Reforma ministerial de Lula pode prejudicar Caiado
Aproximação do Centrão com o petista pode frustrar planos do governador de Goiás em obter apoio dos partidos em 2026
A reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se tornou um dos principais temas discutidos nos corredores de Brasília, especialmente na Esplanada dos Ministérios. Os efeitos das possíveis mudanças ministeriais incluem uma interferência na disputa pela Presidência da República de 2026, o que pode atrapalhar os planos do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que planeja disputar o Palácio do Planalto.
Ministro da Casa Civil, Rui Costa afirmou na última semana que algumas mudanças podem acontecer ainda este mês. “Teremos uma reunião ministerial em 21 [de janeiro] e eventualmente alterações, se o presidente assim decidir, podem ser feitas antes dessa reunião”, disse. As alterações seriam feitas para que os novos ministros tenham “mais tempo para trabalhar”. Segundo Rui Costa, o governo está entrando em uma nova fase da gestão. “É como se estivesse terminando o 1º tempo e estivéssemos entrando no 2º tempo”, explicou em entrevista à GloboNews.
Os rumores de mudanças no corpo ministerial do governo acenderam na reta final do último ano. A expectativa é que tais mudanças resultem em mais cargos para os partidos do Centrão, atrapalhando a viabilidade da candidatura de Caiado. O governador conta com o apoio do União Brasil para ser o nome do partido na disputa pelo Planalto. Porém, visando dar musculatura ao seu projeto político, é natural que Caiado busque apoio de demais partidos, sobretudo as legendas à direita e centro-direita.
Atualmente com três ministérios, o União Brasil também pode aumentar sua representatividade no governo. A sigla é dividida entre a ala pró-governo e aqueles mais à direita. Caso aconteça uma aproximação de Lula com a alta cúpula do partido, o movimento pode desidratar o movimento de Caiado.
Principal representante do Centrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é um dos entusiastas para que os partidos ao centro ganhem maior relevância junto ao Executivo. A reforma administrativa é vista como essencial para equilibrar as forças das legendas, de acordo com a representatividade no legislativo.
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Um dos expoentes do centrão, o PSD pode alçar mais cargos ministeriais. A legenda chefiada por Gilberto Kassab comanda, atualmente, o ministério de Minas e Energia, com Alexandre Silveira; Pesca e Aquicultura, com André de Paula; e Agricultura e Pecuária, com Carlos Fávaro. O principal peessedista cotado a assumir um novo cargo por indicação de Lula é o atual presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Pacheco é próximo de Lula, e o petista deseja que o senador dispute o governo de Minas Gerais em 2026. Torná-lo ministro é uma estratégia de deixá-lo em evidência nos últimos dois anos de mandato, já que sua gestão enquanto presidente do Congresso acaba em fevereiro de 2025.
Além disso, outras siglas – como MDB, PP e Republicanos – buscam maior protagonismo. Os partidos, somados, possuem cinco cadeiras ministeriais. O PT, por exemplo, soma 13 ministérios. A representatividade petista incomoda alguns líderes do centrão, pois o partido além de ficar atrás de outras siglas em número de deputados e senadores, ocupa os principais ministérios da Esplanada – como o da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad.
Em seu projeto olhando para o Palácio do Planalto, Caiado já possui a disputa por espaço no campo direitista. O governador viu sua relação estremecer com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um apoio do ex-chefe do Executivo ao governador é, nos dias atuais, visto como improvável.
Na equação, resta os partidos de centro-direita para o governador. Porém, além da disputa com o possível candidato apoiado por Bolsonaro – o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparece como nome mais provável -, Caiado terá a concorrência de Lula, que com a máquina pública federal nas mãos, possui maior poder de barganha que o governador de Goiás. (Especial para O Hoje)