A política anapolina, a 50 km de Goiânia, está em polvorosa após graves denúncias contra o prefeito da cidade, Roberto Naves (Progressistas) e à mulher dele, a deputada eleita em outubro Vivian Naves (Progressistas). 

Depois de alcançar uma das 41 vagas na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), a primeira-dama de Anápolis, Vivian Naves (PP), tem sido alvo de uma denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), que quer entender melhor relatos de servidores e imagens que provavelmente comprovem uso da máquina pública para o resultado da eleição. 

Segundo a denúncia do MPE, remetida ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pelo qual um jornalista do Portal 6 teve acesso, comissionados das secretarias de Governo e Desenvolvimento Social relataram que o prefeito do município, Roberto Naves, foi conivente para que as estruturas das pastas fossem utilizadas em benefício da mulher.

Segundo a denúncia, os servidores das duas pastas citadas disseram que foram ameaçados. Eles afirmaram que eram obrigados a distribuir material de campanha de Vivian Naves. Caso negassem, seriam demitidos dos respectivos cargos. Além dos relatos, eles enviaram mensagens de WhatsApp, gravações e uma escala de trabalho. O trabalho “extra”, segundo os denunciantes, não era remunerado, senão pelos proventos que recebiam da Prefeitura de Anápolis.

Em entrevista ao Mais Goiás, o casal negou irregularidades e atribuiu a denúncia à perseguição da oposição que estaria preocupada com a ascensão do poderio do casal. Ano passado, o jornal O Hoje publicou reportagem em que foram retratados distribuição de cestas básicas e outros benefícios durante o período eleitoral. 

As denúncias também se concentram na 4° edição do Arraiana, propagandeado pela própria prefeitura como o “maior evento de solidariedade de Goiás”. Na ocasião, pelo menos 60 mil pessoas foram ao Estádio Jonas Duarte durante cinco dias de agosto, no período pré-eleitoral. 

O evento à época obteve 200 toneladas de alimentos, que se tornaram em cestas básicas distribuídas pela equipe da prefeitura. Não raramente Vivian era vista junto às pessoas que se cadastraram nos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Além de pessoas que também procuraram o órgão por meio de canais da internet e por telefone, entidades também receberam parte dessas doações. 

Vivian Naves, considerada uma primeira-dama ativa na rotina político-administrativa da gestão do marido Roberto Naves, conseguiu 38.574 votos, que a colocaram como a 12° mais bem votada no pleito do último outubro. 

O Ministério Público Eleitoral pede ao TRE a cassação do mandato de Vivian e também a inelegibilidade tanto de Vivian quanto de Roberto Naves por 8 anos. Naves está no segundo mandato. Em 2020 ele foi reeleito com  61,28% dos votos válidos. Foram 101.349 votos, desbancando o 2° colocado, o ex-prefeito e atual deputado Antônio Gomide (PT). No primeiro turno, enfrentou oito outros candidatos. 

Agora, como se estivesse às escuras, tateia em busca de algum sentido para entender de onde vieram as denúncias que podem colocar em xeque a continuidade da influência que conseguiu nos últimos seis anos, resultando com a eleição da mulher para uma vaga no legislativo goiano.