MP investiga se padres pagavam ‘mesada’

A operação apontou que a cúpula da Igreja Católica em três cidades goianas desviavam recursos que eram oriundos dos fiéis, além de dinheiro vindo de festas realizadas pelos fiéis

Postado em: 21-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A operação apontou que a cúpula da Igreja Católica em três cidades goianas desviavam recursos que eram oriundos dos fiéis, além de dinheiro vindo de festas realizadas pelos fiéis

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) investiga se padres pagavam uma espécie de “mesada” para o bispo de Formoza, Dom José Ronaldo. A Operação Caifás, que foi deflagrada pelo órgão anteontem, apontou que a cúpula da Igreja Católica em três cidades goianas desviavam recursos que eram oriundos dos fiéis, além de dinheiro vindo de festas realizadas pelos fiéis. Ao todo, nove pessoas foram presas, incluindo o bispo e quatro padres. 

Segundo informações do promotor de Justiça Douglas Chegury, responsável pela operação, uma testemunha revelou que os padres repassavam todo mês a Dom José Ronaldo quantias que chegavam a R$ 7 mil e R$ 10 mil. No total, o prejuízo gerado pelo esquema gira em torno de R$ 2 milhões. “As informações que nós obtivemos é que, para permanecer nas paróquias que davam mais dinheiro, os padres pagavam uma mesada, em dinheiro, ao bispo”, diz. 

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O promotor ainda disse que desta mesma forma estão as paróquias de Posse e Planaltina. Na primeira, por exemplo, foi apreendido na casa de um dos clérigos dinheiro no fundo falso de um guarda-roupa. O valor chegou a R$ 70 mil. A quantia estava em sacos plásticos. Além do montante, também foram encontrados itens como de ouro e relógios. 

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As apurações apontam que o grupo agia desde 2015. Com início no ano passado, o estopim para que a Justiça passasse a investigar os padres foram denúncias feitas por fiéis da Igreja Católica. Eles dizem que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. Na ocasião, o clérigo afirmou que não havia nada de irregular nas contas da Doicese de Formosa. 

Autorizadas pela Justiça, escutas telefônicas mostram que os suspeitos compraram uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado. Conforme o MP-GO, os imóveis eram uma forma de os padres lavarem dinheiro. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil disse que irá buscar mais informações sobre a denúncia para tomar as devidas providências.  (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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