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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Em tramitação

PEC da Segurança Pública avança na Câmara, mas sem data para ser pautada

Proposta cria o Sistema Único de Segurança Pública, que integra forças policiais e fortalece financiamento do setor, mas encontra resistência no meio político

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 21 de outubro de 2025
PEC da Segurança Pública avança na Câmara, mas sem data para ser pautada
Expectativa é que PEC seja levada a plenário em breve. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Bruno Goulart

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada pelo governo federal e aprovada no Senado, tramita agora na Câmara dos Deputados em meio a debates sobre o futuro da política de combate ao crime no País, mas sem previsão de ser pautada. O texto, que ainda aguarda relatório final, cria o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), estabelece o Conselho Nacional de Segurança Pública e torna constitucionais os fundos de financiamento da área, como o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen).

A deputada Adriana Accorsi (PT), integrante da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, avalia que a proposta representa um avanço histórico. Segundo a petista, a legislação atual é de 1988 e “já está defasada ante aos desafios atuais, sobretudo em relação ao combate ao crime organizado”. Accorsi afirma que, embora ainda não haja previsão de votação, a PEC deve ser aprovada com poucas alterações. “O relator já declarou que fará poucas mudanças. É uma PEC extremamente necessária, que vai modernizar o enfrentamento ao crime e fortalecer a cooperação entre as forças policiais”, declarou ao O HOJE.

Para a parlamentar, a integração das polícias é o ponto mais inovador do texto. A deputada do PT argumenta que apenas o crime organizado se beneficia da falta de coordenação entre as forças de segurança. “A integração já acontece em operações como a Carbono Oculto, que prendeu empresários envolvidos com lavagem de dinheiro do PCC. Com a PEC, essa integração passa a ser institucional, com compartilhamento de informações e padronização de procedimentos”, explicou. A operação, deflagrada no final de agosto, já é considerada uma das maiores ações conjuntas da história do País. Desarticulou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro por meio do setor de combustíveis e do mercado financeiro.

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Na mesma linha, a deputada Marussa Boldrin (MDB) também defende a aprovação da proposta, embora com ajustes. “Vejo a PEC como uma oportunidade de fazer justiça com todos os profissionais que atuam diariamente na segurança dos brasileiros. Guardas municipais, agentes de trânsito e profissionais da segurança do campo merecem esse reconhecimento constitucional”, afirmou. A emedebista destaca ainda que a atualização do artigo 144 da Constituição é urgente para “reconhecer a realidade das forças de segurança de hoje, que protegem tanto as cidades quanto o campo”.

Argumentos sobre PEC da Segurança Pública

Apesar do apoio expressivo de parlamentares da base governista e de parte da oposição, o texto divide opiniões. O principal ponto de divergência é o grau de centralização das políticas de segurança. A PEC amplia o papel da União na definição de diretrizes e planos nacionais, o que, para alguns gestores estaduais, representa interferência indevida. 

Um dos maiores críticos do projeto, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), fez inúmeras declarações contra a PEC. Para Caiado, a proposta promove a “destituição” do poder dos governadores e centraliza poder no governo. “Não existe concentração, um governo unitário, num sistema federalista. Isso [a PEC] é o maior presente que se pode dar às facções no País. Se hoje a proliferação já é grande, será exponencial”, afirmou o chefe do Executivo do Estado, ao citar a polícia goiana como exemplo para o País. 

Nesta segunda-feira (20), o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, resgatou declarações de Caiado, o tom utilizado pelo governador e o sucesso da operação que mirou esquema do PCC no setor de combustíveis pelo País para defender o projeto. “Valentia e tapa na mesa não resolvem o problema da segurança. A maior operação de enfrentamento ao crime organizado que nós tivemos notícia não deu um tiro. Não matou ninguém.”

Próximos passos

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado fará nesta terça-feira (21) uma audiência com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que deve reforçar a importância da proposta para a política nacional de segurança. (Especial para O HOJE)

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