Após “chocar zero pessoas” por ser gay, Marco Pigossi desabafa sobre carreira e sexualidade

O ator faz um desabafo emocionante sobre sua carreira e sexualidade, onde revelou namoros escondidos, relacionamentos com mulheres, medos e superações para se assumir gay

Postado em: 08-01-2022 às 15h51
Por: Augusto Sobrinho
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O ator faz um desabafo emocionante sobre sua carreira e sexualidade, onde revelou namoros escondidos, medos e superações para se assumir gay | Foto: Reprodução

No dia 26 de novembro de 2021 o ator, e ex-galã da Rede Globo, Marco Pigossi publicou em sua conta oficial no Instagram uma foto ao lado do marido, o cineasta italiano Marco Calvani. Assumindo publicamente sua sexualidade e brincando com seus 3,9 milhões de seguidores, ele afirmou na legenda que estava “chocando zero pessoas”. Um mês e meio após o feito, voltou a falar sobre sua jornada para conseguir expor sua orientação sexual.

Ainda no ano passado, o assunto rendeu bons comentários nas redes sociais. Os internautas “chocados” e amigos de Pigossi elogiaram a coragem e comentaram sobre as dificuldades de ser “galã” de novela e gay. Agora, na edição 184 de Janeiro de 2022 da Revista Piauí, Marco faz um desabafo emocionante sobre sua carreira e sexualidade, onde revelou namoros escondidos, relacionamentos com mulheres, medos e superações para se assumir gay.

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“Aos 20 anos, eu estava realizando o grande sonho de trabalhar como ator na maior indústria de entretenimento do país, mas vivia um drama pessoal: sentia calafrio só de pensar que o público poderia desconfiar que a sexualidade do personagem e do ator era a mesma. Essa possibilidade me aterrorizava. Os fãs vinham falar comigo, repetindo o bordão “rosa chiclete”, e eu estendia a mão com firmeza, fazia uma voz forte, para espantar suspeitas. Era como se estivesse usando uma máscara de heterossexual. A alegria de fazer um personagem que caiu no gosto do público me trouxe aflição. Precisei de ajuda. Recorri à terapia durante a gravação da novela. Fazia análise três vezes por semana”, disse no texto.

Com doze anos de carreira, Pigosse interpretou galãs em oito produções da TV Globo. “Quando a Globo queria um galã, me chamava porque era uma fórmula que dava resultado. Formei par romântico com grandes atrizes, como Carolina Dieckmann, Paolla Oliveira, Isis Valverde”, afirmou. Em 2017, o ator decidiu não renovar o contrato com a emissora e passou a trabalhar na Netflix, onde atuou na série australiana Tidelands, na série espanhola Alto Mar e na brasileira Cidade Invisível, de Carlos Saldanha.

“Nos meus doze anos de vida pública, mantive um relacionamento com um homem que durou oito anos. Vivíamos juntos no mesmo apartamento. Hoje, olhando esse passado, me dou conta de que vivi situações absurdas. Em passeios nos shoppings, por exemplo, sempre que eu encontrava um conhecido por acaso, meu namorado automaticamente seguia andando para me proteger, como se eu estivesse sozinho. Ele via o tamanho do meu desespero. Era um conflito interno constante: eu não podia deixar o medo me vencer, eu tinha que ir ao cinema, mas, ao mesmo tempo, sentia um pânico de ser descoberto gay”, relata.

Segundo o ator, foram anos fazendo análise com terapeuta para tratar crises de pânico, depressão, ansiedade e pesadelos, que se tratavam de sair do armário contra a própria vontade e pedidos para ser mais “machão”. Ele conta que, após oito anos de terapia, começou a trabalhar a questão da aceitação da sua sexualidade. Após ser questionado sobre a forma como via sua própria sexualidade, passou a refletir sobre como ela o ajuda a interpretar as histórias das suas personagens. “Foi a primeira vez em que entendi que eu poderia ter uma vantagem por ser gay, que eu talvez pudesse olhar para o próximo com mais empatia”, contou.

Por fim, ele conta que seu marido o avisou que postaria uma foto deles de mãos dadas no feriado norte-americano de Ação de Graças. “Ele postou, e ficamos esperando. Começaram a pipocar alguns comentários na rede. Então, decidi repostar a foto com um stories na minha própria rede. Escrevi “choca zero pessoas” para tirar onda com os comentários do tipo “ah, mas eu já sabia”. Postei e fiquei com um frio na barriga”, disse.

“Logo comecei a receber muitas, muitas mensagens de amigos, de colegas de trabalho, de fãs. Recebi mais parabéns do que no dia do meu aniversário. Foi uma libertação. Uma festa. Nada como viver às claras, ser o que se é em privado e em público. Talvez os futuros galãs não sintam o mesmo medo que eu senti de perder minha carreira”, finaliza o ator Marco Pigosse. Confira a íntegra do texto clicando aqui.

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