A ignorância na ideologia da raça

Confira o artigo de opinião, desta quinta-feira (20/05), por Manoel L. Bezerra Rocha, advogado criminalista | Foto: Redação

Postado em: 20-05-2021 às 08h45
Por: Redação
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Confira o artigo de opinião, desta quinta-feira (20/05), por Manoel L. Bezerra Rocha, advogado criminalista | Foto: Redação

A retomada dos conflitos violentos entre Israel e Palestina reacende o debate no mundo inteiro sobre as questões étnicas, com alguns analistas afirmando que a violência perpetrada pelo estado judeu trata-se de eliminação sistêmica do povo árabe por razões higienistas ou xenofóbicas.

Israel, evidentemente, nega que ataca o povo palestino por motivos étnicos. Sim, possivelmente não mesmo. Porém, se o for, precisa muito aprender com o Brasil. Creio que o termo “higienismo étnico” não soaria muito bem para um povo que sobreviveu ao Holocausto nazista. O mais recomendável seria a sua substituição por um eufemismo mais contemporâneo, muito mais sutil e hábil a enganar a opinião pública: terroristas. E é isso o que fazem tal qual aprenderam com o Tio San após os eventos do 11 de setembro. Sim, em se tratando de dissimulação para exterminar os indesejáveis ou os “excedentes”, ninguém é mais competente que o Brasil, através de suas instituições do sistema de justiça criminal. Por aqui, quando a matança é sistêmica e conta com a complacência das instituições de persecução criminal e os aplausos da elite social, abolem-se adjetivos do tipo “preto”, “pobre”, substituindo-os por “suspeitos” ou “marginais”. A coisa fica ainda mais cômoda, mais confortável, quando “o elemento tem passagens pela polícia”. É um “ufa!” de satisfação e alívio. Aí, está liberado e não há com o que se preocupar!

No caso de Israel, um pouco de conhecimento da história faria muito bem aos que se aventuram a se tornarem “analistas”. Primeiro, os terrenos que Israel reivindica, rotulando seus moradores antigos e legítimos de “colonos”, pertencem, legal, moral e historicamente, aos palestinos. O que Israel faz é mera confiscação das residências para acomodar europeus que migram para a Palestina se dizendo “judeus”. Fica muito mais econômico para Israel colocar para fora de casa um palestino a ter que investir na construção de novas moradias. Segundo, Israel, uma nação formada por povos judeus é uma construção fictícia, é um estado postiço, inventado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1948 porque as potências não queriam investir em um “saco sem fundo” e preferiram guardar suas finanças para aplicarem na construção de habitação, produção de alimentos, tecnologia, educação de seu próprio povo. Era mais fácil “criar” um estado. Apesar dos inúmeros escravos e escravas brancas oriundos dos países vencidos, como despojos de guerra, que foram alocados para os canteiros de obras. Israel também um dos exploradores.

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A constituição de um povo judeu, apto a habitar a velha “Judéia”, no período pós-Segunda Guerra Mundial, é de uma importância história por seu aspecto histriônico. Para os que acreditam que ser judeu é uma herança genética, uma linha ancestral, o atual estado judeu foi concebido muito mais por uma necessidade de sobrevivência de diversos povos europeus devastados pela guerra do que, propriamente, por uma identidade epigenética. Qualquer pessoa disposta a ter uma casa e um prato de comida poderia se dirigir ao recém-criado estado de Israel, escolher um sobrenome judeu e pronto! Já estava convertido a discípulo de Sião.

Quando houve a primeira grande diáspora, aproximadamente em 586 a.C., os povos da antiga Judéia partiram para países próximos como Persa, atual Irã, e a Babilônia, atual Iraque. Exatamente as duas nações que Israel mais odeia. Entretanto, segundo narram alguns judeus que vivem no Irã, apesar do jogo de retóricas bélicas entre os dois países, não há no mundo nenhum país que melhor acolhe aos judeus, respeitando suas tradições, crenças, rituais, que o país persa. A história confirma isso.

Apesar de o Irã ser rotulado como sendo um estado antissemita, foi o xá Ciro, o Grande, que, no século VI a.C., após conquistar a Babilônia, libertou da escravidão o povo hebreu, conduzindo-o de volta à Judéia. Para preservar os seus direitos, Ciro proclamou uma série de garantias, registrando em um cilindro de argila, considerado o primeiro instrumento formal e escrito de proteção dos Direitos Humanos, denominando-o de “O Cilindro de Ciro”, o qual encontra-se, atualmente, exposto no Museu Britânico na Inglaterra. Caso fosse considerar o povo judeu por sua herança genética, é bem provável que Israel trata-se de um país formado por europeus não-judeus que, ignorante e inconscientemente, odeia e mata os povos vizinhos pensando que são árabes ou persas. Mas que são judeus de sangue.

Essa é uma consequência fatal que permeia o obscurantismo incrustrado nos que se consideram superiores em razão da “raça”. Adolf Hitler, com sua ideologia da raça alemã, talvez, sequer imaginava que a origem da denominada raça ariana está nos povos persas, não nos germânicos.                                                       

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