Início das obras no Terminal Praça da Bíblia deixa passageiros preocupados
Passageiros passam a embarcar nos ônibus pela porta dianteira e estrutura improvisada do terminal traz insegurança
Quem depende do transporte público em Goiânia já deve ter notado a implantação da Nova RMTC, e mesmo que não saiba do que se trata, sente na pele cada paralisação e interferência que as novidades causam. O próximo terminal a ser reformado é o Terminal da Praça da Bíblia, e as obras serão iniciadas neste sábado (21). Enquanto isso, o Terminal Jardim Novo Mundo segue em reforma há meses, com previsão de entrega até dezembro deste ano.
Esse projeto que implementa reformas em toda a infraestrutura do transporte público da Capital foi anunciado em janeiro deste ano. O valor investido na reforma é de R$ 1,6 bilhão, e a proposta é que, no total, 1,2 mil veículos sejam substituídos por novos, toda a frota do Eixo Anhanguera seja eletrificada até o fim de 2024, e que 6.940 pontos de ônibus sejam recuperados. Isso tudo será implementado sem a alteração do preço da passagem, mantido em R$ 4,30 desde 2019, afirmou a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivo (CMTC).
A reforma do Terminal da Praça da Bíblia deverá ser entregue em até um ano (12 meses), e enquanto isso, uma estrutura improvisada foi construída para quem passa pelo terminal. Nela haverão profissionais uniformizados habilitados para orientar a população, além de mapas com orientação dos locais de parada das linhas, placas e totens de informação nos locais de parada dos ônibus e em seus arredores. A CMTC afirma que, devido à complexidade da operação, “é provável que ajustes sejam necessários no decorrer dos primeiros dias de operação”.
A nova estrutura está localizada bem próximo ao Terminal da Praça da Bíblia, e a partir de então, uma das principais mudanças será o embarque nos ônibus, sendo agora realizado pela porta dianteira, com validação da viagem dentro do próprio ônibus. Este modelo já é adotado em outros terminais da RMTC, principalmente os terminais que integram o circuito do BRT.
Outra mudança afeta quem precisa utilizar os ônibus do Eixo Anhanguera. Agora, existem duas opções: o deslocamento até a Estação Vila Bandeirantes (uma caminhada de aproximadamente 400 metros) e a outra, que é utilizar uma linha direta gratuita, que será criada especialmente para transporte dos usuários com destino a Estação Universitária.
Passageiros reclamam
Estudantes de toda a região metropolitana de Goiânia, que utilizam o Passe Livre Estudantil, serão afetados com a estrutura improvisada do terminal. Isso porque são oferecidas duas passagens por dia para os usuários do benefício, e quem precisa fazer integração entre ônibus, provavelmente precisará tirar do bolso as passagens extras, por no mínimo um ano. O estudante Luan Henrique Alves, que estuda Jornalismo na Universidade Federal de Goiás (UFG), é um deles.
Luan conta que o impacto financeiro que a nova estrutura trará é grave: “Apesar do benefício do passe livre, e levando em consideração a rotina da faculdade, seriam necessários alguns gastos a mais que poderiam ser investidos em outros fatores”, afirmou ele, que normalmente faz duas viagens por dia, mas que o número pode aumentar de três a cinco viagens se ele trabalhar como freelancer.
Algo parecido pode ocorrer com outro estudante da UFG, Fernando Henrique Dias: “Isso vai gerar gastos extras com passagens nas últimas semanas do mês, e em um ano de obras, vai ser um gasto considerável”, afirmou ele. Ele usa duas passagens e pega quatro ônibus por dia no total, de segunda a sexta-feira. Quem usa os cartões de embarque convencionais, poderá optar pelo Bilhete Único, que garante até quatro integrações durante 2h30.
O motorista de ônibus Nilton, que trabalha há 28 anos no transporte público, conta que a reforma do terminal é necessária, mas trará transtornos. “Iremos sofrer um grande impacto na questão do trânsito ao redor do terminal, pois os embarques e desembarques de passageiros serão feitos do lado de fora do terminal, em abrigos que foram improvisados pela RMTC”, iniciou o motorista.
Outra questão é o fluxo de pessoas que precisam do transporte público: “Os cuidados dos motoristas tanto dos ônibus, quanto dos outros veículos que trafegam nesse local, tem que ser redobrado. Ele destacou que o período de chuvas está próximo, previsto para o início de outubro na capital goiana: “Estamos próximos do período chuvoso, que causará mais transtornos ainda, pois os abrigos não comportam a demanda de usuários do terminal. No final, a gente espera que os usuários fiquem satisfeitos com o novo Terminal da Praça da Bíblia”, conclui Nilton.
15% da reestruturação do transporte coletivo foi feita
A reestruturação teve início no final de janeiro deste ano, e com um sete meses de trabalho, já foram construídos ou revitalizados mais de 300 pontos de parada do transporte coletivo, em Goiânia e Região Metropolitana. O projeto indica que serão construídos 51 novos abrigos para atender a demanda dos usuários, com padrão moderno e sustentável. No total, cerca de 7 mil abrigos vão receber melhorias e, pela primeira vez, terão investimentos permanentes para recuperação e conservação.
O objetivo do projeto são as reformas de 19 estações do Eixo Anhanguera e de terminais; troca de cerca de 7 mil pontos de ônibus; e renovação de frota, com quase 1,2 mil veículos. Em agosto deste ano, o governo entregou 60 ônibus do transporte coletivo. Dez deles são elétricos, e os outros 50 atendem a padrões nacionais e internacionais para operação de transporte e também de sustentabilidade, de acordo com a Agência Cora de Notícias.
Já o BRT Norte-Sul, inaugurado em neste mês, cruza Goiânia de ponta a ponta, com início no Terminal Veiga Jardim, em Aparecida, passando pelos terminais Cruzeiro, Correios, Isidória, Paulo Garcia, Hailé Pinheiro e Recanto do Bosque, assim como até o Parque Atheneu. No centro da capital, faz intersecção com o Eixo Anhanguera.
A revitalização das plataformas do Eixo Anhanguera já entregou três obras: a Hemocentro, a Lago das Rosas e a Universitária. Outras três estações passam por reforma: Jóquei Clube, Campinas e Rua 20. Em breve, terá início a obra da estação Palmito. O projeto aplicado nas estações integra o modelo do BRT, com arquitetura, design e acabamento em conformidade para receber os ônibus elétricos que transitarão pelo BRT. Foram investidos cerca de R$2,75 milhões em cada uma das estações.