MDB encaminha apoio ao DEM, mas há detalhes a serem resolvidos
Em reunião, maioria da executiva estadual do partido defendeu Daniel Vilela como candidato a vice na chapa de Ronaldo Caiado
Todos os integrantes da executiva do MDB em Goiás, inclusive o deputado estadual Paulo Cezar Martins, que chegou atrasado, participaram, presencialmente ou de forma virtual, de uma reunião na sede do diretório regional do partido no final da tarde de quinta-feira (16).
A maioria saiu do encontro com o entendimento de que o ex-deputado federal e presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, deve ser o candidato a vice na chapa à reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM) em 2022. Um evento, com a presença do governador, deve ser marcado na semana que vem para sacramentar a aliança.
Durante a reunião de duas horas, a qual a imprensa não teve acesso, Daniel relembrou a recente visita que Caiado fez ao diretório do MDB. Segundo o emedebista, o governador disse que o partido foi essencial para sua eleição ao Senado em 2014.
Daniel também aproveitou o momento para apresentar o resultado da consulta feita a membros do partido, considerada por ele como mais ampla do que seria se apenas os delegados fossem consultados.
Das 160 cartas enviadas, 146 foram favoráveis à aliança, assim como 27 dos 28 prefeitos, além de um manifesto público de três dos quatro deputados estaduais e outros segmentos do partido, como as alas da juventude e da mulher.
Dos que participaram do encontro, apenas o ex-prefeito de Quirinópolis Gilmar Alves, que citou resistências pessoais contra Caiado, e Paulo Cezar Martins tiveram posições diferentes.
O deputado estadual defende uma candidatura própria do MDB no ano que vem, assim como o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães em Goiás, Enio Salviano, que não estiveram presentes.
Em coletiva após a reunião, Paulo Cezar Martins ressaltou que, do ponto de vista do estatuto e do regimento interno do MDB, compor a chapa de Caiado ainda não é uma decisão definitiva. “Ainda temos até a convenção.” O parlamentar afirmou que, até lá, seguirá defendendo uma candidatura própria “com muita democracia”.
Daniel, também em coletiva, disse que, de fato, o encontro faz parte de “um processo de formalização política, mas não de uma formalização estatutária, que só acontece na convenção eleitoral”.
Apesar de a aliança do MDB com o DEM estar praticamente definida, há pelo menos quatro detalhes ainda a serem resolvidos.
Vice
Um dos objetivos do MDB, ao compor com o DEM, é voltar a ter influência no governo estadual depois de quase 23 anos fora do poder.
No entanto, sabe-se que o cargo de vice por si só não costuma ser de grande importância. Se quiser realmente ter poder, o MDB precisará exercer influência em outras áreas do governo.
Em resposta a uma pergunta do jornal O Hoje, Daniel afirmou que “o MDB tem bons quadros e, se o governador quiser aproveitar um ou outro, isso é natural, mas não estamos fazendo uma exigência”.
“Em nenhum momento dessas negociações, nós discutimos cargos. Não é interesse do MDB. Não vivemos disso, de buscar espaço. Estamos indo para um projeto eleitoral no ano que vem para somar forças e pensando no estado. Teremos legitimidade [para conversar sobre cargos] depois que ganharmos as eleições juntos”, disse o presidente estadual do MDB.
Duas vagas
Com a vaga de vice encaminhada para Daniel, resta a do Senado. O senador Luiz Carlos do Carmo (MDB), que esteve presente na reunião, se coloca como candidato à reeleição.
Porém, devido aos interesses de outros partidos, é pouco provável que o MDB tenha duas vagas na chapa governista. Com isso, Luiz Carlos do Carmo, que foi suplente de Caiado, pode ir para o PSC ou aceitar disputar um outro cargo, como deputado federal ou até mesmo suplente mais uma vez.
Daniel disse, em resposta a uma outra pergunta feita pela reportagem do jornal O Hoje, que o MDB “com certeza” vai buscar duas vagas na chapa majoritária. “Temos um senador na cadeira que nos representa muito bem.”
Contudo, de acordo com o presidente estadual do MDB, “é preciso ter humildade para reconhecer que o partido não pode tudo”. “O partido tem a sua força e a sua importância, mas existem outros partidos que também devem participar para se construir um projeto”, declarou.
Ex-emedebistas
Outra questão a ser resolvida é a de ex-emedebistas que defendiam a aliança com Caiado em 2018 e saíram do partido porque Daniel manteve sua candidatura ao governo naquele ano.
São os casos do prefeito de Catalão, Adib Elias, e do deputado federal José Nelto, ambos do Podemos. Eles não escondem a insatisfação com a recente aproximação entre DEM e MDB.
Caiado terá tempo de sobra para conversar com ex-emedebistas insatisfeitos. E Daniel, por sua vez, deu sinais de que há espaço para retomar o diálogo. “Tenho boa relação com alguns deles e tenho procurado me colocar à disposição para podermos reconstruir as relações.”
“Todo mundo passa por um processo de amadurecimento. Tanto eu quanto eles. Quando o projeto é maior, pelo estado, precisamos colocar qualquer desavença pessoal do passado para trás”, respondeu Daniel a mais uma pergunta do jornal O Hoje.
Mendanha
“Foi alvo de debate na reunião a necessidade de o partido dialogar com Mendanha para que ele possa ter a humildade para compreender a decisão”, disse Daniel.
Entretanto, após a aliança entre Caiado, Mendanha tende a deixar o MDB para viabilizar sua candidatura a governador por outro partido.
O MDB, então, deve trabalhar para evitar uma debandada, ou seja, fazer com que outros membros do partido não sigam o caminho de Mendanha.
É provável que pelo menos emedebistas importantes de Aparecida de Goiânia saiam do partido, enfraquecendo-o no município, que é o segundo maior colégio eleitoral de Goiás.
Sobre uma eventual disputa contra Mendanha, o presidente do MDB em Goiás afirmou que “não gostaria e não quero que isso aconteça”. Daniel disse esperar que todos os integrantes do partido que defendem a tese de candidatura própria compreendam a decisão de se aliar ao DEM de Caiado. (Especial para O Hoje)