Último Programa do Jô vai ao ar hoje

O apresentador encerra uma trajetória de quase 30 anos como o entrevistador mais querido do País

Postado em: 16-12-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O apresentador encerra uma trajetória de quase 30 anos como o entrevistador mais querido do País

Júnior Bueno 

Hoje vai ao ar o que pode ser o último ‘beijo do gordo’, que é como Jô Soares encerra seu talk-show e possivelmente sua carreira como o entrevistador mais querido do Brasil. Foram 12 anos de Jô Soares Onze e Meia (SBT), praticamente o pioneiro no gênero no País e, em seguida, o apresentador migrou para a Globo e esteve à frente de 16 temporadas do Programa do Jô. A TV, que nas décadas de 60 a 80 projetou a imagem de Jô como um de seus maiores humoristas, também firmou, nos últimos 28 anos, a credibilidade dele como um entrevistador de peso – sem duplo sentido.

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Apesar de que o termo ‘show de conversa’ seja levado ao paroxismo com o Jô Soares (o apresentador fala mais que os convidados), o nome do apresentador funciona como um sinônimo para o formato no Brasil desde os anos 1980. Mas, agora, o cenário é de transição: enquanto o apresentador se prepara para deixar a TV, os humoristas Marcelo Adnet e Fábio Porchat e Danilo Gentili têm suado para convencer o telespectador que possuem tarimba para assumir o posto de referência na área. 

Até este ano, Jô ainda reinava como o principal nome dentro desse formato televisivo no país. Em 1988, deu início ao Jô Soares Onze e Meia e, depois, passou para a Globo com o consolidado Programa do Jô. Só que o reconhecimento de décadas já não se traduz em altos índices audiência — e o talk-show apresentado por Danilo Gentili, no SBT, é apontado como o responsável por levar uma boa fatia dos espectadores. O comediante ex-CQC é um dos precursores da renovação do gênero: comanda o The Noite desde 2014 e, antes, esteve à frente do Agora é Tarde, na Band, posteriormente liderado por Rafinha Bastos até o seu encerramento.

Formato gringo

Mix de jornalismo e entretenimento, o talk-show explora um formato híbrido desde a sua origem. Com os apresentadores provindos das comédias stand-up, o gênero — que já manifestava sinais de desgaste — ganhou novo fôlego. A grande marca dessa nova geração é o humor mais agressivo e escrachado, de olho em uma audiência jovem e nativa das redes sociais. Adnet, que abusa da ironia, explora ainda mais essa característica em seu programa na Globo, mas a tentativa de desconstruir um formato consagrado soa frouxa em sua realização. Já Porchat na atração da Record tem mostrado mais desenvoltura e enfrenta revezes no Ibope, mas as entrevistas rendem bons momentos.

A maior influência dos talk-shows nacionais são as produções americanas, pioneiras no formato. O Programa do Jô e seu antecessor do SBT, Jô Soares Onze e Meia são muito semelhantes ao Late Show with David Letterman — o conhecido humorista se aposentou no ano passado, dando lugar a Stephen Colber. Em agosto de 2015, Xuxa estreou na Record uma nova atração visivelmente inspirada em Ellen DeGeneres, outro grande nome da TV dos EUA. Porém, as semelhanças das atrações brasileiras e americanas param por aí. Nos Estados Unidos, não é tão evidente uma renovação no formato. O que se percebe é apenas uma troca natural de apresentadores devido à idade. 

As mudanças se dão de forma diferente. No Brasil, o pessoal do stand-up ganhou destaque a partir da internet e chegou ao talk-show, talvez por uma qualidade de improvisação. Já nos EUA a fórmula se mantém por anos, independente de quem capitaneia o programa. A ordem aqui é trazer a estrutura, mas preparar à brasileira:  nossos talk-shows estão se transformando em um tipo de programa de entrevista no qual vale tudo.Hoje, um dos queridinhos da TV americana é Jimmy Fallon, que está à frente do The Tonight Show — o artista é conhecido por seu perfil ‘amistoso’ com os entrevistados. Por aqui, há quem compare Gentili com Fallon, e especula-se que o programa de Adnet possa beber na mesma fonte.

Na caneca

A primeira entrevista de Jô Soares, no dia 17 de agosto de 1988, foi com o escritor e cartunista Ziraldo. E a última, que vai ao ar hoje (16) é com o mesmo Ziraldo, que vem a ser também o entrevistado mais recorrente no show.  A equipe de seus programas é praticamente a mesma desde 1988, com algumas alterações na banda (que já foi quarteto, quinteto, sexteto e no momento conta com quatro músicos). O careca Derico e Bira, com sua risada impagável são os únicos que estiveram em todas as temporadas. Os redatores Anne Porlan, Max Nunes (falecido em 2014), Hilton Marques, DiléaFrate e o diretor Willem van Weerelt também estiveram na equipe do programa desde o início.

O garçom chileno Alex, que é quem cuida da bebida do apresentador e dos convidados, também está com Jô há mais de 20 anos. É ele quem se encarrega de encher a famosa caneca, que Jô nunca revela o que contém. Esse é um dos mitos que cercam o apresentador e que estarão fora do ar a partir do ano que vem – o apresentador ainda não revelou se vai migrar de emissora ou aposentar a caneca. A Globo prepara um programa de entrevistas para Pedro Bial, para ocupar o horário do Programa do Jô. Resta conferir se o host do Big Brother Brasil conseguirá preencher a lacuna deixada por Jô Soares.

 Foto: divulgação 

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