Após reportagem do O Hoje, prefeitura retira ponto onde funcionava cracolândia em Goiânia

O ponto, em questão, se tratava de um galpão abandonado entre as ruas 233 e a Marginal Botafogo, no Setor Universitário

Postado em: 19-01-2023 às 15h14
Por: Luan Monteiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Após reportagem do O Hoje, prefeitura retira ponto onde funcionava cracolândia em Goiânia
O ponto, em questão, se tratava de um galpão abandonado entre as ruas 233 e a Marginal Botafogo, no Setor Universitário. | Foto: Vinicius dos Santos Silva

Após reportagem do O Hoje revelar a venda e consumo de crack a céu aberto e a luz do dia em “cracolândias” espalhadas pela capital, a Prefeitura de Goiânia, com apoio das forças de segurança, removeu um ponto onde funcionava um destes locais.

O ponto, em questão, se tratava de um galpão abandonado entre as ruas 233 e a Marginal Botafogo, no Setor Universitário. No local havia uma placa escrita à mão. “Proibido roubar aqui, quem desobedecer, sofrerá as consequências”.

O galpão tinha dois andares, com várias barracas e panos, como se dividissem quartos e cômodos. As divisões tentavam criar um ambiente parecido com uma casa, mas que abrigava apenas quem não tem outro lugar para morar.

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Pontos de venda

Ao menos cinco pontos na cidade são conhecidos pela venda e uso dos entorpecentes. Entre eles, a praça do Cepal, no Setor Sul, Praça da Matriz em Campinas, Rua 233, no setor Universitário, vielas da Região da 44 e no Bairro São Francisco, nas proximidades dos motéis. 

A reportagem passou uma noite entre becos e vielas da cidade com um usuário que aceitou mostrar a realidade desses locais. “Valter”, como será chamado o usuário que não pode se identificar para não sofrer represálias, tem um emprego formal e mora sozinho de aluguel.

Dados inexistentes

Questionada pela Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) disse não ter um mapeamento dos pontos de vendas de crack, também não tem política para usuário de drogas, mas que realiza ações pontuais em locais com grande concentração de pessoas em situação de rua.

“Quanto aos moradores de rua, temos duas casas de acolhida (mulher e famílias/ homens e idosos) que é feito recebimento de forma espontânea dos moradores de rua. Equipes SEAS (Serviço especializado em Abordagem Social) 24 horas. Atendem denúncias e andam nos locais de maior fluxo com moradores”, afirmou a assessoria da pasta.

Policiamento

Conforme apurado com o comandante da Guarda Civil Metropolitana (GCM) Juarez Júnior, pouco pode ser feito em relação ao crescimento das cracolândias em Goiânia. “A polícia faz o trabalho de acompanhamento, quando solicitado, dos assistentes sociais na região, mas só pode tomar alguma ação em caso de denúncias. Da nossa parte fazemos o acompanhamento sempre que a secretaria de assistência social solicitar apoio. Desde o início da pandemia está proibido realizar qualquer ação que não seja acompanhada dos órgãos de acolhimento dessa população vulnerável e só realizamos atendimentos que tenham cunho criminal e quando cai por denúncia através do número de emergência 153”, afirmou Juarez.

Prefeitura de Goiânia

Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) informou que disponibiliza atendimento para que esse público vulnerável tenha acesso a serviços em assistência social. Além disso, a secretaria afirmou que o monitoramento e acompanhamento das áreas e pessoas, onde pode ocorrer tráfico de drogas, é realizado pelo Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad), que visa reduzir a demanda do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas no âmbito do município.

Por fim, a Sedhs diz que “Algumas ações são realizadas em conjunto, e contam com a presença de membros das forças de segurança e pastas da prefeitura, a fim de garantir a oferta de acolhimento às pessoas em situação de vulnerabilidade”, sem especificações.

Leia a nota da prefeitura na íntegra:

– A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) disponibiliza atendimento para que esse público vulnerável tenha acesso a serviços em assistência social da Prefeitura de Goiânia, governos estadual e federal, dentre eles, cadastramento em benefícios sociais, acolhimento e acesso à documentação.

– Já o monitoramento e acompanhamento das áreas e pessoas, onde pode ocorrer tráfico de drogas, é realizado pelo Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad), que tem como finalidade a redução da demanda do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas no âmbito do município.

– O Comad é formado por representantes da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia, Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Saúde, Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Universidade Federal de Goiás, Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás, Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás, Polícia Federal em Goiás, Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Goiás, Ministério Público do Estado de Goiás, Polícia Civil do Estado de Goiás, Polícia Militar do Estado de Goiás, Câmara Municipal de Goiânia; além de um representante da comunidade e de seis representantes de entidades que trabalham na prevenção do uso indiscriminado de drogas e recuperação de dependente.

– Algumas ações são realizadas em conjunto, e contam com a presença de membros das forças de segurança e pastas da prefeitura, a fim de garantir a oferta de acolhimento às pessoas em situação de vulnerabilidade.

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