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quarta-feira, 24 de dezembro de 2025
Ano eleitoral

Com recesso iniciado, Alego já direciona foco para eleição de 2026

Com mais de 3 mil matérias votadas em 2025, deputados admitem que próximo ano deve ser marcado pela antecipação das campanhas e pela ausência de pautas estruturantes

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 24 de dezembro de 2025
Com recesso iniciado, Alego já direciona foco para eleição de 2026
Ao olhar para 2026, último ano da 20ª Legislatura, o diagnóstico é de cautela. Foto: Carlos Costa/Alego

Bruno Goulart

Com a entrega da peça orçamentária ao Governo de Goiás na última segunda-feira (22), a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) encerrou oficialmente as atividades de 2025 e deu início ao recesso parlamentar, que deve ir até 18 de fevereiro. O balanço divulgado pela Casa aponta votação de 3.143 proposituras ao longo do ano. No entanto, a análise do conteúdo revela um dado incômodo: a maior parte das matérias aprovadas trata de reconhecimentos culturais, datas comemorativas, semanas temáticas e declarações de patrimônio imaterial, com poucos projetos de impacto direto e estrutural para a população goiana.

Nesse cenário, duas exceções se destacam negativamente, segundo avaliação de parlamentares ouvidos pela reportagem: o aumento do ICMS, aprovado pela Casa, e a reestruturação do Ipasgo, cuja conta acabou sendo repassada a servidores públicos e dependentes. Ambas as decisões têm efeitos concretos no bolso da população e reforçam a percepção de que os principais ônus recaíram sobre o cidadão comum.

Ao olhar para 2026, último ano da 20ª Legislatura, o diagnóstico é de cautela — ou de esvaziamento. Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e da Comissão Mista da Alego, o deputado Amilton Filho (MDB) afirma que a Casa seguirá alinhada ao Executivo estadual. “Continuaremos ao lado do Governo do Estado”, disse ao O HOJE. Questionado sobre a existência de pautas de grande impacto previstas para o próximo ano, foi direto: “Ainda não tem uma pauta de grande impacto”.

Segundo Amilton, o primeiro semestre deve transcorrer com funcionamento normal das comissões e sessões. Já no segundo semestre, quando as campanhas eleitorais começam oficialmente, o formato do trabalho ainda será debatido com o presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB). “Vou trabalhar para garantir quórum e priorizar o trabalho como deputado estadual”, resumiu.

Leia mais: Alego empurra conta do Ipasgo para servidores

Por outro lado, o deputado Gugu Nader (Agir) apresenta uma leitura mais crítica e política do momento. Para o parlamentar do Agir, o ano eleitoral já chegou à Alego. “Infelizmente, a eleição foi antecipada e os deputados já começaram a sofrer cobranças de apoio eleitoral”, afirmou. Gugu revelou que, diante desse cenário, optou por deixar a base e se declarar independente — decisão que classificou como um “pesar”.

Nader relata que a pressão estaria ligada, sobretudo, à disputa pelo governo estadual em 2026, com pré-candidatos a exigir articulação de apoio nas bases eleitorais. “Não me senti confortável”, disse. Para 2026, sua expectativa legislativa é modesta: “Não tem pauta de grande impacto prevista. A grande pauta é buscar reeleição — de governador e deputados. Só se o governo mandar algo relevante”.

Todos deputados da Alego estarão em campanha

O cálculo eleitoral é quase unânime na Casa. Dos 41 deputados estaduais, todos devem tentar a reeleição, com exceção do presidente Bruno Peixoto (UB), além de Lucas Calil (MDB), Lucas do Vale (MDB) e Ricardo Quirino (Republicanos), que disputarão vagas na Câmara dos Deputados. O restante mira a manutenção do mandato na Alego.

Mesmo assim, há quem minimize os impactos do calendário eleitoral. O deputado Clécio Alves (Republicanos) afirma que é possível conciliar campanha e atividade parlamentar. “A Alego tem três sessões por semana e dá pra conciliar sim. Não vejo problema”, declarou. Pré-candidato à reeleição, Clécio diz que seguirá a trabalhar pela população e revelou um desejo pessoal: “Meu sonho era cancelar a taxa do agro. É uma injustiça muito grande com o agro de Goiás”.

Na oposição, a deputada Bia de Lima (PT) foi pragmática: “Quem deixou para fazer campanha na última hora, vai ter problemas. É um trabalho contínuo”. A declaração sintetiza o espírito que deve dominar 2026 na Alego: um Parlamento formalmente em funcionamento, mas com baixa produtividade diante das campanhas eleitorais. (Especial para O HOJE)

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