Espetáculo Rosa Grená’ leva a dança contemporânea ao terreno da sensualidade

Financiado com ajuda do público, o espetáculo erótico-burlesco Rosa Grená’ leva a dança contemporânea ao terreno da sensualidade

Postado em: 15-12-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Financiado com ajuda do público, o espetáculo erótico-burlesco Rosa Grená’ leva a dança contemporânea ao terreno da sensualidade

Júnior Bueno

Em época de parcos investimentos públicos em cultura, o financiamento coletivo tornou-se uma tábua de salvação para artistas e produtores, que, como profissionais das artes, precisam criar e fazer circular as obras que representam sua geração. Rosa Grená surge no cenário goianiense, fruto desse novo método de arrecadação de recursos. A obra foi criada por artistas de trajetórias reconhecidas mundialmente, mas que também observam as dificuldades que o momento suscita. 

O espetáculo de dança erótico – que estreia amanhã, no Espaço Sonhus – conta com figurinos de Maria Elvira Crosara, da marca de roupas Anunciação. Maria Elvira criou peças que instigam o público a repensar questões de gênero e estereótipos sociais sobre os corpos dos bailarinos. E para ‘lacrar’ a produção, selecionou algumas peças do badalado designer Fernando Cozendey, que assinou o último figurino do clipe de ValeskaPopozuda, e também vem assinando looks para os shows de Anitta. Os artistas comentam: “Não sobram dúvidas de que será puro luxo”. 

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Rosa Grená, segundo a proposta do coreógrafo Daniel Calvetcoloca os três bailarinos – Flora Maria, Gleysson Moreira e o próprio Daniel -, em um cabaré, no melhor estilo belle époque, proporcionando ao espectador uma experiência pouco ortodoxa para o mundo da dança. Segundo Daniel, “Nosso intuito é receber o público para vivenciar momentos de descontração dentro de um teatro. Nosso papel é ceder nossos corpos para que cada um dos presentes incorpore suas próprias fantasias. A noite terá uma seleção deliciosa de músicas de uma nova MPB, também provocante, com um set-list apimentado, e drinks para animar o público. A gente quer transformar essa experiência em uma celebração da arte e da vida”.

Apesar disso, Daniel ressalta que não se trata de um espetáculo pornográfico. “Não é o objetivo final, é uma peça que tem o erotismo como um dos temas, mas não é de forma gratuita, não é uma pessoa dançando pelada para o público”, ele diz. Para a realização, que é fruto de uma criação coletiva do elenco, foi necessário um ano de estudos sobre o burlesco e como esse movimento se dava no Brasil. 

Os três bailarinos são artistas com experiências diversas em dança, no Brasil e no exterior. O trio se encontrou em Goiânia enquanto atuavam na Quasar Cia de Dança. Dessa junção surgiu uma rede de afinidades e vontades de colocar em cena suas potências criativas, já visitadas em trabalhos anteriores, como nas obras montadas para Quasar Jovem por Daniel; na irreverência de Flora em cena em trabalhos como Nega Lilu, de Valeska Gonçalves e Larissa Mundim; e na potência de Gleyson em trabalhos para a TV de Portugal e em produções de dança comercial. Daniel Calvet, que coordena a montagem, tem também passagens por grupos como a Deborah Colker e Focus Cia de Dança, todas do Rio de Janeiro. 

As duas apresentações, de hoje e de amanhã são exclusivas para os apoiadores do projeto, que ajudaram a financiar parte da produção. “Nós fomos aprovados pela lei de incentivo da Prefeitura para o ano que vem, mas apenas com um terço do valor. A gente não queria deixar esse projeto morrer e a ajuda do público foi muito importante.  Então, nós decidimos fazer esse financiamento coletivo e o prêmio é essas sessões exclusivas”, diz Daniel.Ele diz que ainda é possível colaborar com o projeto, que vai estrear aberto ao público no ano que vem. “Quem quiser colaborar pessoalmente, é só ir ao teatro e, com doações acima de R$ 45, é possível entrar e assistir ao espetáculo.” 

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