Donos de fábricas de placas riem com a crise

Fabricantes de placas que anunciam a venda ou aluguel de um serviço ou produto comemoram aumento na demanda

Postado em: 01-09-2016 às 06h00
Por: Redação
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Fabricantes de placas que anunciam a venda ou aluguel de um serviço ou produto comemoram aumento na demanda

Karla Araújo 

Enquanto lojas de diversos segmentos fecham diante da queda de demanda provocada pela crise econômica, determinados profissionais estão dando risada com o choro de outros. Este é o caso dos que trabalham com a fabricação de placas de ‘vende-se’ e ‘aluga-se’, que se tornam cada vez mais comuns na paisagem de Goiânia. De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio, 100 mil comerciantes fecharam as portas no ano passado, no país.
Milton César, 47, trabalha com letreiros há 30 anos. De acordo com ele, a demanda por placas que anunciam a venda ou aluguel de um imóvel cresceu cerca de 50% nos últimos meses. A procura, diz Milton, é tanto de imobiliárias quanto particulares. O preço do produto varia de acordo com o tamanho solicitado – R$ 30 a R$ 40 a placa média -, mas o preço mais comum é de R$ 70 por metro quadrado. O produto é fabricado em superfície de PVC.
Em sua oficina localizada na Rua 90, no Setor Sul, Milton possui duas impressoras, uma manual e uma digital. Mesmo com o aumento nas vendas, Milton fez a própria placa com os dizeres ‘passa-se este ponto’ na porta do estabelecimento. “Já estou arrumando um cantinho na minha casa e vou continuar trabalhando de lá mesmo. Já estou neste ponto há 15 anos e percebo a necessidade de poupar os R$ 1.300 do aluguel”, explica Milton.
Sobre a profissão, Milton afirma que a concorrência é grande, mas nem sempre forte. “Muitos se aventuram por achar que é uma mina de ouro, mas é preciso fazer um bom trabalho e conquistar clientes fiéis”, diz. Milton afirma que há 20 anos a profissão era mais difícil porque a pessoa que trabalhava com o segmento fazia tudo manualmente. “O trabalho era feito à mão com pincel e tinta. Hoje, basta ter uma impressora”, lembra Milton, que ainda faz pintura em muros, mas o preço é bem maior, cerca de R$ 150.

Diferencial
No ramo há mais de 10 anos, Juliana Ferreira é proprietária de uma loja de placas no Jardim Europa. Ela afirma que a procura por letreiros aumentou cerca de 30% no último mês. “Os primeiros meses deste ano foram complicados, mas agora a demanda está estável e com perspectiva de crescimento”, afirma Juliana. Ainda segundo a proprietária, a loja está vendendo cerca de dez placas do tipo por mês. O diferencial neste caso é que o estabelecimento aposta em material reciclável para a confecção do produto, que custa de R$ 200 a R$ 300. Pedro Inácio da Silva, 51, trabalha no segmento há mais de 15 anos, mas seu produto é artesanal. Ele não tem impressora e usa tinta e pincel para produzir as faixas, que custam de R$ 25 a R$ 50.   

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Salas comerciais devem ter menor aluguel 

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO), José Carlos Palma Ribeiro, explica que, em Goiânia, as lojas fecharam por motivos diferentes em determinados locais, mas todos envolvem a crise econômica de alguma forma. “As Avenidas T-63 e 85 sentiram o peso da crise, mas a interferência no trânsito com a proibição do estacionamento na via também ajudou”, explica o presidente. No caso da Avenida 85, diz Ribeiro, os lojistas sentiram a migração da demanda para a região da Rua 44, no Setor Norte-Ferroviário. 
Em setores conhecidos pelo comércio, como Centro e Campinas, a explicação é diferente. De acordo com Ribeiro, foi o aumento no preço do aluguel que afastou os lojistas. “Alguns proprietários deixam as salas comerciais fechadas por muito tempo, mas se recusam a alugar por um preço menor”, explica o presidente. Ribeiro afirma que o setor aguarda as medidas que serão anunciadas pelo presidente Michel Temer (PMDB), mas “as consequências serão perceptíveis apenas no segundo semestre do próximo ano”. O presidente aconselha que proprietários de salas comerciais façam contrato de um ano com preço de aluguel menor para não perder dinheiro.

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