Filho de sambista… sambista é!

Diogo Nogueira faz show em Goiânia, nesta sexta-feira (22), e promete animar o público com músicas de diferentes momentos de sua carreira

Postado em: 21-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Diogo Nogueira faz show em Goiânia, nesta sexta-feira (22), e promete animar o público com músicas de diferentes momentos de sua carreira

Flávia Popov 

Não é a primeira vez que Diogo Nogueira se apresenta na Capital, mas a sensação é sempre a de ineditismo, principalmente para os aficionados por samba. O show que ele traz, desta vez, é a turnê Porta-Voz da Alegria, baseada no álbum homônimo, o de número quatro de sua carreira. Na canção de mesmo nome, de Renato André e Picolé, por exemplo, é nítida a alegria, a gratidão e o prazer do cantor em interpretá-la: “Gosto de levar a vida a cantar/ Ver os amigos é sempre um prazer/ Tudo que eu tinha pra realizar/ Hoje só tenho que agradecer/ Uma família repleta de amor/ E a mulher que eu sempre sonhei/ Só dá forças pra ser o que sou/ Um guerreiro do samba…”. E é com essa animação que ele espera o público, nesta sexta-feira (22), no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). “Quem for vai cantar e sambar do início ao fim!”, garante o cantor em entrevista ao Essência (abaixo). O show é uma realização do Curta Mais – com o projeto Curta Mais Samba – e terá início às 21h com apresentações de Cláudia Garcia, Brasil In Trio e DJ Daniel de Mello.  

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Desde cedo, o sambista é embalado por choros e samba. O responsável foi seu pai, o saudoso João Nogueira – um dos criadores do Clube do Samba no Rio –, que tinha o hábito de levar o filho para cantar em seus shows. Foi assim que tudo começou: com convites para que o jovem participasse de rodas de samba do Rio, hábito que lhe rendeu respeito e aprovação dos ‘bambas’ da música. E o sonho em ser jogador de futebol não durou tanto. Ele até treinou na categoria de base de clubes no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, mas uma contusão no joelho o fez mudar de ideia, e a música popular brasileira ganhou um grande ‘artilheiro’.

Carreira

Em 2007, Diogo Nogueira gravou seu primeiro DVD  (Diogo Nogueira – Ao Vivo), no Teatro João Caetano (RJ), com clássicos do samba e músicas inéditas, ao lado de Marcelo D2, Xande de Pilares e o violonista Marcel Powell. Foi um dos indicados ao Prêmio Multishow de Música Brasileira de 2008 na categoria Revelação. Participou do Grammy Latino, indicado na categoria principal, como Artista Revelação.

No mesmo período, lançou o segundo CD de sua carreira, Tô Fazendo a Minha Parte, no qual apresentava músicas inéditas – de sua autoria e de outros compositores. Em 2010, gravou o segundo DVD de sua discografia, Sou Eu, no palco do Vivo Rio (RJ). O CD e o DVD (Sou Eu) foram lançados em novembro de 2010. O DVD alcançou a marca de mais de 200 mil unidades vendidas (DVD de platina duplo) e o CD bateu a marca de 100 mil unidades (disco de ouro). Em outubro do mesmo ano, fez sua primeira turnê pela Europa.

Ganhou o Prêmio VMB, da MTV Brasil, na categoria Melhor Artista de MPB. No mesmo ano, ganhou o Grammy Latino, na categoria brasileira de Melhor Álbum de Samba, pelo disco Tô Fazendo a Minha Parte. Em 2011, mais um álbum do sambista, SouEu, foi indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode.

O Sambabook João Nogueira, lançado em 2012, foi uma homenagem à obra de seu pai. Diversos artistas participaram das gravações. No mesmo ano, lançou o CD e DVD DiogoNogueira ao Vivo em Cuba. O DVD traz o registro do show em Havana, além do documentário Doc.Show. O trabalho rendeu a Diogo mais um DVD de platina (80 mil cópias vendidas) e mais um CD de ouro (50 mil cópias).

