Casamentos retornam em novo formato e poucos convidados

Pelo segundo ano consecutivo, casais precisaram adiar a celebração na expectativa de uma festa tradicional

Postado em: 04-09-2021 às 09h43
Por: Daniell Alves
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Pelo segundo ano consecutivo, casais precisaram adiar a celebração na expectativa de uma festa tradicional | Foto: reprodução

Com a crise provocada pela pandemia, um em cada três casais precisou adiar a data de celebração de casamento, de acordo com levantamento feito pelo site Casamentos.com.br. Por este motivo, as agendas para o próximo ano ficaram lotadas, uma vez que o avanço da vacinação em massa traz a expectativa de que tudo voltará ao normal até o ano de 2022. Os noivos Luísa Antunes de Souza e Gabriel Alberto estão juntos há 8 anos e estão entres os casais que precisaram adiar a data de celebração para o próximo ano.

Eles se conheceram através de amigos em comum em uma festa. “Então, já vínhamos planejando o casamento desde o início de 2020 para a metade de 2021”, revela Luísa. Mas, a data prevista acabou não ocorrendo devido à pandemia e restrições para eventos. O sonho da noiva sempre foi que a festa fosse cheia de convidados, como acontecia anteriormente. O evento estava marcado para o dia 7 de agosto de 2021, mas eles remarcaram para abril do próximo ano. “A gente adiou porque queremos manter a festa como sonhávamos. Uma festa com muita gente, pista de dança, show ao vivo. Como o meu namorado mora em outra cidade, fizemos uma cerimônia a dois porque me mudei para morar com ele”, conta a noiva.

“Esperamos poder manter ela [a cerimônia] da forma como idealizamos pré-pandemia. Não tivemos prejuízos, conseguimos reagendar com todos os fornecedores”, comemora. Setor de eventos Com isso, a expectativa é que as comemorações tragam fôlego para o setor de eventos. Mábio Rodrigo Pereira é dono de uma empresa que organiza casamentos e atua no ramo há mais de 13 anos. Com a pandemia, a área foi afetada diretamente. “Para que o meu trabalho aconteça, necessitase de aglomerações. As pessoas se reunirem para celebrar um casamento, uma festa de 15 anos”, exemplifica. Muitas datas foram remarcadas, houve adaptações de eventos que eram para 250 pessoas e foram reformatados para 50, 100 convidados. Atualmente, o empresário faz 25 orçamentos de eventos por mês, sendo oito eventos realizados mensalmente.

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“Para o ano de 2022 as expectativas são ótimas. Com o avanço da vacina e com a os métodos de prevenção para o controle do Covid, estamos preparados para proporcionar todos os tipos de eventos que muitas pessoas aguardaram para celebrar”, revela. O decreto publicado pela Prefeitura de Goiânia permite a realização de eventos com até 50% da capacidade do local, limitado a 75 convidados sem pista de dança – quantitativo que foi reduzido pela metade. Não há uma lei específica sobre esse assunto como é o caso do cancelamento e remarcação de eventos do setor de turismo e de passagens aéreas. Portanto, o Código de Defesa do Consumidor deve ser utilizado como baliza para dirimir eventuais conflitos. Cerimônia simples Enquanto uns preferem esperar, outros optaram por cerimônias mais simples para celebrar o amor.

Casar durante o período de isolamento não estava nos planos da administradora Maria de Jesus Pereira, 42 anos. Ela está entre os casais que se casaram durante a pandemia em Goiânia, no cartório Antônio Prado. Antes de entrar na sala para selar a união, álcool em gel e todos que estavam ao redor utilizavam máscaras. Somente Maria e o noivo, Elder Almeida, 36 anos, não precisaram utilizar a máscara durante a cerimônia. O casal optou por duas testemunhas e alguns convidados durante o ato. “O que mudou é que não pudemos levar convidados, mas como não íamos fazer festa a diferença não foi tão grande”, comenta ela.

