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mercado imobiliário

Goiânia vai na contramão do País e registra queda nos preços de imóveis residenciais

Especialistas apontam que resultado não reflete a realidade do mercado local

Micael Silvapor Micael Silva em 4 de julho de 2025
Apesar desse recuo nos preços dos imóveis residenciais da Capital, o cenário local parece destoar da realidade captada pela pesquisa Foto: Reprodução/Ricardo Viana
Apesar desse recuo nos preços dos imóveis residenciais da Capital, o cenário local parece destoar da realidade captada pela pesquisa Foto: Reprodução/Ricardo Viana

Enquanto o mercado imobiliário brasileiro segue aquecido, com alta acumulada de 3,33% nos preços de venda no primeiro semestre de 2025, Goiânia se destaca na contramão da tendência nacional. Segundo o Índice FipeZAP, a capital goiana foi a única entre as 56 cidades monitoradas a registrar queda nos valores dos imóveis residenciais no período: recuo de 0,64%.

Apesar desse recuo nos preços dos imóveis residenciais da capital, o cenário local parece destoar da realidade captada pela pesquisa. Para o especialista imobiliário Juliano Junqueira, o número pode estar ligado a fatores pontuais, e não reflete o que ele classifica como uma das melhores fases do setor.

“Goiânia vem há anos num ritmo de vendas muito acima da média nacional, tanto em velocidade quanto em volume. A gente zera empreendimentos em questão de dias”, destacou. Segundo ele, empreendimentos de alto padrão e residenciais compactos têm tido grande procura, com casos de esgotamento de estoque em menos de uma semana.

Juliano explica que a base usada pelo FipeZAP é fortemente influenciada por imóveis usados, especialmente os que dependem de financiamento bancário, um segmento altamente sensível à taxa Selic. Com os juros em patamares elevados, os compradores enfrentam mais dificuldades para financiar imóveis, o que leva muitos proprietários a reduzirem os preços para conseguir vender.

“Esse recuo nos preços pode ser reflexo da revenda, e não dos imóveis novos. As incorporadoras, quando têm estoque para entregar e enfrentam um mercado mais travado pelo financiamento caro, acabam oferecendo descontos. Isso pode ter puxado a média para baixo, mas não representa uma desvalorização real do mercado”, analisou.

Ele também reforça que não há excesso de imóveis em Goiânia. “Se hoje as construtoras parassem de lançar, o estoque seria esgotado em um ano com o ritmo de vendas atual. Goiânia está longe de uma bolha. A gente vive uma realidade muito positiva aqui, impulsionada também pela força do agronegócio”, afirmou.

Segundo o especialista, a capital se consolidou como um polo de atração para investidores do interior de Goiás, do Mato Grosso, Tocantins e até do Pará, o que contribui para uma demanda constante e aquecida.

“O agro está muito forte e movimenta o mercado. O pessoal do campo compra imóvel aqui para os filhos estudarem, para lazer, para morar. Goiânia virou uma bolha positiva”, concluiu.

Já Rodrigo Gruszezynski, especialista em mercado imobiliário, também contesta a ideia de queda real nos preços. Segundo ele, o mercado de lançamentos na capital continua forte, sustentado pelo crescimento populacional, pela força do agronegócio e pelo fluxo de compradores de fora do Estado.

“Esses levantamentos consideram muito mais imóveis de revenda, que naturalmente têm uma precificação mais baixa, especialmente os mais antigos. Os lançamentos, ao contrário, seguem com valorização constante”, explica Rodrigo.

“Temos vendido cada vez mais para clientes do Mato Grosso, Tocantins, Pará e até do Norte do País. Goiânia hoje é uma cidade atrativa, com boa qualidade de vida e infraestrutura. A procura está em alta e não há excesso de oferta”, afirma.

Rodrigo ressalta ainda que a queda no preço médio pode ser apenas uma variação estatística, causada pelo tipo de imóvel comercializado em determinado período. “Se em um mês são vendidos mais apartamentos de R$ 1 milhão e, no outro, mais unidades de R$ 700 mil, a média cai, mas isso não significa desvalorização real.”

Em junho, o preço médio dos imóveis no Brasil chegou a R$ 9.319 por metro quadrado, com destaque para unidades de um dormitório, cotadas em R$ 11.246/m², enquanto as de dois quartos registraram o menor valor médio: R$ 8.392/m².

Vitória (ES) também lidera no valor do metro quadrado, com R$ 13.711, seguida por Florianópolis (R$ 12.355), São Paulo (R$ 11.613), Curitiba (R$ 11.228) e Rio de Janeiro (R$ 10.584).

Em contrapartida, Goiânia não apenas ficou fora desse topo como também registrou o único resultado negativo entre todas as capitais, indicando um possível desaquecimento local do setor imobiliário.

Leia mais:Goiânia registrou R$ 8 bilhões em vendas no mercado imobiliário em 2024

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