Irã suspende cooperação com AIEA e tensiona negociações nucleares
O Irã suspendeu oficialmente sua cooperação com a AIEA nesta quarta-feira, após ataques israelenses e americanos a suas instalações nucleares

O Irã suspendeu oficialmente sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na quarta-feira (2), em uma medida aprovada após ataques israelenses e americanos a suas instalações nucleares. A AIEA, agência da Organização das Nações Unidas (ONU), monitora a produção de energia nuclear para garantir que nenhum país produza armas atômicas.
No dia 25 de junho, um dia após o cessar-fogo que encerrou 12 dias de conflito com Israel, o Parlamento iraniano aprovou por ampla maioria um projeto de lei para suspender a cooperação com a agência. A legislação foi revista pelo Conselho dos Guardiões, órgão que supervisiona as leis no Irã, e sancionada pelo presidente Masoud Pezeshkian, entrando em vigor oficialmente na quarta.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã havia informado, na segunda (30), que não poderia manter a colaboração rotineira com a AIEA, alegando riscos à segurança dos inspetores. “Não é razoável esperar uma colaboração normal com a AIEA enquanto a segurança dos seus inspetores está em risco”, afirmou o porta-voz Esmaeil Baghaei.
No sábado (28), o diretor da AIEA, Rafael Grossi, declarou que os ataques causaram danos graves, mas “não totais” às instalações iranianas, contrariando afirmações do presidente dos EUA, Donald Trump. Grossi ressaltou que o Irã tem capacidade para retomar o enriquecimento de urânio em “questão de meses”.
A suspensão da cooperação com a AIEA provocou reação imediata dos Estados Unidos. Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado, classificou a decisão como “inaceitável”.
Essa decisão pode dificultar a retomada das negociações nucleares entre Teerã e Washington. Enquanto o presidente Trump declarou estar aberto ao diálogo, o Irã condiciona o retorno das conversas à garantia de que os Estados Unidos não realizarão novos ataques militares antes de qualquer reabertura diplomática.