de candidatos nas capitais nos últimos 32 anos. Nos outros dez estados onde não terá cabeça de chapa, o partido vai apoiar nomes de outras legendas. Em Goiânia, a deputada federal Delegada Adriana Accorsi, pré-candidata à Prefeitura da Capital, será lançada oficialmente pela sigla no próximo dia 3 de fevereiro, conforme antecipou este jornal. Ela é, até o momento, o único nome confirmado na disputa. 

Líderes petistas ouvidos pela reportagem afirmam que é preciso saber diferenciar o que está acontecendo a nível local e nacional. O deputado estadual Mauro Rubem (PT) avalia como positiva a situação do partido em Goiás hoje, diz estar confiante com a pré-candidatura de Accorsi ao Paço Municipal, e que a sigla a qual é filiado não tem dificuldade de fazer diálogo. Segundo ele, a questão por trás do que acontece em Brasília tem a ver com interesses básicos que o Congresso Nacional quer satisfazer, considerado o quadro de pressão feito pelos parlamentares ao governo federal para liberação de emendas e cargos na Esplanada dos Ministérios.

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“Onde tem bons candidatos, naturalmente os próprios aliados querem que o PT lance também”, observa Rubem, que se diz “animado em ver a quantidade de apoio que ela [Accorsi] tem recebido”. Ao jornal O HOJE, o deputado ainda reconhece que foi um acerto retirar sua pré-candidatura para abrir caminho para a “companheira” — vocativo que gosta de usar, ecoando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para se referir à Accorsi. Tanto Rubem, quanto o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edward Madureira desistiram de concorrer a prefeito no pleito deste ano. 

Rubem, que agora integra a cúpula petista que coordena os passos da pré-campanha da parlamentar, também vê, em linhas gerais, que o momento político é de desgaste. “Temos ainda um rescaldo muito forte da quantidade de mentiras que foram usadas nos últimos anos”, afirma, numa referência ao governo Jair Bolsonaro (PL). Ele, porém, se considera alguém que tem relações democráticas com parlamentares da base e diz que viu alguns deles chateados na maneira de o governador Ronaldo Caiado (UB) lidar com o vaivém da provável candidatura a prefeito do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), na semana passada.

Para Rubem, que define que as eleições municipais começam no segundo turno das eleições federais, Goiânia não tem tradição de ver seus prefeitos aliados aos governadores de ocasião. “O último prefeito de Goiânia que foi aliado ao governador foi o [tucano] Nion Albernaz [no período de 1997 a 2001, quando Goiás era chefiado por Maguito Vilela, figura histórica do PMDB — hoje MDB]”, afirma. “O ideal é que os governos não sejam oposição à população. É preciso clareza entre os progressistas e democráticos sobre o que nós passamos.”

Presidente do PT em Goiás, a vereadora Kátia Maria acredita que a forma com que Lula fez campanha em 2022 irá decantar no estado. “A pauta da democracia estará presente em Goiás e no Brasil”, ressaltou ela sobre qual será, afinal, o mote do PT especialmente para Goiânia, que conta com o maior eleitorado de todo o estado. “Com a cidade abandonada e suja, a ideia é de a gente trazer a solução dos problemas com mais programas para a cidade”, afirmou durante recente entrevista ao jornal O HOJE. “Para isso, estamos discutindo com o terceiro setor, com os partidos que buscamos fazer alianças e com a sociedade.”

Ao contrário da visão otimista com que PT goiano enxerga o xadrez eleitoral, o próprio presidente Lula afirmou, em uma conferência do partido em Brasília, no fim do ano passado, que governar agora está mais difícil do que em seus dois mandatos anteriores e que, por isso, sua gestão tem cedido no Congresso. Ao reconhecer a complexidade atual no Parlamento, o petista disse no evento que “muitas vezes, a gente cede quando não poderia ceder. E muitas vezes a gente conquista coisas quando a gente pensava que não ia ganhar”.

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