Questionada sobre o tempo para concluir o processo de união estável, ela afirma que foi rápido, mesmo no período de pandemia em que os cartórios reduziram a capacidade de atendimento. Impactos De acordo com o Procon Goiás, é preciso levar em conta que a pandemia provocou forte impacto na economia, causando a perda de empregos e de renda país afora e, em consequência disso, uma parcela significativa dos consumidores não conseguirá arcar com os compromissos. Isso deve ser considerado na hora da negociação com os organizadores da festa.

O órgão orienta que o ideal é negociar diretamente com os fornecedores (organizadores de eventos). Para aqueles que têm condições financeiras e ainda têm o interesse de promover a festa, a recomendação é assegurar a manutenção do contrato, tentando a remarcação dos serviços. “Por ser considerado um evento de força maior, sem previsibilidade, tanto consumidor quanto fornecedor são afetados direta e igualmente por seus efeitos. Logo, orientamos que as partes estabeleçam um diálogo para, juntas, tentarem chegar a um acordo harmonioso”, afirma o superintendente do Procon Goiás, Alex Augusto Vaz Rodrigues.

Adiamento Se a opção for pelo adiamento do casamento, os contratantes não deverão desembolsar valor adicional ao já fixado. A exceção somente ocorrerá se os fornecedores já tiverem tido gastos como, por exemplo, a compra de flores ou outros produtos já encomendados. Mais uma vez aqui, recomenda-se o diálogo e o bom senso. Caso não seja possível um acordo entre as partes, o cancelamento poderá ser requerido pelo consumidor, que estará sujeito ao pagamento da multa prevista no contrato. É válido ressaltar que, se a iniciativa da rescisão partir do fornecedor, não poderá haver cobrança de multa ou outra penalidade contratual. O Procon Goiás poderá ser acionado para tentar intermediar um acordo extrajudicial. No entanto, o contrato só poderá ser questionado por meio de ação revisional junto ao Poder Judiciário.

Pandemia afetou 98% das empresas do setor de eventos

Boletim Especial do Observatório da Goiás Turismo aponta dados sobre os impactos da pandemia no setor de eventos. O estudo cita o levantamento, realizado no mês de abril pelo Sebrae, mostrando que a crise afetou 98% das empresas. Especialistas afirmam, reforçando o resultado da pesquisa, que o setor de eventos presenciais foi o primeiro a ser impactado diretamente. Enquanto não houver garantia de segurança para a saúde dos frequentadores, as empresas e profissionais sentirão os efeitos indesejáveis da crise. Segundo os dados da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), o setor emprega 25 milhões de trabalhadores e o faturamento das empresas é de aproximadamente R$ 940 bilhões. Em Goiás, no ano de 2018, o setor foi responsável pela geração de 1.706 empregos formais diretos, conforme dados do Ministério da Economia.

Contudo, a área de eventos também é responsável por inúmeros empregos informais e indiretos, pois atua sempre em cadeia, sendo altamente dependente de mão de obra terceirizada e de fornecedores de diversos setores. De acordo o Boletim, como as restrições quanto à realização de eventos presenciais ainda continuam, uma saída tem sido as promoções virtuais, alternativa que ganhou importância nos últimos meses, em função da pandemia. Essa modalidade de evento está conquistando o público e tem sido apontada por especialistas como uma tendência que veio para ficar.

O documento afirma que as adaptações serão inevitáveis e necessárias para a sobrevivência dos negócios. De acordo com o estudo, para minimizar os impactos em toda a cadeia empresarial envolvida com a promoção e realização de eventos é necessária a atuação conjunta das diversas entidades dedicadas ao fomento e apoio ao setor. De acordo com o estudo com união, criatividade e a troca de informações será possível o desenvolvimento de ações mais assertivas, como elaboração de projetos e políticas com foco no crescimento e na recuperação da economia. (Daniell Alves – Especial para O Hoje)

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