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terça-feira, 17 de junho de 2025
Eleições

⁠Lula perde força e direita avança no jogo pré-eleitoral

Pesquisa eleitoral mostra que governo Lula precisará encontrar saídas políticas e administrativas que reconquistem a confiança do eleitorado

Felipe Cardosopor Felipe Cardoso em 23 de abril de 2025
Lula foto Marcelo Camargo ABr
Lula foto Marcelo Camargo ABr

Uma nova pesquisa de intenção de voto, divulgada nesta terça-feira (22) pelo instituto Paraná Pesquisas e repercutida pelo portal Poder360, acendeu um alerta no Palácio do Planalto e nos bastidores do Partido dos Trabalhadores. O levantamento revela um cenário eleitoral de 2026 que, embora ainda distante no calendário, já delineia tendências significativas no humor do eleitorado brasileiro: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece em desvantagem em cenários de segundo turno contra figuras estratégicas da direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Segundo os dados da pesquisa, Jair Bolsonaro lidera em uma eventual disputa direta com Lula, com 45,1% das intenções de voto contra 40,2% do atual presidente. Trata-se de uma diferença que, embora esteja dentro da margem de erro, demonstra um favoritismo consolidado do ex-presidente, que ainda mantém uma base fiel e numerosa de apoiadores. Em outro cenário, Michelle Bolsonaro, que não possui histórico de disputa direta por cargos eletivos, também supera Lula: ela aparece com 42,9%, enquanto o petista registra 40,5%. Já no embate com Tarcísio de Freitas, os números apontam para um empate técnico, com Lula somando 41,1% e o governador paulista, 40,8%.

Os resultados causam impacto não apenas pelos números absolutos, mas pelo simbolismo político que carregam. A direita brasileira mostra que não apenas sobreviveu à derrota nas eleições de 2022, como se rearticula de maneira estratégica e eficaz. Enquanto Bolsonaro segue como a principal liderança do campo conservador, nomes como Michelle Bolsonaro e Tarcísio despontam como alternativas viáveis, capazes de conquistar parcelas do eleitorado que buscam renovação e estabilidade ideológica no espectro político à direita.

Para o presidente Lula, o levantamento indica um desgaste considerável de sua popularidade, algo que vai além da natural erosão enfrentada por qualquer governo em exercício. No Paraná, por exemplo, a desaprovação ao seu governo atinge 69% da população, segundo o mesmo instituto. Embora esse número seja fortemente influenciado por fatores regionais — o estado é tradicionalmente mais alinhado com pautas conservadoras —, ele não pode ser ignorado, pois sinaliza uma percepção negativa que pode se expandir para outras regiões do país.

Leia mais: Lula muda estratégia e passa a se movimentar como candidato à reeleição

Do ponto de vista político, os dados refletem um enfraquecimento gradual da liderança de Lula diante de um campo adversário em ebulição. A direita, que por vezes pareceu desorganizada após a saída de Bolsonaro do Planalto, agora exibe uma recomposição com rostos novos e discursos afinados com o sentimento de parte expressiva da sociedade. A presença de Michelle Bolsonaro como possível candidata mostra que o bolsonarismo estuda alternativas capazes de manter sua identidade, mas com nova roupagem. Já Tarcísio representa a aposta em uma imagem mais técnica e menos polarizadora, buscando dialogar com setores moderados.

O PT, por sua vez, terá o desafio de manter a coesão de sua base, recuperar prestígio junto aos eleitores de centro e evitar uma nova onda de rejeição antipetista. Com a proximidade do ciclo eleitoral de 2026, o governo Lula precisará encontrar saídas políticas e administrativas que reconquistem a confiança do eleitorado, principalmente nas regiões onde vem perdendo força. Caso contrário, corre o risco de repetir o cenário de 2018, quando a direita emergiu com força suficiente para romper o ciclo petista no poder.

Assim, o cenário traçado pela Paraná Pesquisas não deve ser interpretado como uma previsão definitiva para 2026, mas sim como um importante termômetro do momento político. Ele mostra que a disputa presidencial já começou, ao menos nos bastidores, e que Lula, embora ainda seja uma figura de forte capital político, terá que enfrentar uma oposição cada vez mais articulada e competitiva.

 

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