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Economia global

China leva tarifas dos EUA à ONU e acusa Trump de “pressão extrema” 

Escalada tarifária acende alerta e representa desafio significativo para a economia global. Potenciais efeitos nos demais países são esperados

Felipe Cardosopor Felipe Cardoso em 17 de abril de 2025
Trump foto Divulgação
Trump foto Divulgação

Depois de novo aumento das taxas impostas pelos Estados Unidos aos produtos chineses, o país asiático convocou, na última quarta-feira, 16, uma reunião no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo é tentar estabelecer um freio às investidas do governo americano, encabeçado por Donald Trump, que, economicamente, tem gerado insegurança não apenas à China, mas à economia de diversos outros países. 

A China alegou, ao convocar a reunião, que o governo Trump tenta “lançar uma sombra sobre os esforços globais pela paz e pelo desenvolvimento”. Em outro trecho da carta enviada aos países membros da ONU o país considera que “todos, particularmente os países em desenvolvimento, são vítimas de unilateralismo e práticas de bullying”. Segundo os asiáticos, Donald Trump tem usado as tarifas como arma de “extrema pressão”. “Os EUA violaram gravemente as regras do comércio internacional e provocaram choques e turbulências severos na economia mundial e no sistema de comércio multilateral”, considera. =

Em um movimento que reacendeu as tensões comerciais globais, os Estados Unidos anunciaram um aumento significativo nas tarifas sobre produtos chineses, chegando a 245% e afetando setores estratégicos como veículos elétricos, baterias, aço e minerais críticos. A medida, que eleva as tarifas sobre veículos elétricos de 25% para 100% e dobra as taxas sobre semicondutores para 50% até 2025, visa pressionar a China a eliminar práticas comerciais consideradas desleais, como subsídios à produção e transferência forçada de tecnologia .    

A China vinha respondendo às investidas americanas com aumentos das suas próprias tarifas, que chegaram a 125%. Especialistas alertam que essa escalada tarifária pode desencadear uma crise no comércio internacional, com impactos negativos sobre o crescimento econômico global. O Fundo Monetário Internacional já revisou para baixo as previsões de crescimento econômico global, e há preocupações de que os EUA possam entrar em uma recessão, com a possibilidade de estagflação como cenário mais otimista.

Para além dos envolvidos

No Brasil, as consequências já são sentidas. A indústria siderúrgica, por exemplo, teme uma “inundação” de aço chinês no mercado brasileiro, caso os EUA restrinjam as importações do produto. O CEO da ArcelorMittal no Brasil, Jefferson De Paula, alertou que essa sobreoferta pode afetar diretamente as empresas brasileiras, levando a cortes de investimentos e prejudicando a competitividade da indústria nacional .  

Além disso, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) reportou uma queda de 8% no faturamento do setor em 2024, enquanto as importações cresceram 10%, com um aumento de 33% nas importações de produtos chineses. Esse cenário pode pressionar a inflação e forçar o Comitê de Política Monetária (Copom) a adotar uma postura mais rigorosa em relação aos juros .  

Leia mais: Trump eleva tarifas sobre a China novamente, chegando a 145%

Diante desse contexto, o governo brasileiro e representantes da indústria têm buscado diálogo com os EUA para evitar que o país seja afetado pelas novas tarifas. A Embaixada do Brasil em Washington e membros da indústria brasileira do aço têm trabalhado intensamente para dissuadir o governo americano de aumentar as taxas sobre o aço ou deixar o Brasil de fora da medida .  

A escalada tarifária entre EUA e China representa um desafio significativo para a economia global, com potenciais efeitos adversos para países em desenvolvimento como o Brasil. A situação exige uma resposta coordenada e estratégica para mitigar os impactos e preservar a estabilidade econômica.

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