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DEU RUIM...

PL demite ex-ministro de Bolsonaro após vazamento de críticas a Michelle

Conversas privadas entre Fábio Wajngarten e Mauro Cid geram desconforto no partido e expõem racha no núcleo bolsonarista

Thais Airespor Thais Aires em 21 de maio de 2025
Bolsonaro
Fabio Wajngarten e Jair Bolsonaro — Foto: Brenno Carvalho

Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL), foi demitido da equipe de comunicação do Partido Liberal após a divulgação de mensagens em que criticava a possível candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro à Presidência da República. A decisão partiu do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, e foi informada a Wajngarten dias depois da revelação das conversas pelo portal UOL.

As mensagens, trocadas entre Wajngarten e o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, foram extraídas pela Polícia Federal do celular de Cid durante investigações em andamento. Os arquivos incluem mais de 77 gigabytes de dados, contendo 158 mil conversas e cerca de 20 mil arquivos, segundo revelou o UOL. Em uma dessas trocas, datada de 27 de janeiro de 2023, os dois ironizam a hipótese de Michelle ser lançada como candidata ao Planalto, caso Bolsonaro fosse declarado inelegível — o que de fato ocorreu em junho daquele ano.

“Prefiro o Lula”, escreveu Cid ao comentar a matéria compartilhada por Wajngarten sobre os planos do partido. O ex-ministro respondeu com um lacônico “Idem”, seguido da pergunta: “Em que mundo o Valdemar está vivendo?”.

A remuneração de Wajngarten no PL girava em torno de R$ 100 mil mensais, valor que englobava também o pagamento de duas pessoas que atuavam com ele na comunicação da sigla. A colunista do g1 Andreia Sadi foi a primeira a noticiar a demissão. Internamente, a direção do partido classificou a postura do ex-ministro como “desleal”, considerando especialmente o contexto em que Michelle Bolsonaro vem ampliando sua atuação política e assumindo espaços estratégicos na legenda, principalmente à frente do PL Mulher.

Tensão interna cresce com exposição de bastidores

A revelação das mensagens provocou desconforto imediato entre lideranças do Partido Liberal. Dirigentes ouvidos pela imprensa avaliaram que os comentários públicos de Wajngarten e Cid expuseram fissuras no grupo político mais próximo de Bolsonaro. A avaliação é de que, além de abalar a imagem de Michelle junto à base conservadora e evangélica — onde ela tem ganhado destaque —, o episódio sinaliza disputas internas sobre os rumos do bolsonarismo após a inelegibilidade do ex-presidente.

Bolsonaro, em entrevista ao portal Metrópoles, procurou minimizar o caso. Embora tenha classificado a troca de mensagens como um “erro”, saiu em defesa da esposa. “Ela botava ordem na casa, e o pessoal não gostava. Mas isso não justifica essa troca de mensagens, ainda mais em janeiro de 2023, quando eu ainda estava elegível”, disse. Sobre Wajngarten e Cid, o ex-presidente afirmou: “Um falou besteira, o outro concordou”.

Michelle Bolsonaro, por sua vez, não se pronunciou publicamente sobre o caso até o momento. Nos bastidores, porém, aliados próximos à ex-primeira-dama teriam manifestado incômodo com o conteúdo das mensagens e defendido medidas para preservar sua imagem dentro do partido.

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O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, e o ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten. Foto: Reprodução

Projeção de Michelle Bolsonaro para 2026 entra em nova fase

Com a confirmação da inelegibilidade de Jair Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral, em decisão tomada em 2023, setores do PL começaram a trabalhar com a possibilidade de lançar Michelle como nome viável ao Planalto em 2026. A atuação dela à frente do núcleo feminino do partido e sua presença frequente em eventos com o eleitorado evangélico reforçaram essa estratégia.

A demissão de Fábio Wajngarten, vista por alguns como uma forma de “reorganizar o entorno” da ex-primeira-dama, reforça a tentativa da legenda de blindar Michelle e consolidar sua posição como liderança alternativa no campo conservador. O episódio também ocorre em um momento de reestruturação interna do PL, que busca evitar desgastes públicos e manter a coesão entre seus principais nomes.

Até o momento, o PL e nem Michelle Boslonaro se pronunciaram sobre o caso. A Polícia Federal, responsável pelas investigações que resultaram no acesso ao conteúdo do celular de Mauro Cid, também não se manifestou sobre o caso específico das mensagens entre ele e Wajngarten.

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