Deputado federal bolsonarista é denunciado pela PGR ao STF por forjar o próprio atentado
O deputado federal Loester Trutis (PSL-MS) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) por arquitetar o próprio atentado em fevereiro de 2020. Trutis havia alegado que o carro em que estava com um assessor foi atingido por cinco tiros durante uma emboscada. As denúncias apontam comunicação falsa de crime, porte ilegal […]
O deputado federal Loester Trutis (PSL-MS) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) por arquitetar o próprio atentado em fevereiro de 2020. Trutis havia alegado que o carro em que estava com um assessor foi atingido por cinco tiros durante uma emboscada. As denúncias apontam comunicação falsa de crime, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo.
O início da investigação ocorreu após da denúncia do próprio deputado, onde a ocorrência foi registrada como suposta tentativa de homicídio. Trutis chegou a publicar fotos do estado do veículo, que estava com marcas de tiros na lateral e nos vidros traseiros, provenientes do suposto atentado. O parlamentar informou ter reagido a nove disparos em direção do veículo, incluindo os cinco que teriam atingido o carro, e relatou “susto” e “tremedeira”. No incidente ninguém se feriu, segundo a ocorrência registrada na Polícia Federal (PF).
Diante da denúncia da PGR, o STF irá analisar o caso. E então, se o tribunal receber a acusação, o parlamentar passará a ser considerado réu.
O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, afirma que a narrativa do deputado é falsa e denunciou o parlamentar ao STF.
“O que de fato ocorreu foi uma verdadeira simulação de tentativa de homicídio, na qual o parlamentar (A) e seu assessor (B), portando irregularmente arma de fogo de uso permitido, efetuaram disparos em via pública (estrada vicinal adjacente à Rodovia BR, 060) contra o veículo”, escreveu Medeiros.
De acordo com Medeiros, Trutis e seu assessor, Ciro Fidelis, “tiveram protagonismo na empreitada criminosa”. A Procuradoria-Geral da República também afirmou que o parlamentar tentou usar o incidente como tática para levantar bandeira política.
“Assim, considerando que o porte de arma é uma pauta política defendida intensamente pelo deputado Loester Trutis; o parlamentar, ao noticiar o episódio, atribui ao porte de arma a ausência de lesões e, até mesmo, o escape da “morte”; e, ainda, ele aduz ter sido “vítima’ em razão de embates políticos no Estado de representação, vislumbra-se a conexão dos fatos apurados com a atividade parlamentar.”
Em relatório ao STF, a PF apontou que o veículo descrito como autor dos disparos foi “exaustivamente procurado e não foi localizado”. Além disso o texto aponta que Trutis e seu assessor “faltaram com a verdade durante os seus depoimentos”, ao não informarem que saíram da rodovia BR 060, onde teria ocorrido o atentado, para duas estradas vicinais. Segundo a PF, “chegaram a parar e desligar a ignição do veículo, tal como se pode verificar da análise dos dados do rastreador do veículo”.
O laudo e as declarações do deputado federal indicaram que seria improvável que o deputado, na posição em que estava dentro do veículo, não tivesse sido atingido por um dos disparos efetuados. A PF concluiu que “não seria possível que um dos disparos que atingiram o veículo ocupado pelo Deputado pudesse ser realizado por alguém que estivesse embarcado em outro veículo agressor, ou seja, o atirador deveria necessariamente estar desembarcado”.