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domingo, 1 de dezembro de 2024
Saúde Publica

Saiba quem eram os pacientes que morreram em espera de UTI em Goiânia

Três pacientes morreram em Goiânia enquanto aguardavam vagas em UTIs públicas

Postado em 25 de novembro de 2024 por Micael Silva
Falta de leitos de UTI provoca mortes em Goiânia Foto: Reprodução/Redes sociais
Falta de leitos de UTI provoca mortes em Goiânia Foto: Reprodução/Redes sociais

Severino Ramos Vasconcelos Santos, de 63 anos, morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Itaipu. Ele sofreu uma queda que resultou na fratura do fêmur. Durante a internação, o quadro clínico evoluiu para anemia profunda, broncopneumonia, embolia pulmonar e insuficiências respiratórias. Ele esteve cinco dias internado na UPA.

A Justiça determinou, um dia antes da morte de Severino, que ele fosse transferido para uma UTI em até quatro horas. A decisão prévia foi transferida para um hospital privado, caso não houvesse vaga na rede pública, com custos cobertos pelo SUS. Apesar disso, a determinação judicial não foi cumprida.

A família de Severino recorreu ao Ministério Público para acelerar a transferência. Lúcia Cleide Leão, prima do aposentado, desabafou: “A gente fez a denúncia. Foi tudo uma burocracia. Passaram as quatro horas, não liberaram. Ele acabou morrendo às 7h15 da manhã”.

Leia mais: Idoso morre em Goiânia enquanto aguardava vaga de UTI determinada pela Justiça

Katiane de Araújo Silva, de 36 anos, também morreu enquanto esperava por atendimento. Ela estava internada no Cais Cândida de Morais desde 19 de novembro. A vendedora autônoma apresentou queda nas placas e precisou de uma UTI, mas não houve vaga disponível.

A sobrinha de Katiane, Marina Araújo, relatou que uma paciente precisava de uma ambulância especial para ser necessária. “Disseram que não havia ambulância porque ela já estava entubada”, conto. Katiane morreu na madrugada de sexta-feira (22), vítima de dengue hemorrágica.

Janaína de Jesus, de 29 anos, foi outra vítima da falta de leitos em Goiânia. Ela morreu após passar três dias na UPA do Jardim Itaipu. A família buscou ajuda no Ministério Público no momento de sua morte.

Yasmin de Jesus, irmã de Janaína, afirmou: “Eu estava no MP tentando uma vaga de qualquer jeito. Não deu tempo. É doido saber que tinha vaga no particular”.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) alegou que a morte de Katiane foi causada por dengue hemorrágica e que não houve falta de assistência. Em relação a Severino, a Secretaria Estadual de Saúde informou que ele estava sob os cuidados da SMS de Goiânia, que buscava vagas na rede SUS, incluindo hospitais estaduais.

As famílias das três vítimas questionaram a ineficiência do sistema público de saúde. Todos recorreram à Justiça e ao Ministério Público, mas não conseguiram as vagas de UTI a tempo.

O caso de Severino, Katiane e Janaína reflete os desafios enfrentados pelos pacientes em busca de atendimento em Goiânia. Enquanto aguardavam por leitos, suas condições clínicas se agravaram, levando ao desfecho trágico.

Caso do Severino Santos – Nota da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) na íntegra:

A Secretaria de Estado da Saúde informa que o paciente Severino Ramos possuía uma necessidade relativa à fratura ortopédica fechada, estava em unidade de saúde da capital, e a principal busca ocorre pela SMS Goiânia nas unidades de sua rede SUS, com perfil para o caso e especialidade, como o Hospital das Clínicas. Ao mesmo tempo em que busca em sua rede, a central de Goiânia inseriu o pedido para a SES como ampliação dessa busca, também para as unidades sob gestão do Estado.
Os dados mostrados no pedido definem um momento pontual do mapa de leitos estadual.

O HGG é uma unidade de atendimento prioritariamente eletivo para procedimentos ortopédicos (eletivos são os casos menos urgentes em que paciente pode passar por consulta, exames e programar cirurgia). O HDT é uma unidade com pronto-socorro e perfil para doenças infectocontagiosas. Sobre o HUGOL, habitualmente a regulação não envia diretamente para o leito de UTI, considerando que sempre há no próprio pronto-socorro da unidade pacientes em atendimento com quadros graves e gravíssimos e que aguardam internamente a vaga do leito para serem internados.

A SES ressalta que é importante avaliar todo o contexto envolvido no processo demanda/oferta e não apenas um momento isolado no mapa de leitos. A secretaria prioriza todos os pacientes graves e o sistema de saúde possui uma capacidade assistencial e operacional onde todos os entes (federal, estadual e municipal) devem atuar em conjunto na oferta de serviços em saúde da melhor forma na gestão e integração de esforços para prover as necessidades dos pacientes.

O mapa de leitos é um instrumento da rede assistencial SUS da SES-GO, que proporciona a toda população a transparência de informações sobre onde há unidades de saúde estaduais, quantos leitos possui e como está sua ocupação no momento da consulta ao site.
Quanto à ocupação dos leitos, o sistema base de dados de gestão hospitalar reflete no site automaticamente quando há movimentação dos leitos por alta, ocupação, bloqueio (em casos de assepsia ou isolamento) e reserva (quando a vaga é cedida e o leito é preparado para receber o paciente que tem até 24 horas pra chegar, conforme condições de transporte e distância). Assim, o mapa de leitos reflete sempre a situação naquele momento das vagas, o que é dinâmico e sofre alterações constantemente.

Caso da Katiane Silva – Nota da Secretaria Municipal de Saúde na íntegra:

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que a paciente Katiane de Araújo da Silva faleceu em decorrência de complicações de dengue grave, conhecida anteriormente como dengue hemorrágica. Não houve falta de assistência, os protocolos para tratamento de dengue, seja simples ou grave, são os mesmos adotados em um Cais ou em um hospital.

Na sala vermelha, onde a paciente foi mantida, ela recebeu todos os recursos que necessitava e que teria em uma UTI. A secretaria se solidariza com os familiares e se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos.

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