Diagnóstico tardio de câncer de mama preocupa mastologistas

O Brasil registra 58 mil casos de câncer de mama por ano e a maioria é detectada com lesões muito grandes

Postado em: 05-02-2017 às 13h15
Por: Redação
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O Brasil registra 58 mil casos de câncer de mama por ano e a maioria é detectada com lesões muito grandes

A mamografia, exame
que detecta o câncer de mama, aliado ao exame clínico e ao autoexame são
considerados elementos essenciais para a prevenção de novas mortes pela doença,
disse hoje (5) o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM),
Antônio Luiz Frasson. Neste domingo, é celebrado o Dia
Nacional da Mamografia.

Segundo a SBM, o Brasil registra 58 mil
casos de câncer de mama por ano e a maioria é detectada com lesões muito
grandes. “Aproximadamente 50% dos casos são detectados com mais de 5
centímetros. Isso significa que existe um descaso com o problema”, informou
Frasson. Outra dificuldade, segundo ele, é o acesso ao tratamento quando a
mulher detecta um tumor.

O presidente da SBM disse que o retardo do
diagnóstico preocupa a todos os mastologistas. Cada milímetro de tumor implica
risco de mais ou menos 1% de que a doença se espalhe. Caso se detecte um tumor
de 5 centímetros, o risco de que, no momento do diagnóstico, já exista
metástese é muito alto.

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Diagnóstico precoce

A importância do diagnóstico precoce, que é
feito com exame clínico e que permite identificar lesões de 2 centímetros, é
destacada pela Sociedade Brasileira de Mastologia. Com a mamografia, são
identificadas lesões muitas vezes milimétricas. A SBM recomenda que a
mamografia seja feita a partir dos 40 anos, porque em muitas regiões do Brasil
a incidência de câncer de mama em mulheres entre 40 e 50 anos não é pequena.
Varia entre 20% e 40%, informou o especialista.

Antônio Luiz Frasson explicou que não é
recomendada a mamografia antes dos 40 anos porque a mama é bastante densa nessa
faixa etária, o que reduz a eficácia do exame. Para o grupo de mulheres com
menos de 40 anos, a instituição procura orientar sobre os fatores de risco, em
especial a história familiar. No grupo de mulheres com risco familiar,
recomenda-se um acompanhamento a partir dos 20, ou no máximo, 25 anos.

“Nós orientamos muito sobre a questão dos
fatores de risco, especialmente relacionados com a história familiar, porque
quando existe um risco familiar é muito comum que os tumores apareçam antes dos
40 anos. Para essa população com menos de 40 anos e com histórico familiar,
recomendamos ultrassom e ressonância de mama, que são exames mais sensíveis
nessa faixa etária”, disse Frasson.

Ele confirmou que existe no Brasil a
percepção de que um grande número de casos de tumor de mama está ocorrendo
antes dos 40 anos. Para esse grupo de mulheres, a orientação é que quando façam
revisão ginecológica, o próprio ginecologista avalie a mama e fique atento a
qualquer queixa mamária. “Qualquer alteração na mama deve desencadear uma investigação”.
Entre essas alterações, estão caroços nos seios; alergia nos mamilos; pele
retraída; inchaço e sensação de calor; ferida nos seios; mudança na pele ao
redor do mamilo; secreção pelo bico do seio. A própria mulher, no autoexame,
deve estar atenta a esses sinais. “Ninguém melhor do que a própria mulher para
perceber alterações precocemente”.

Peculiaridades

Antônio Luiz Frasson destacou que o país
tem peculiaridades diferentes da Europa e dos Estados Unidos, onde as pessoas
fazem muita avaliação. “Você pega tumores muito menores”. Vinte e cinco por
cento dos tumores na Europa, por exemplo, não são palpáveis; são muito pequenos
e descobertos por exames. No Brasil, isso não atinge 5% dos casos.

“Então, no Brasil, a gente recomenda muito
o autoexame, porque a mulher conhecendo e estando acostumada com a avaliação da
própria mama, frente a qualquer alteração ela pode perceber e investigar”. O
autoexame deve ser feito após o período menstrual, quando a mama está menos
inchada e mais suscetível a perceber qualquer alteração. Havendo qualquer
mudança, a mulher deve procurar um médico para que a investigação seja feita.

Frasson reiterou que o problema do câncer
de mama no Brasil é muito sério, porque além do retardo do diagnóstico, existe
uma dificuldade no atendimento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), onde
as pessoas podem levar mais de seis meses para conseguir acesso. “Às vezes, a
pessoa detecta o tumor, mas até conseguir uma consulta no posto de saúde e ser
encaminhada a um hospital de referência para investigação, pode levar de seis
meses a um ano. Esse processo tem que ser agilizado também”. (Agência Brasil)

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