Feira dos Povos e da Biodiversidade

Aberta, no Rio, mostra de produtos brasileiros: produção somada à defesa do meio ambiente

Postado em: 19-08-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

O índio Kokoró Kayapó do Pará é um dos expositores da Feira dos Povos e da Biodiversidade do Brasil, que foi inaugurada na quarta-feira (17) no Jardim Botânico do Rio, pelo ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho. Para Kokoró, participar da feira é uma oportunidade de apresentar os produtos que são feitos por outros integrantes do Projeto Produtos da Sociobiodiversidade Kayapó, desenvolvido em oito aldeias na floresta amazônica. “A exposição é muito boa para representar as comunidades indígenas do sudoeste do Pará. Vai mostrar para o mundo os nossos produtos e que o artesanato kayapó está fazendo para a gente continuar”, disse.
Essa não é a primeira vez que Kokoró participa de feiras, mas ele gostou de ouvir o ministro dizer que pretende ampliar o número desses encontros de produtores familiares, indígenas e quilombolas a outras partes do País. “É uma oportunidade que vai dar para a gente”, disse. Os integrantes das aldeias produzem cestos de palha, vassouras, camisetas, pulseiras e colares de miçangas com desenhos característicos Kayapó.

Meio ambiente
Para o ministro, a feira mostra que é possível juntar a produção com a defesa do meio ambiente. “Se nós pudermos incentivar este tipo de ação é uma grande coisa. Então vamos nos firmar nesta vertente e fortalecê-la, porque ela é que é verdadeiramente o sustentáculo de um processo de desenvolvimento sustentado. Vamos apoiar e nos reunir em outras regiões do país”, disse. “Faz parte da nossa política socioambiental, o combate à pobreza. Não se pode pensar em um País preservado ecologicamente com uma população pobre, uma população desigual”.

Goiás
Selma Grace de Oliveira é presidente da Cooperativa Bordana, do Conjunto Caiçara de Goiânia, que reúne 30 bordadeiras. Selma disse que, quando a cooperativa foi criada, há seis anos, as mulheres não sabiam bordar e passaram por cursos até começarem a fazer os trabalhos, que são os mais diversos. Hoje, são procuradas até para produções mais sofisticadas como lençóis e toalhas de mesa em algodão egípcio, o que faz melhorar a renda, mas também precisam de mais tempo para serem concluídos. “Tem lençóis que levam até 500 horas de bordado”, disse.
Com o aumento da demanda pelos produtos, a cooperativa está se estendendo a outras cidades da Região Metropolitana de Goiânia, como Teresópolis de Goiás. “O nosso desafio é crescer o número de mulheres, porque a cooperativa está crescendo e tendo uma demanda que às vezes a gente nem consegue atender. Se for uma demanda muito grande e, dependendo do prazo, a gente não consegue, porque o número de bordadeiras não é suficiente para produzir. É um trabalho muito lento, não dá para comer com ele. E também o objetivo não é fazer as pessoas morrerem de trabalhar”, revelou.
Selma disse que, no dia a dia, as bordadeiras conciliam o bordado com o trabalho doméstico e, por isso, é importante cada uma administrar o seu tempo. “Elas não têm condição de bordar oito horas por dia”.  
A exposição pode ser visitada até o dia 31 de agosto, de terça-feira a domingo, das 9h às 17h. Já a feirarecebe os visitantes no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, até este domingo (21), e em uma demonstração na sexta e no sábado, na Casa Brasil, no Boulevard Olímpico, Região Portuária do Rio.
 

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