Brasil registra 2 mil casos de intoxicação por plantas venenosas

Especialista dá dicas de como pessoa intoxicada deve procurar ajuda hospitalar

Postado em: 09-08-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
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Algumas dessas plantas perigosas são usadas como decoração em residências | Foto: ABr

O uso de plantas já acontece desde os tempos antigos, e mostra que elas fazem parte da evolução do mundo, seja na alimentação animal e humana, como remédio, moradias e outros. Na atualidade muitas delas são utilizadas para fins diversos, como ornamentação de ambientes, nas indústrias (farmacêuticas, cosméticas e alimentícias) e rituais religiosos.

A biodiversidade brasileira é uma das maiores do mundo, hoje a flora catalogada conta com 46.095 espécies segundo dados do Projeto Flora do Brasil de maio de 2020.  Mas além das belezas naturais, existem as plantas tóxicas, que são definidas como aquelas que podem desencadear desde reações alérgicas a intoxicações ao homem e animais, por meio do contato com a pele ou mucosa, ingestão ou pela inalação. Esses danos podem ser leves, moderados ou graves podendo levar a morte.

Algumas delas podem levar a dependência química trazendo danos a vida pessoal, social e financeira do indivíduo como: maconha, cogumelos, ópio, chá de iboga, chá de trombeteira, ayahuasca, entre outros. Segundo o Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Estado de Goiás (CIATox), no ano de 2021 foram registrados 49 casos de intoxicação exógena. Em 2022 foram 36 casos, e até julho de 2023, Goiás já registrou 21 casos de intoxicação.

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Uma pesquisa mais recente do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fiocruz, revelou que cerca de 2 mil casos de intoxicação por plantas são registrados todos os anos no Brasil, com prevalência de casos no público infantil. De 2016 a 2017, foram compilados 2.028 casos, sendo que 52,51% (1.065 casos) ocorreram com crianças entre 1 a 9 anos. Por isso, é necessário redobrar a vigilância e os cuidados para evitar reações graves.

“Essas crianças, por não terem uma consciência do perigo e movidas pela curiosidade e pela aparência atrativa das plantas, resolvem colocar na boca e mastigar, algumas chegam até deglutir essas plantas. Então esse grupo é de maior incidência, principalmente crianças de um até quatro anos de idade”, explica o médico plantonista do CIATox, Euler Souza Santos. 

No Estado, as plantas venenosas mais frequentes são Zamiocuca, comigo-ninguém-pode, mamona e pinhão. Quando intoxicados, os sintomas mais severos são gastrointestinais, respiratórios, distúrbios neurológicos, distúrbios cardiológicos e cutâneos. Conforme dados do Ciatox, as plantas que possuem cristais de oxalato de cálcio são as que mais causam acidentes, como begônia e espada-de-São-Jorge.

Para o especialista, a prevenção é não ter essas plantas em casa. “Caso a pessoa tenha filhos ou crianças, acredito que os pais deveriam evitar essas plantas venenosas. Isso também vale para tutores de animais, já que os pets também podem ser vítimas de intoxicação”, aponta. Segundo Euler, caso a pessoa goste muito dessas plantas, a orientação é que ela faça uma pesquisa nas floriculturas, nos locais onde ele adquire para entender o manuseio e o que elas podem causar com sua intoxicação.

Mas em último caso, para quem tem criança e animal em casa, e quer ter a planta, uma opção é colocar esses vasos em local inacessível ou de difícil acesso pra crianças e animais. “Plantas suspensas ou em lugares altos ajuda a evitar que essas intoxicações ocorram, diminuindo muito as chances de acidentes toxicológicos”, complementa o médico do CIATox. 

Em casos de acidentes, a orientação do especialista é buscar ajuda. “Primeira coisa que se deve fazer é higienizar a boca. Muitas vezes a criança tem ainda restos e plantas na boca e ela nem cuspiu ainda. Então ao fazer a descoberta dessa intoxicação, pedir pra criança, se ela der conta, para fazer um bochecho”, orienta.

Após os primeiros socorros, o principal ato que a pessoa deve fazer é procurar um atendimento médico. “Entrando em contato e chegando em alguma unidade hospitalar, o médico plantonista analisa o caso para saber qual a gravidade e imediatamente entrar com o procedimento correto para evitar sequelas ou consequências maiores dessa intoxicação”, finaliza Euler Souza Santos.

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