Volta às Aulas deve pesar 30% a mais bolso dos pais

Cadernos, lápis de cor, mochilas e estojos lideram o ranking de matérias escolares com preços elevados

Postado em: 13-12-2022 às 09h30
Por: Luan Monteiro
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Cadernos, lápis de cor, mochilas e estojos lideram o ranking de matérias escolares com preços elevados. | Alexandre Paes

As férias nem chegaram, mas há pais que já estão programando o retorno dos filhos à escola no próximo ano. Enquanto as crianças estão de férias, os adultos se preocupam com a compra do material escolar. Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares os itens escolares devem sofrer um aumento de 15% a até 30%.

Este ano, os materiais que sofreram um maior aumento foram os importados, devido à alta cotação do dólar. Em contrapartida, os produtos que sobraram no estoque desde 2021 estão com preços atrativos. Como as papelarias querem zerar esses estoques, os consumidores podem aproveitar para economizar adquirindo esses itens em vez de desembolsar mais com as coleções atuais.

Esse é o caso do Ailton Carvalho Menezes, que há 14 anos trabalha no ramo de papelaria, no setor Oeste, e sempre oferece oportunidades para seu cliente economizar mesmo em meio a inflação que os produtos sofreram. “A demanda de cada ano muda muito, principalmente quando crianças e adolescentes acompanham os pais em busca de cadernos ou materiais decorados com os personagens que os agradam”, explica o empresário.

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“Como uns saem mais que outros, sempre fica algo no estoque, e no ano seguinte oferecemos com preço de custo mais baixo, para lucrar só o valor bruto do produto, e repor o estoque atual com tendências e marcas da preferência do consumidor”, destacou o proprietário. “O líder do aumento é o caderno de matérias, que subiu até 50% se comparado com o ano passado e dependendo do modelo”, completou o Ailton.

Pesou no Bolso

Diante da variação, o consumidor tenta economizar, seja adiantando as compras ou buscando por produtos mais acessíveis no mercado. A recepcionista Alice Carneiro, 36, mãe da pequena Marília, aluna do 5° ano do Ensino Fundamental, é da turma dos pais que se planejam bem antes do final do ano para não ter surpresas na hora das compras.

“Minha pequena estuda em um colégio particular, e na unidade de ensino eles dão a lista de materiais com a indicação e orçamento de uma papelaria filiada a eles, e que dos últimos anos pra cá percebi que sai mais em conta além de ter a praticidade de ligar, dar o nome da minha filha e eles separarem tudo. O único trabalho que tenho é buscar materiais separados e levar na secretária do colégio” conta Aline, que já adiantou as compras do material escolar.

O indicado é que os pais façam, pelo menos, dois orçamentos comparando preços e qualidade dos produtos. Assim, fez Paula Regina Silva Alves, 32, pesquisar preços antes de comprar os materiais da filha Júlia Caetano Silva. “Com certeza, este ano, está mais caro do que no ano passado. Estamos fazendo orçamento em diversas papelarias. Mas estou sentindo a diferença, e está pesando mais no bolso”, relata.

A escola do Gabriel, filho da enfermeira Fábia de Camargo, 39, adiantou a lista do material e ela diz que notou um aumento de 25% se comparado com o valor de toda lista do ano passado. “Todos os anos faço a compra dos materiais com antecedência, mas nesse ano nem isso me ajudou a economizar. A mochila do meu filho mesmo está em bom estado, e optamos por reaproveitá-la. Isso já alivia o bolso”, afirma Fábia.

Comércio tem boas expectativas 

Os estabelecimentos do setor observam melhora nas vendas. Depois de dois anos com muitos desafios, a papelaria Vitória, no Recanto das Minas Gerais, tem um motivo para celebrar, já que já janeiro se aproxima e com ele o movimento se intensifica.

“Nesse início de dezembro tivemos uma melhora como já era esperado. Geralmente, o melhor mês é janeiro, porque as pessoas deixam para última hora. Por isso estamos ainda em fase de adaptação da loja pra conseguir atender a demanda de todos nossos clientes, oferecendo o melhor material escolar e com o melhor preço”, comemora Felix Lucas, proprietário da loja que possui mais de 11 anos de história. 

Mesmo com a inflação refletindo no aumento de pouco mais de 30% no preço de alguns itens essenciais das listas de matérias, o empresário afirma que está segurando o preço dos produtos ao máximo, principalmente para não perder a clientela, e conseguir atender todo o público da região.

“Os fornecedores já vêm com a lista de pedido contabilizando os valores atuais, e muitos produtos que são importados ou mesmo de marcas bem faladas do mercado costumam ser líderes no aumento do preço. A gente sempre quer vender de forma justa, então praticamos o valor tabelado do mercado, para deixar todos felizes”, argumenta Felix.

Pesquisar é a saída

Considerando o reflexo da inflação no preço desses materiais, o economista Luiz Carlos Ongaratto destaca que uma programação é essencial nesse período, e o primeiro passo é fazer uma pesquisa de preço e antecipar a compra para evitar o tumulto do início do ano. 

“Primeiro é importante separar o que é de papelaria e o que é de livraria. No quesito livraria, o ideal é que os pais dos alunos dela se reúnam e comprem os livros de forma coletiva na escola em que o filho estuda, com isso há uma redução substancial com os custos dos didáticos e paradidáticos”, pontua o economista.

Além da atenção aos preços, o consumidor também precisa verificar com cuidado os itens presentes na lista de material escolar. Por lei, as escolas só podem solicitar a compra de materiais utilizados para as atividades pedagógicas diárias do aluno, como lápis, caneta, borracha, papel sulfite, cola, tinta guache etc. Outra dica que Ongaratto reforça é utilizar sites e aplicativos para pesquisar preços de produtos.

“Há vários aplicativos e sites que ajudam o consumidor a comparar os preços nesse momento. Então, é interessante utilizar essa tecnologia a nosso favor. Mas realmente, vale a pena se antecipar porque em janeiro a procura aumenta e algum item pode faltar e o preço subir ainda mais”, finaliza o especialista.

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