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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Política e Economia

Incapacidade política de Lula afasta investidores estrangeiros    

“A percepção de instabilidade política e mudanças frequentes nas regras econômicas criam incertezas que afastam o investidor estrangeiro”, diz docente de economia     

Postado em 13 de janeiro de 2025 por Raunner Vinicius Soares
Lula: “Escapei de aloprados que achavam que não deviam deixar a presidência”
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A incapacidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de resolver problemas estruturais influencia a fuga de investidores estrangeiros, afirma a professora de economia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Adriana Pereira. De acordo com os dados da Bolsa de Valores do Brasil (B3), em 2024, os estrangeiros retiraram R$ 32,1 bilhões. Esta saída de recursos é a maior desde 2016, quando o Brasil passou por uma grave retração da economia. Só neste ano, nas três primeiras sessões, os estrangeiros retiraram R$ 3 bilhões. Fatores políticos internos e externos induzem o fenômeno.  

Mesmo que distante em questão de números, do período de 2016 para agora, problemas internos têm chamado atenção da docente em economia, tendo em vista que “a questão do déficit fiscal e a lentidão em resolver essa questão gera insegurança quanto ao desempenho econômico do país e isso afasta os investidores que irão buscar mercados mais seguros ou mais promissores”, explica Adriane.    

Para compreender o marco insuperável que foi o período comparado, segundo os dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) despencou 3,8% e, em 2016, 3,6%. A instituição nunca tinha registrado duas quedas seguidas desde quando começou a fazer o cálculo, em 1948. Foi a maior recessão da história do Brasil. Ainda que distante desse cenário, Adriana Pereira aponta que “a fuga de dólares e o menor apetite de investidores internacionais pelo Brasil pode ser explicado tanto por fatores conjunturais quanto por questões estruturais.” Ademais, “a percepção de instabilidade política e mudanças frequentes nas regras econômicas criam incertezas que afastam o investidor estrangeiro.”   

“Do ponto de vista interno, a busca pelo equilíbrio das contas públicas, a estabilidade política e a implantação de condições favoráveis para os investimentos devem ser o objetivo para atrair os investidores internacionais e também incentivar os investidores nacionais a investirem na produção interna. Apesar das dificuldades, o Brasil ainda é atraente em setores como: energia renovável, agroindústria e infraestrutura. A matriz energética brasileira, com forte presença de hidrelétricas, eólica e solar, chama a atenção de investidores verdes. O agronegócio segue como um dos pilares da economia, com alta competitividade internacional. O déficit em infraestrutura cria oportunidades para investimentos estrangeiros”, interpreta a professora da UEG.   

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Além disso, a professora do curso de economia explica que “a dependência econômica de commodities, base da nossa exportação, apesar de favorecer a entrada de dólares na economia, refere-se a produtos sem valor agregado e deixa o país vulnerável a alterações de preços internacionais. E apesar de ter apresentado um crescimento do PIB acima do esperado para 2024, o movimento inflacionário gera insegurança, forçando o governo a implementar políticas restritivas como a alta dos juros (Selic), que impactam negativamente o mercado.”   

Mas a docente leva em consideração outros fatores, observando que uma realidade econômica não é formada apenas por questões internas. Fatores internacionais influenciam a economia brasileira.   

Em resumo   

“O atual cenário reflete uma combinação de fatores conjunturais e estruturais e dentre os principais estão a alta dos juros nos EUA e dólar forte, as incertezas globais (guerra na Ucrânia, desaceleração da China). Percepção de aumento no risco fiscal e desconfiança em relação à disciplina fiscal do governo. Inflação sob controle, mas esse controle tem como resultado medidas restritivas que reduzem a capacidade de crescimento econômico”, informa Adriana Pereira.   

A docente em economia aponta que é preciso observar o mercado e os acontecimentos tanto internos quanto relativos ao mercado internacional para tomar as decisões de política econômica que garantam o equilíbrio e o crescimento da economia brasileira, gerando segurança para os investidores e assim reverter a situação.  

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