Governo aumenta imposto sobre carros elétricos e Goiânia desponta como polo de mobilidade limpa
Mesmo com alta na tributação, capital goiana já ocupa 8º lugar no ranking nacional de veículos eletrificados e reflete expansão regional e nacional do setor

O mercado de veículos eletrificados entrou em uma nova fase no Brasil. O governo federal aumentou, nesta terça-feira (1º), os impostos sobre a importação de carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in. A decisão faz parte de um cronograma iniciado em janeiro de 2024 pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), com o objetivo de fortalecer a indústria nacional e reduzir a dependência de veículos importados.
A partir de agora, as novas alíquotas passam a ser: 25% para carros elétricos, 30% para híbridos e 28% para híbridos plug-in. Até então, os percentuais estavam em 18%, 25% e 20%, respectivamente. Este é o segundo aumento previsto no escalonamento, que deve continuar até julho de 2026, quando todos os modelos eletrificados pagarão 35% de imposto de importação. Apesar da alta, montadoras que operam no País ainda podem importar com isenção dentro de cotas anuais válidas até 2026.
Os dados mais recentes da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) mostram que os eletrificados representaram quase metade (49,8%) dos carros importados entre janeiro e maio de 2025. No total, foram emplacados 92.743 modelos eletrificados nesse período, refletindo o apetite do consumidor brasileiro por alternativas mais sustentáveis, mesmo com a tributação em alta.
Essa movimentação do governo responde, em parte, à pressão de montadoras com produção nacional, que alegam perda de competitividade frente às marcas estrangeiras que atuam somente com importação. Como resposta, gigantes do setor têm apostado em investimentos em fábricas no Brasil, como é o caso da BYD, GWM, Caoa Chery e Jac Motors, que já operam ou negociam instalações em Estados como São Paulo, Bahia e Goiás.
Capital goiana acelera transição para a mobilidade elétrica
Nesse cenário, Goiânia se consolida como uma das cidades que mais aderiram à mobilidade limpa no Brasil. Com 6.806 veículos eletrificados em circulação, a capital goiana ocupa a 8ª colocação no ranking nacional, à frente de cidades como Porto Alegre e Recife, segundo levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
No âmbito estadual, Goiás também figura na 8ª posição, com 14.896 emplacamentos registrados desde 2022 — o que representa cerca de 4% do total de 371 mil veículos eletrificados no Brasil, considerando os híbridos convencionais (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e os totalmente elétricos (BEV).
Além de Goiânia, o Centro-Oeste tem demonstrado crescimento expressivo no setor, respondendo por 14,8% das vendas nacionais. Brasília é o segundo maior mercado consumidor, com quase 30 mil unidades registradas. A combinação entre economia de combustível, incentivos pontuais, inovação tecnológica e maior consciência ambiental tem impulsionado essa transformação urbana na região.
Na capital goiana, o avanço do setor está ligado, principalmente, ao mercado de locação para motoristas de aplicativo. De acordo com João Gama, diretor de operações de uma locadora que atua em Goiânia e Brasília, 30% da frota elétrica é usada por esses profissionais, enquanto 70% dos veículos são alugados por clientes pessoa física ou empresas.
“É uma demanda que vem crescendo intensamente nos últimos anos, com o consumidor buscando economia e, ao mesmo tempo, o uso mais ecológico do seu carro particular. Só entre 2023 e 2024, por exemplo, nós aumentamos a nossa frota de carros elétricos em 525%, saindo de 8 para 50 veículos”, detalha.
Para atrair mais consumidores, a locadora aposta em vantagens como a recarga gratuita durante o período de locação. Apesar dos esforços, a infraestrutura de recarga ainda é um dos maiores desafios à consolidação da mobilidade elétrica no País.
Especialistas apontam que o avanço da eletrificação depende, cada vez mais, de políticas públicas ousadas e contínuas. A isenção do IPVA, a ampliação da rede de recarga, a criação de linhas de crédito verdes e o apoio à produção de componentes nacionais são ações vistas como fundamentais para consolidar a transição energética no setor automotivo brasileiro.
Além do apelo ambiental, os veículos eletrificados têm conquistado espaço pelo custo-benefício a médio e longo prazo. A economia com combustível e manutenção, somada aos incentivos e à experiência de dirigir um veículo silencioso e de alta tecnologia, tem atraído perfis variados de usuários — de motoristas de aplicativo a famílias e empresários.