Metade dos pontos de parada de ônibus em Goiânia não possui abrigos

Existe um total de 3.727 pontos de paradas de ônibus e apenas 52% deles possuem algum tipo de abrigo| Foto: Wesley Costa

Postado em: 03-01-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Existe um total de 3.727 pontos de paradas de ônibus e apenas 52% deles possuem algum tipo de abrigo| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Quase metade dos pontos de parada de ônibus na Capital não possui abrigos. De acordo com dados de levantamento da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) conseguido pelo jornal O Hoje. Existe um total de 3.727 pontos de paradas de ônibus e apenas 52% deles possuem algum tipo de abrigo. Os abrigos mais antigos, feitos de concreto, são considerados ultrapassados e podem oferecer riscos se estiverem com a estrutura danificada.

Um ponto de ônibus da Rua 135, no Setor Marista, não oferece abrigo para os passageiros que aguardam o transporte coletivo. Por volta das 16 horas, muitas pessoas começam a se aglomerar na calçada a espera de retornarem para casa depois do expediente de trabalho. Em tempos de chuva, não tem onde se abrigar e na estiagem têm que aguentar o sol escaldante direto na cabeça.

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Allan Marques ficou impressionado com a quantidade de pontos de ônibus sem abrigo da Capital. “Pelo preço que a gente paga pela passagem,  a gente deveria pelo menos ter um lugar para aguardar”. Allan ainda afirma que já pegou chuva porque tinha que esperar o ônibus, mas não tinha onde se abrigar. “Uma vez eu me molhei todo e ainda entrei em um ônibus com ar-condicionado, quase adoeci”.

Ele acredita que o usuário de transporte coletivo deveria ser mais bem tratado. “Aqui, que é uma região Central da Capital, já não tem abrigo. Na periferia é bem pior”. Outro problema que ele relata é a inconstância dos horários das linhas. “Quem não tem o aplicativo para acompanhar os veículos por GPS sofre com os atrasos. Eu já tive que esperar quase 30 minutos até meu ônibus chegar”.

De acordo com Allan, os pontos de ônibus em Goiânia estão bem longe de serem ideais. Alguns deles faltam iluminação, que compromete a segurança dos locais. Ele também acha que deveria haver horários dos itinerários indicados nos abrigos. “Falta muita coisa para o transporte coletivo melhorar. Esse indicativo de horários iria facilitar, mas como os ônibus sempre estão atrasados, a indicação não corresponderia à realidade”, pondera.

O usuário de transporte coletivo também comentou que em período de férias, ele tem que aguardar mais tempo para esperar seu ônibus chegar. “Eles cortam a frota em período de férias, como se ninguém mais trabalhasse. Acho que não deveria haver essa diminuição da frota porque mesmo que a pessoa esteja de férias, ela ainda realiza atividades pela cidade”.

A CMTC informa que nesse período de férias o sistema RMTC registra uma queda na demanda de passageiros de 12%. Para que o sistema RMTC tenha equilíbrio na operação é feita uma redução de 5% no número de viagens realizadas não atingindo todas as linhas do sistema. A CMTC informa que o plano promove alteração nos intervalos entre as viagens, sendo que em alguns casos a espera passou de cinco minutos para seis minutos.

O planejamento observa ainda a demanda de linhas e destinos específicos. Em casos onde o desejo de viagens é para regiões de universidades foi feito alteração na planilha horária, em casos de demandas mais pesadas como as das linhas 020, 015, 019, 003 e as que atendem o Eixo Anhanguera, o plano preservou o atendimento.

É importante ressaltar que com as obras e desvios que estão por Goiânia os atrasos independem do planejamento técnico. O transporte público segue o fluxo das cidades. A CMTC informa ainda que faz acompanhamento diário para avaliação do plano operacional podendo este sofrer mudanças para o melhor atendimento ao usuário.

Descaso e insegurança

Um abrigo de ônibus de concreto localizado na Avenida C-4 próximo a passarela da BR-153, no setor Jardim Dom Bosco, está se deteriorando com o tempo. O abandono é tão grande, que nasceu um verdadeiro jardim de cactos no teto do abrigo. Vizinho do ponto de ônibus, Irton Luis Nascimento não acredita que o Poder Público irá efetuar a troca do abrigo.

“Eu duvido que eles façam alguma coisa. Mas os cactos eu gostei. Pelo menos, impedem que as pessoas subam em cima de madrugada”. Ele ainda afirma que o local não tem iluminação e oferece perigo de roubos e assaltos quando a noite cai. “Já ouvi muita história de gente sendo assaltada aqui à noite. Eu não fico para ver”. 

Responsabilidade sobre abrigos é dos municípios 

De acordo com uma deliberação da CMTC de 2018, abrigos e pontos de parada de ônibus têm sido sucateados ao longo do tempo devido à falta de manutenção. No documento da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) confirma que apesar da atribuição da gestão de infraestrutura do transporte coletivo ser da CMTC, o órgão não recebe recursos dos municípios para executar manutenção dos abrigos instalados ou promover edificação de novos abrigos.

Diante dessa justificativa, a CDTC deliberou que diante da falta de recursos por parte dos municípios, que sequer participam do quadro societário da CMTC, fica estabelecido que a administração das cidades que integram a Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) passarão a ser responsáveis por promover a manutenção, realocação ou instalação de abrigos, quando necessário.   

A deliberação ainda estabelece que os municípios poderão executar um convênio com a CMTC para realização de levantamentos técnicos sobre o estado de cada ponto de parada instalados pela RMTC e seus respectivos abrigos para realizar diagnóstico sobre e propositura de ações de requalificação ou instalação de novos abrigos.  Dos 1.961 abrigos de pontos de parada existentes em Goiânia, 660 foram instalados pela Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). 

A Seinfra informa que, embora a prefeitura tenha assumido a construção e manutenção dos abrigos de ônibus da Capital, não está definida qual secretaria é responsável pela execução, fato que será estabelecido a partir da assinatura de convênio com a CMTC. A Seinfra informa ainda que não se opõe à tarefa, mas aguarda a formalização do acordo para se responsabilizar ou não pelo serviço. (Especial para O Hoje) 

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