Osborne apresenta, em livro, panorama do mundo ocidental

No último mês de setembro, o mundo relembrou um dos piores atentados terroristas da história. Na época, ao se referir à tragédia

Postado em: 03-10-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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No último mês de setembro, o mundo relembrou um dos piores atentados terroristas da história. Na época, ao se referir à tragédia americana do 11 de setembro, o então presidente americano George W. Bush descreveu os ataques como “uma declaração de guerra ao mundo civilizado”. Quinze anos depois, ainda é comum ouvir discursos como este, ainda que a própria definição de civilização seja multifacetada, sobretudo no que se refere ao entendimento de que civilização e civilização ocidental são conceitos diferentes.  Reavaliar estes termos e suas acepções é o desafio do historiador Roger Osborne no livro Civilização: Uma Nova História do Mundo Ocidental.
Osborne apresenta um profundo estudo da civilização ocidental, baseado no reexame dos acontecimentos e dos legados da história. Uma das principais questões que confronta é a ideia de que a civilização ocidental está intrinsecamente associada à liberdade, uma vez que ela já foi responsável por dizimar sociedades ditas primitivas se utilizando de justificativas morais, religiosas e históricas. Neste contexto, o autor recorda que a história do mundo do Ocidente é marcada pelo sofrimento, miséria, injustiça e crueldade e questiona se a guerra, a tortura, a escravidão e o genocídio estariam incluídos no conceito de civilização.
Conectando diferentes esferas do conhecimento, o autor relembra, por exemplo, a mudança na visão sobre a 1ª guerra mundial. Se em um primeiro momento prevaleceu o pensamento freudiano de que o homem teria voltado à barbárie, logo em seguida, uma nova abordagem da psicologia da guerra foi levantada pelos historiadores. A “fera interior” humana defendida por Freud perdeu força quando chegaram à conclusão de que a guerra foi consequência de uma cultura militar europeia deliberadamente cultivada no século anterior, após a queda de Napoleão. O confronto, então, teria sido a resposta automática diante das dificuldades políticas.
Osborne chama atenção também para o fato de muitos aspectos da história ocidental continuarem a ser páginas em branco, já que sociedades e culturas que não tinham língua escrita ficarem fora do nosso alcance e, também, porque as documentações antes do século 15 eram basicamente limitadas a assuntos oficiais. Explorando temas como arte, cultura, religião, exércitos e nações, o historiador cruza o passado e presente do conceito de civilização, indicando as razões pelas quais precisamos reavaliá-lo:
“Só podemos analisar a totalidade da história ocidental com o espírito do presente: conectando valores e acontecimentos, contextualizando ideias que hoje damos por pacificas, integrando a história cultural, filosófica, social e política, e criticando com um saudável ceticismo, a herança cultural e a autoridade venerável.”, declara Osborne. Civilização chegou às livrarias brasileiras no fim de setembro passado, pela Difel, selo da Editora Bertrand Brasil.

SERVIÇO:
‘Civilização’
Editora: Bertrand Brasil
Roger Osborne 
Páginas: 560 
Preço: R$ 79,90

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