Gerente do Cimehgo explica as variações climáticas de Goiânia

André Amorim usou do ditado popular em Goiás para comentar sobre “a estação chuvosa e seca”, que caracteriza os trópicos | Foto: reprodução

Postado em: 25-04-2021 às 11h00
Por: Pedro Jordan
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André Amorim usou do ditado popular em Goiás para comentar sobre “a estação chuvosa e seca”, que caracteriza os trópicos | Foto: reprodução

Nielton Soares

Conversei com o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorim, sobre as mudanças que notamos na temperatura ao longo dos anos, dúvidas acerca das definições das estações do ano em Goiânia e se há desequilíbrio climático em nosso Estado.

Questionei ao gerente de que décadas atrás, neste período, a sensação era de mais frio em Goiânia. Amorim esclareceu que essa comparação que costumamos fazer está relacionada com a “variabilidade, que não é só uma questão de Goiás e de Goiânia, mas é algo a nível global”.

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No entanto, o especialista reconhece que na Capital “tínhamos uma temperatura mais amena”. Ele explicou que neste período, de queda na temperatura, é uma transição da estação outono, porém, com características do verão e inverno. “Estamos migrando para o nosso tempo seco”.

E em relação às quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno, em Goiânia? André brinca com o ditado goiano ao afirmar que há apenas duas estações em Goiás: a seca e a chuvosa. “Na verdade, nós nunca conseguimos ver claramente aqui nos trópicos, bem definidas todas as estações do ano”, comenta.

Nesse caso, agora em abril termina o período chuvoso e começa a estação ‘seca’, que irá até meados de outubro. “Então a gente vê outras características: umidade baixa e temperatura em elevação”, cita.

Ilha de calor e árvores

Amorim lembra que em Goiânia há uma ilha de calor estabelecida, no entanto, varia muito a temperatura. Nos setores mais centrais são registradas temperaturas mais altas e nos outros mais distantes do centro, há temperaturas mais amenas.

Sobre variações no clima, André polemiza que na questão não há uma relação de mais árvores ou menos árvores. “É uma situação global, quando a gente fala de clima, são coisas que afetam o globo todo. Então nós podemos estar passando por uma seca aqui, e uma enchente no Japão ou vice-versa”, define.

Mas há desequilíbrio ambiental no nosso Estado? “Falar em desequilíbrio, eu não colocaria assim: desequilíbrio em Goiás. Nós temos situações que nós estamos vivenciando hoje. Por exemplo, um período com mais escassez de chuva, mas se um local está vivenciando isso, em outro já há excesso. Porque nós não estamos desconectados desse mundo. Então têm vários fenômenos atmosféricos que estão acontecendo e isso, eu encaro, como uma variabilidade climática, que vem ocorrendo e círculos que determinadas regiões do planeta enfrentam”, respondeu, Amorim.

Para o futuro existe perspectiva de melhorar a situação climática? Para o gerente do Cimehgo, isso deve fazer parte de uma agenda global, pois não depende apenas de Goiânia. “Utilizar menos combustíveis fósseis. A gente nota que a grande maioria do planeta está migrando para o uso do carro elétrico. Nós estamos ainda ‘engatinhando’, não falando Goiás, mas do Brasil. Então são coisas, que se há um desejo de melhoria ou tentarmos amenizar os efeitos dessa variabilidade, depende de uma agenda e de uma ‘culturação’. Nós precisamos mudar também a cultura, não adianta estipularmos no papel várias diretrizes e não serem absorvidas culturalmente”, acredita.

 

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