Construção civil mata mais trabalhadores

Especialistas afirmam que acidentes podem ser evitados com treinamento e equipamentos de segurança

Postado em: 12-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Especialistas afirmam que acidentes podem ser evitados com treinamento e equipamentos de segurança

Gabriel Araújo*


Cerca de 10% de todas as mortes causadas por acidentes de trabalho em Goiás ocorreram com trabalhadores da construção civil. Segundo informado pela Previdência Social, o Brasil vem registrando uma queda constante nos últimos anos e passou de 62 mil óbitos em 2013 para 41 mil em 2015.

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Em estudo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE/GO) foi constatado que, de 2011 a 2014 foram registrados 480 óbitos de trabalhadores no Estado. A pesquisa ainda mostrou que 96% das vítimas eram homens com baixa escolaridade e pouco tempo na função, pouco mais de 30% dos casos os trabalhadores tinham de 21 a 30 anos.

Segundo o relatório da pesquisa, a principal causa é um conjunto de falhas técnicas na segurança. Apesar dos treinamentos e equipamentos serem mais frequentes em relação ao início da década, o modo de operação da atividade e a supervisão de segurança era insuficiente já que 63% das mortes foram em empresas que possuíam técnicos em segurança.

Ainda de acordo com a Previdência Social, a principal causa das mortes de acidente de trabalho é o deslocamento de entrada e saída dos profissionais, que representa 45% de todas as mortes.

No triênio de 2013 a 2015 o Brasil registrou uma queda no número de acidentes de trabalho, passando de 725 mil casos para 612 mil. Apesar da queda de quase 14% as mortes ainda são frequentes, principalmente entre os profissionais que trabalham com transporte de cargas e construção civil.


Negligência

De acordo com o informado pela Previdência Social, desde 2010 o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiram recuperar mais de R$ 44 milhões gastos pelo órgão com o pagamento de benefícios concedidos a trabalhadores que sofreram acidentes causados por negligência dos empregadores. As ações ainda devem ser ampliadas e a AGU ainda espera recuperar R$ 1,9 Bilhão gastos pela Previdência Social com o pagamento de benefícios.

A Constituição Federal de 1988 obriga os empregadores a arcarem com as despesas indenizatórias e reparações devidas aos trabalhadores que se acidentaram por culpa de suas empresas. Foi determinado ainda em 1991 que a Previdência Social deve processar quem negligenciar as normas de segurança e higiene do trabalho.


Segurança

A segurança é uma das principais preocupações para profissionais que trabalham em obras de construção civil e, devido a taxa de acidentes e mortalidade, foi criado uma legislação que busca proteger o trabalhador. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário (Contricon), a falta de treinamento ainda é um grande problema enfrentado pelos profissionais. “Esses números alarmantes são resultado da falta de treinamento e do uso de equipamentos de proteção nas obras. Isso pode ser somado ainda ao fato de que a maioria das atividades que fazem parte do dia a dia de uma obra apresentam características um tanto arriscadas, como trabalho em altura e contato com equipamentos e produtos químicos que exigem o dobro de atenção na sua utilização”, afirmou. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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