Lula perde força e direita avança no jogo pré-eleitoral
Pesquisa eleitoral mostra que governo Lula precisará encontrar saídas políticas e administrativas que reconquistem a confiança do eleitorado

Uma nova pesquisa de intenção de voto, divulgada nesta terça-feira (22) pelo instituto Paraná Pesquisas e repercutida pelo portal Poder360, acendeu um alerta no Palácio do Planalto e nos bastidores do Partido dos Trabalhadores. O levantamento revela um cenário eleitoral de 2026 que, embora ainda distante no calendário, já delineia tendências significativas no humor do eleitorado brasileiro: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece em desvantagem em cenários de segundo turno contra figuras estratégicas da direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Segundo os dados da pesquisa, Jair Bolsonaro lidera em uma eventual disputa direta com Lula, com 45,1% das intenções de voto contra 40,2% do atual presidente. Trata-se de uma diferença que, embora esteja dentro da margem de erro, demonstra um favoritismo consolidado do ex-presidente, que ainda mantém uma base fiel e numerosa de apoiadores. Em outro cenário, Michelle Bolsonaro, que não possui histórico de disputa direta por cargos eletivos, também supera Lula: ela aparece com 42,9%, enquanto o petista registra 40,5%. Já no embate com Tarcísio de Freitas, os números apontam para um empate técnico, com Lula somando 41,1% e o governador paulista, 40,8%.
Os resultados causam impacto não apenas pelos números absolutos, mas pelo simbolismo político que carregam. A direita brasileira mostra que não apenas sobreviveu à derrota nas eleições de 2022, como se rearticula de maneira estratégica e eficaz. Enquanto Bolsonaro segue como a principal liderança do campo conservador, nomes como Michelle Bolsonaro e Tarcísio despontam como alternativas viáveis, capazes de conquistar parcelas do eleitorado que buscam renovação e estabilidade ideológica no espectro político à direita.
Para o presidente Lula, o levantamento indica um desgaste considerável de sua popularidade, algo que vai além da natural erosão enfrentada por qualquer governo em exercício. No Paraná, por exemplo, a desaprovação ao seu governo atinge 69% da população, segundo o mesmo instituto. Embora esse número seja fortemente influenciado por fatores regionais — o estado é tradicionalmente mais alinhado com pautas conservadoras —, ele não pode ser ignorado, pois sinaliza uma percepção negativa que pode se expandir para outras regiões do país.
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Do ponto de vista político, os dados refletem um enfraquecimento gradual da liderança de Lula diante de um campo adversário em ebulição. A direita, que por vezes pareceu desorganizada após a saída de Bolsonaro do Planalto, agora exibe uma recomposição com rostos novos e discursos afinados com o sentimento de parte expressiva da sociedade. A presença de Michelle Bolsonaro como possível candidata mostra que o bolsonarismo estuda alternativas capazes de manter sua identidade, mas com nova roupagem. Já Tarcísio representa a aposta em uma imagem mais técnica e menos polarizadora, buscando dialogar com setores moderados.
O PT, por sua vez, terá o desafio de manter a coesão de sua base, recuperar prestígio junto aos eleitores de centro e evitar uma nova onda de rejeição antipetista. Com a proximidade do ciclo eleitoral de 2026, o governo Lula precisará encontrar saídas políticas e administrativas que reconquistem a confiança do eleitorado, principalmente nas regiões onde vem perdendo força. Caso contrário, corre o risco de repetir o cenário de 2018, quando a direita emergiu com força suficiente para romper o ciclo petista no poder.
Assim, o cenário traçado pela Paraná Pesquisas não deve ser interpretado como uma previsão definitiva para 2026, mas sim como um importante termômetro do momento político. Ele mostra que a disputa presidencial já começou, ao menos nos bastidores, e que Lula, embora ainda seja uma figura de forte capital político, terá que enfrentar uma oposição cada vez mais articulada e competitiva.