Gal Costa apresenta hoje o show da turnê ‘Espelho d’Agua’

Na turnê, Gal canta novas canções e sucessos eternos de 50 anos de carreira

Postado em: 23-08-2016 às 06h00
Por: Redação
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Na turnê, Gal canta novas canções e sucessos eternos de 50 anos de carreira

Gal Costa canta como quem respira. A voz cristalina ecoa já faz 50 anos e cantou a história recente do País. “Eu vim da Bahia cantar”, anunciava ela em seu primeiro disco, de 1965, em que ela ainda assinava Maria da Graça. De lá para cá, o romantismo dos anos 60, o desbunde dos 70, a cafonice dos 80, a sobriedade dos 90, a ressaca dos anos 2000 e as modernas reinvenções desta década, o melhor repertório da música popular brasileira passou pela boca de Gal.
E é esse repertório que Gal apresenta, hoje à noite, no show Espelho d’Água, em que canta sucessos eternizados ao longo de sua carreira, acompanhada apenas pelo músico Guilherme Monteiro, que se reveza entre guitarra e violão. Sem bateria eletrônica, percussão, naipe de metais, teclados ou efeitos no microfone. O show tem um único protagonista: a voz plena de Gal Costa. 
O repertório foi escolhido a quatro mãos pela cantora e pelo jornalista Marcus Preto, que também divide com Gal a direção do espetáculo. O roteiro do show se concentra nos temas que ganharam notoriedade na voz da cantora. Entre os destaques, a primordial Coração Vagabundo, Vaca Profana e Baby, de Caetano Veloso; Folhetim, de Chico Buarque; Sua Estupidez, de Roberto e Erasmo Carlos; Volta, de Lupicínio Rodrigues, e Modinha para Gabriela, de Dorival Caymmi.
A música que dá nome ao show é Espelho d’Água, primeira parceria de Marcelo Camelo com o irmão, o poeta Thiago Camelo, e gravada por Gal em seu mais recente álbum, Estratosférica, lançado no ano passado. O cenário é simples: duas caixas de som, um pedestal, um banco, a cadeira de Monteiro e os instrumentos dele. Nos primeiros instantes, há uma sensação de vazio. A impressão é ainda mais forte para os que estão acostumados aos espetáculos repletos de telões e pirotecnias que povoam os palcos e desviam a atenção da plateia do essencial: a música.
Maria da Graça Pena Burgos nasceu em Salvador, Bahia, filha de Mariah Costa Pena e Arnaldo Burgos. Como aconteceu a tantos jovens de sua geração, em 1959, apaixonou-se pela sonoridade de João Gilberto, que lançava sua clássica gravação de Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Nesta época, Gal já tocava e cantava, apresentando-se em festas escolares. Seu pai também tocava violão, e tanto ele quanto a mãe a incentivavam a seguir carreira. Em 1964, Gal, ainda com o nome de Maria da Graça, participou do show Nós, Por Exemplo, ao lado de Caetano, Gil, Bethânia e Tom Zé, que inaugurou o teatro Vila Velha, em Salvador. 
No ano seguinte, já estava no Rio, com a cara e a coragem, e gravou seu primeiro compacto com as músicas Eu Vim da Bahia, de Gil, e Sim, Foi Você, de Caetano. Gravou o disco Domingo, com Caetano, e participou do antológico LP Tropicália, com as músicas Mamãe Coragem e Baby, que foram seus primeiros sucessos. Ainda em 68, estourou de vez no Festival de MPB da TV Record, com a música Divino Maravilhoso, de Gil e Caetano. 
De lá para cá, foram muitas as personas que Gal encarnou e em todas elas, o papel de musa caiu muito bem. Mais de 30 discos depois, ela continua emocionando o público a cada nota emitida. Aos 70 anos, a voz da cantora baiana pode não ser a mesma dos tempos áureos. Mas ganha em sabedoria e em maturidade, qualidades que pouquíssimos músicos têm no Brasil atualmente. No palco, ela é uma entidade. Cultuada por fãs das mais variadas idades. Sem medo de arriscar e com bônus infinitos para errar. Gal Costa é o reflexo da plenitude. 
O show de hoje à noite faz parte do projeto Flamboyant In Concert e ocorre no estacionamento do shopping Flamboyant. Os ingressos, adquiridos em troca de notas fiscais, já estão esgotados. 

Entrevista

GAL COSTA
Você disse em entrevista recente que “cantar uma canção pela primeira vez é como fazer amor”. E como é cantar o mesmo repertório para públicos diferentes?
 Eu disse que cantar uma música é descobrir sempre algo novo nela e na maneira de cantá-la. Cantar o mesmo repertório para um público que nunca me viu cantar algumas canções ao vivo, como os jovens, é um alegria imensa.  

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Para você, um show é como um rito sagrado. Há um pacto entre você e o público? Os deuses da música são evocados ali?
Claro que os deuses da música sempre estarão presentes enquanto houver música. Para mim, cantar é sagrado. Música é a forma de arte que emociona as pessoas de maneira mais profunda.

Além das músicas de Estratosférica, o show é composto de grandes sucessos seus. Qual é a liga entre as canções antigas e as novas? 
A liga é o clima do show, os arranjos e a modernidade eterna das canções. Neste caso, é um show de voz, violão e guitarra. O repertório é lindo.

Em 2015, você disse para mim em uma entrevista que Estratosférica trilha naturalmente o caminho de Recanto, álbum anterior. Já é possível vislumbrar outro passo em seguida?
Já estou pensando em algumas possibilidades para um novo trabalho, mas não será para este ano. Vem aí coisa nova. Vamos esperar.

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