Federação União Brasil/PP pode desembarcar do Governo Lula
Tendência é que o bloco expoente do Centrão forme a própria liderança olhando para 2026

O mais novo expoente do Centrão promete recalcular as rotas das negociações visando o pleito eleitoral de 2026. A federação União Progressista — que uniu dois dos maiores partidos do país, o União Brasil e o Progressistas (PP) — ao que tudo indica surgiu com o viés de ser oposição ao atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo ocupando quatro ministérios na Esplanada (três com o União e um com o PP), e deve protagonizar a disputa pela presidência da República.
Não é segredo que Lula tem encontrado dificuldades em negociar o apoio majoritário das legendas do centro. O União Brasil, que permanece na base petista, é dividido em duas alas: uma pró-governo aliança com o governo e uma contra. Enquanto isso, o PP é, entre as principais siglas do Centrão, a que mais se destaca enquanto oposição. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente da sigla, tem criticado intensamente a gestão petista de forma recorrente.
Com o anúncio da federação e a baixa popularidade do governo Lula, os rumores são que o grupo deve desembarcar de vez do palanque petista. A aliança, que reúne a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 109 deputados; a maior no Senado Federal, com 14 senadores; e o maior número de governadores (6), prefeitos (1.330) e vereadores (12.443), nasce como a maior força política do país.
São essas credenciais que indicam o papel que a aliança irá protagonizar na disputa eleitoral de 2026. No manifesto que foi às redes sociais, a agremiação não poupou críticas ao governo. “A economia patina, e com ela o bem-estar dos brasileiros”, disse o grupo, ao tempo em que pregava responsabilidade fiscal, reforma administrativa e o Estado como instrumento desenvolvimentista através do capital privado.
Leia mais: Após deixar UTI, Bolsonaro apresenta melhora clínica
Com todo esse poder de barganha disponível para as eleições do próximo ano, a federação dá sinais que não seguirá na base de Lula. A aliança terá direito ao maior tempo de televisão e a maior parcela do fundo eleitoral, ou seja, todo aparato possível para construir candidaturas competitivas. Com isso, a pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), ganha força.
Caiado foi o primeiro dos presidenciáveis a lançar seu projeto político oficialmente e já caminha pelo país em busca de apoio. Na cruzada rumo ao Palácio do Planalto, o governador trabalha mirando os dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto, já que dessa forma, seu respaldo na mesa de negociações alcança outro patamar.
As lideranças do Centrão já deixaram claro: a principal candidatura de centro-direita deve aglutinar o apoio das legendas. Nesse contexto, com uma federação robusta como essa e seu nome disponível, Caiado pode, enfim, entrar de vez nos principais cotados para representar a direita — órfã desde a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Vale ressaltar que, como já mostrado anteriormente pela reportagem do O Hoje, o presidente Lula tem trabalhado sua reaproximação com os partidos de centro, e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-BA), tem sido a porta de entrada das tratativas. A política nacional é dinâmica, e dificilmente a cúpula do Planalto irá abrir mão do apoio do Centrão facilmente. (Especial para O Hoje)