Rafael Oliveira*

A primeira reunião da executiva estadual do MDB após a eleição foi marcada por reflexão dos filiados e preocupação com o futuro da legenda em Goiás. Os dois grupos políticos mais fortes dentro da sigla divergem sobre a derrota do presidente estadual, deputado federal Daniel Vilela, como candidato ao governo do Estado. 

A representante do irismo em Goiás, a esposa do prefeito de Goiânia Dona Íris, tem usado uma rede social para disparar críticas ao desempenho do partido na eleição. Já o presidente da executiva estadual, Daniel Vilela, ligado ao segundo grupo político mais forte dentro do partido, liderado pelo pai Maguito Vilela, disse que o partido saiu fortalecido e oxigenado da eleição. 

Dona Íris, que também perdeu a eleição para deputada federal e não chegou aos 40 mil votos, reclamou da falta de apoio da família Vilela na sua campanha em uma conta no Twitter. “Em nome do dever partidário Íris acompanhou o partido e apoiou Daniel de corpo e alma.Pena que a recíproca não foi verdadeira.Partido maduro precisa de comando maduro”, diz a postagem dias após a derrota. 

Em outra postagem, a escudeira do prefeito goianiense disse que “o partido precisa de novos rumos e sob nova direção para não correr o risco de acabar de vez.Virou nanico,mas pode ressurgir.Alma peemedebista é gigante e pode romper o “círculo caprichoso” que o envolve temporariamente”. 

Em defesa, Daniel Vilela afirmou que o processo de renovação está em curso e vai continuar pelos próximos quatro anos. “Os novos quadros estão repaginando o partido e o MDB foi o mais oxigenado nessa eleição. Surgiram novos líderes em Goiás, como o Márcio Correia em Anápolis. Também tivemos o triplo da votação neste ano em relação a eleição de 2014”, rebateu Daniel. 

Cardeais do MDB em Goiás, ligados aos dois grupos políticos, afirmam que Iris Rezende pode tentar retomar o comando da legenda no ano que vem. 

O presidente estadual adiantou que a renovação de sua gestão é automática, caso a executiva nacional não intervenha no diretório goiano. 

Nesse sentido, Dona Íris disse que “a direção não honrou compromissos,principalmente com as mulheres.Denunciei o fato durante a campanha.Acreditei que a lei seria cumprida.Falta de compromisso com a verdade nunca fez meu estilo”. 

Daniel Vilela rebateu mais uma declaração da esposa do prefeito ao dizer que seu trabalho na direção continua acreditando que representa a renovação. “Mas se alguém achar que pode disputar a eleição interna e for divergente da atual cúpula do partido, pode disputar e a maioria vai escolher. Faremos a eleição no momento oportuno”. 

Governo Caiado

Daniel Vilela disse na entrevista que o partido manterá uma neutralidade em relação ao governo de Ronaldo Caiado (DEM). “É muito precipitado falar de participação no governo, vamos ficar independentes, mas se os parlamentares quiserem compor o governo, é por conta deles, não falarão em nome do MDB”, ressaltou Daniel. 

A fala de Daniel se repete sobre os dissidentes do partido que trabalharam na campanha democrata, principalmente o prefeito de Catalão, Adib Elias, que coordenou a campanha de Caiado. “Cada um tomou a sua posição, espero que cada um tenha sucesso no próximo mandato. Não vou ficar remoendo sobre expulsão ou não, vou valorizar os que estiverem ao meu lado e estarei ao lado deles o tempo todo”, encerrou.  (*Especial para O Hoje)