Em 2013, lançou o CD Mais Amor, com shows no Vivo Rio (RJ) e HSBC Brasil (SP). Em agosto do mesmo ano, em parceria com o bandolinista Hamilton de Holanda, o cantor lançou o disco Bossa Negra. Em 2015, logo após lançar Porta-Voz da Alegria, apresentou o espetáculo Bossa Negra em turnê por dez países da Europa. Também em 2015, estreou como ator, no musical SamBRA, o projeto multiplataforma da Musickeria e Aventura Entretenimento, que marcou o início das comemorações do centenário do samba. Ainda no ano passado, estreou a turnê Porta-Voz da Alegria. No próximo dia 8 de outubro, o cantor lançará o DVD Alma Brasileira, no Vivo Rio. E o sambista segue como apresentador – há seis anos – do programa de TV Samba na Gamboa, na TV Brasil, também exibido na TV Cultura. 

 Entrevista Diogo Nogueira

O seu pai, o saudoso João Nogueira, marcou posição na defesa pelos artistas nacionais e pela valorização do samba. Esta defesa ainda se faz necessária? Como você avalia a posição do samba atualmente – em meio a tantos outros ritmos como sertanejo e funk?

Vivemos em um outro tempo, uma outra época, mas a busca pela qualidade da música é o que importa. Não importa o gênero musical, mas sim se a música é boa ou ruim. Na época do meu pai, existia uma discussão em torno da chegada da discoteca no Brasil e, com isso, muitos artistas tiveram mais dificuldades de fazer shows, pois as discotecas começaram a dominar tudo. Foi daí que surgiu uma luta originando o Clube do Samba. Tenho muito orgulho de o meu pai ter sido sempre uma liderança na defesa do samba.

E o mercado? Em sua opinião, a disponibilização do material fonográfico na internet prejudica o trabalho do artista? No seu caso, você já foi afetado?

A internet é um veículo muito interessante e depende de como é usado. A possibilidade de divulgarmos o trabalho de um artista, a velocidade e a capacidade de atingir públicos tão variados – em diferentes lugares do País e do mundo – é incrível. Mas a vulnerabilidade que a internet proporciona também é perigosa, principalmente quando as pessoas deixam de valorizar o trabalho dos artistas e dos compositores, e preferem baixar as músicas sem pagar nada para ninguém. Esse é o nosso trabalho e precisa ser remunerado. Como irão viver os compositores se suas obras maravilhosas não forem remuneradas?

Por falar em ‘afetado’, a crise econômica brasileira o atingiu de alguma forma?

Acho que existe uma crise em diversos lugares do mundo, e no Brasil não é diferente. E quando há crise, todo mundo é afetado. Mas acredito no Brasil, nos brasileiros, e para mim aqui é o País do futuro. E como diz o samba: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima…!”.

Você fez diversas turnês mundo afora e já gravou CD/DVD em Havana (Cuba). Como é a recepção da sua música pelos estrangeiros?

A música brasileira é muito respeitada no exterior. Aqui, se produz uma das melhores músicas do mundo. Já estive em mais de 20 países e sempre me surpreendo com a receptividade, a alegria e o respeito que eles têm pela música brasileira. E isso é algo que já acontece, há muito tempo, e graças a grandes artistas brasileiros, que foram pioneiros em divulgar a música brasileira pelo mundo. Eu estou chegando, agora, procurando fazer também a minha parte.

Você já cantou algumas vezes em Goiânia. Qual foi a sua impressão?

Já fiz alguns shows em Goiânia e sempre fui muito bem recebido. Fiz um show maravilhoso no Flamboyant Shopping e, no ano passado, estive no Jaó. Adoro cantar em Goiânia e, dessa vez, estamos levando um show especial numa grande homenagem ao samba e à MPB.

E, desta vez, qual turnê você traz a Goiânia? O que o público pode esperar do show?  

Vou cantar de tudo um pouco. Estamos rodando com esse show (Porta-Voz da Alegria), desde o ano passado e, como acabei de gravar um DVD no Rio, esse show traz músicas de diferentes momentos da minha carreira, além de canções que gravei nesse DVD homenageando compositores e artistas como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Jorge Aragão e Arlindo Cruz. Teremos ainda uma homenagem à MPB, cantando músicas que sempre gostei, de artistas como Gonzaguinha, Djavan, Cazuza, Milton Nascimento e Tim Maia. Vai ser uma grande festa, e quem for vai cantar e sambar do início ao fim!    

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