Alcione: toda trabalhada na Gabriela

"Eu nasci assim, cresci assim", afirma Alcione sobre a sua identidade autêntica e personalidade única

Postado em: 12-08-2016 às 06h00
Por: Redação
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"Eu nasci assim, cresci assim", afirma Alcione sobre a sua identidade autêntica e personalidade única

‘Você me vira a cabeça, você me tira do sério…”. Dificilmente você leu essa frase sem ritmá-la e escutá-la, mentalmente, na voz de Alcione. Heroísmo e lealdade são os principais atributos da Alcione de Paris, que inspirou o pai da cantora a escolher tal nome. A inspiradora é protagonista do livro Renúncia, ditado pelo espírito de Emmanuel a Chico Xavier por meio da psicografia. Hoje, o espiritismo é a religião declarada da cantora maranhense. Já Marrom foi o segundo nome que ganhou na carreira de cantora. E é com a autenticidade conhecida que ela chega a Goiânia, hoje, para um show promovido pela Curta Mais Produções. Na ocasião, canta boleros e seus maiores sucessos.    
As estações do ano dividem o show de hoje em quatro blocos. A poeta, jornalista, cantora e atriz brasileira Elisa Lucinda inicia cada bloco com uma poesia de sua autoria. “Moço, cuidado com ela! Há que se ter cautela com esta gente que menstrua, imagine uma cachoeira às avessas: cada ato que faz, o corpo confessa” é um dos trechos do poema Aviso Da Lua Que Menstrua, do livro Semelhante, de Elisa Lucinda. Além dela, a atriz e cantora Sylvia Nazareth faz participação especial na canção A Sombra Do Teu Sorriso, versão de The Shadow Of Your Smile. Do português ao espanhol e a versões do inglês, o repertório de uma das rainhas do samba é poliglota.
A lista de canções programadas para o show de hoje também conta com inéditas: Amor Amigo, de Roberta Miranda, e Quem Dera, de Júlio Alves, são algumas delas. A Paixão de Dartagnan, de Altay Veloso, que, apesar de não ser inédita, é pouco conhecida, completa o repertório. A ideia da Marrom, ao engatar no projeto Boleros e Seus Maiores Sucessos, era cantar o que há de romântico e emocionante em um só show. “Gosto de cantar aquilo que me emociona, e sempre me emocionava ao ouvir os sucessos de Ângela Maria, Núbia Lafayette, Elizeth Cardoso e de tantas e tantas divas do gênero”, relata.
Alcione é o que é. Não há como defini-la em alguns parágrafos. É impossível conversar com ela, mesmo que por e-mail, sem soltar algumas gargalhadas. Seu humor é sincero, e é bem firme em seus posicionamentos. A sua estética é única, e recusa-se a mudar o estilo de vestir e arrumar-se por causa de alguma ocasião especial. Já disse para outros veículos que gosta mesmo é de um batom boca de sandália. Tudo isso, mais o seu talento musical, conquistaram fãs como Axl Rose, que correu atrás dela pedindo foto uma vez, e Naomi Campbell, que a convidou para ensaio fotográfico sobre a beleza da mulher negra.
Filha de um maestro da banda da Polícia Militar do Maranhão, Marrom orgulha-se ao creditar seu sucesso à sua família. É envolvida com a música desde sempre, e até quando deu aula de Português, na escola primária, conseguiu inserir a música em sua didática. No entanto foi demitida após levar um instrumento musical para a aula. A sinceridade da cantora aparece até mesmo quando o assunto é sua vida amorosa. Religiosa, Marrom já contou, publicamente, que não sobe ao palco sem pedir proteção a Deus e a Noel Rosa. Alcione conversou com o Essência e contou sobre a carreira, questões sociais e os planos para hoje.

SERVIÇO
Show com Alcione
Onde: Teatro Rio Vermelho (Rua 4, nº 1.400, Setor Central – Goiânia)
Horário: 21h
Ingressos: De R$ 45 a R$ 420
Curta Mais – Shopping Bougainville (Rua 9, nº 1.855, Piso G1 do Shopping Bougainville, Setor Marista) ou http://curtamaispormenos.com.br
Classificação etária: 16 anos

Entrevista Alcione

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Como começou sua relação com o samba?
No Maranhão, com as escolas de samba de lá. A minha favorita era a Turma do Quinto. E também por influência da orquestra local, da qual meu pai era o maestro e que tocava todo tipo de música.

Como é, para você, ser conhecida internacionalmente?
Acho a glória, porque, saindo ou não do Brasil, a nossa música tem força para extrapolar as fronteiras. E sequer temos a mídia que a canção internacional tem. Basta ver quantas escolas de samba existem países afora – Japão, Londres e até Finlândia.

Em entrevistas anteriores, você disse que, com relação ao racismo, por um tempo as pessoas avançaram, mas, hoje, estão regredindo. Por que você acha que ocorre essa regressão? Como é, para você, enquanto mulher negra, enfrentar isso?
Sim, é uma regressão total. Essas ‘pessoas engraçadas’ não sabem que este País é negro e miscigenado? Está faltando cultura para essa gente. Eu, como mulher e artista, sempre enfrentei isso e não deixo passar. Tenho um escudo comigo, que é o respeito, que é bom e eu gosto.    

Uma das características que mais te marcam é o estilo e o modo de se vestir: está sempre muito arrumada e com as unhas impecáveis. Qual a importância do seu modo de vestir e se arrumar para a sua identidade? 
Minha mãe tinha o hábito de nos encher de talco, ficávamos ‘caiadas’, sempre, depois do banho. Tudo isso antes das cinco horas da tarde. Ficávamos cheirosas, limpinhas e sempre arrumadas. A mulher brasileira é muito asseada e gosta de ficar bonita. Eu sou toda trabalhada na Gabriela: eu nasci assim, cresci assim (risos). 

Como foi, para você, sair do Maranhão, no Nordeste, para o Rio, no Sudeste? Existiu algum tipo de preconceito?
Houve, mas eu mandei pra casa do c… (risos). Mas foram poucas essas vezes. O Sul, no geral, me recebeu muito bem. O Rio de Janeiro me recebeu de braços abertos e, hoje, é minha residência. O Rio é, depois do Maranhão, a minha segunda casa.

Você já disse que se considera mãe dos filhos de Zeca Pagodinho, Martinho da Vila e Arlindo Cruz. Como é isso?
Conheci os filhos deles pequenininhos. Tem também os filhos do João Nogueira. Eu chamava o Diogo Nogueira de anjinho barroco. A Tinália (Martinália) até me chama de mãe. São filhos que a vida me deu.

A que você deve essa conquista de independência como mulher e essa liberdade que você tem ao ponto de não depender de nenhum homem?
Ao meu pai. Ele sempre nos ensinou a não depender de ninguém. Dizia que, na Terra, vale quem tem, por isso sempre trabalhamos. Nós, mulheres da família, jamais quisemos viver na dependência de maridos ou qualquer pessoa. Por isso todas nós continuamos trabalhando. Até para amar é melhor ser independente, não é?

Qual repertório o público pode esperar no seu show de hoje?
Este show é uma mistura do próximo DVD, que gravarei em setembro no Rio. Tem um repertório somente de boleros, e dos hits de carreira que o público sempre gosta de ouvir nas minhas apresentações.

Qual a sua expectativa para o público goiano?
Muita boa. Brasília e Goiás sempre me receberam muitíssimo bem. E vou levar minha banda para fazer um grande show para essa galera tão acolhedora. Até lá!

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