Documentário ‘Passos da Tradição’ será lançado nesta quinta

Carlos Cipriano, um dos diretores da obra, fala ao ‘Essência’ sobre o filme de Elder Passos

Postado em: 30-08-2018 às 06h00
Por: Kamilla Lemes
Imagem Ilustrando a Notícia: Documentário ‘Passos da Tradição’ será lançado nesta quinta
Carlos Cipriano, um dos diretores da obra, fala ao ‘Essência’ sobre o filme de Elder Passos

Gabriella Starneck* 

O documentário ‘Passos da Tradição’, que será lançado nesta quinta-feira (30) no Cine  Cultura, retrata a história de Elder Passos – um homem que se dedicou a resgatar e preservar a cultura vilaboense. Elder, segundo Carlos Cipriano, participou ativamente da campanha de reconhecimento de Goiás como Patrimônio Cultural da Humanidade, e deu continuidade ao trabalho de arquivista de Frei Simão Dorvi, ajudando a manter ativa uma Fundação que leva o nome deste padre e que reúne fotos, jornais e vários outros documentos históricos, bastante consultados por pesquisadores interessados no assunto. 

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“Nós estamos lidando com uma personalidade importante para a cultura goiana, cujo trabalho foi essencial para transformar a antiga Vila Boa em um sítio histórico tombado pela Unesco e que atrai inúmeros turistas, todos os anos”, afirma o diretor do espetáculo. A fim de registrar a importância de Elder Passos para a Cidade de Goiás, foi proposta a criação de um documentário que abordasse a trajetória desse homem que deixou um forte legado para sua terra natal. E para falar mais sobre Passos da Tradição’, Carlos Cipriano concedeu uma entrevista ao ‘Essência’. Confira abaixo.

Entrevista Carlos Cipriano, diretor do documentário

Qual é a proposta de ‘Passos da Tradição’? Por que a escolha desse título?

“Passos da Tradição” é um documentário sobre um homem que ama o lugar onde nasceu e escolheu para passar sua vida, mas também sobre seu desejo de ver preservadas as tradições religiosas que serviram de referência em sua formação humana. Elder cresceu em um ambiente católico. Seus maiores interesses e esforços de preservação foram dirigidos para algum aspecto desta tradição: os santos de Veiga Valle guardados no acervo do Museu da Boa Morte e que ele documentou em livro; o resgate da música sacra (como no caso dos Motetos dos Passos, que ele ainda canta junto ao coro da igreja); a reinvenção das encenações da Semana Santa, como a Procissão do Fogaréu, totalmente revigorada e reformulada a partir do seu trabalho nos anos 1960, com apoio de Goiandira do Couto – tudo isso está no filme, é o que o documentário quer mostrar. “Passos” não é apenas uma referência ao sobrenome de Elder Camargo, ou à Irmandade dos Passos, à qual ele pertence, mas também à ideia de que seu trabalho vai continuar – uma das passagens mais interessantes do documentário mostra Elder e seu filho Thiago no ensaio do Fogaréu, marcando juntos as posições dos farricocos na parada que a procissão faz em frente à Igreja do Rosário.

Qual a importância de deixar registrada a contribuição de Elder Passos para cultura vilaboense em um documentário?

Embora o trabalho de Elder Passos seja bastante reconhecido entre as pessoas da sua geração, é preciso que as novas e futuras gerações possam conhecer o seu legado e saber que muito da cultura vilaboense que resiste e chegou até nós é parte dos seus esforços de pesquisador e cidadão preocupado com a memória e com o patrimônio imaterial de Goiás. É uma forma de reconhecer o valor do seu trabalho e proporcionar a visibilidade que tal legado merece.

A produção audiovisual, além das entrevistas com Eldere pessoas ligadas a ele, traz uma parte ficcional?

O documentário traz entrevistas com as pessoas que participaram ativamente com Elder de suas realizações, mas também inserimos alguns trechos em que o ator Paulo Vespúcio faz uma espécie de narrador (caracterizado como Veiga Valle), de modo a trazer para o filme parte dos textos de Elder publicados no seu novo livro. Esse narrador complementa as informações trazidas pelo conjunto de entrevistados e apresenta aspectos históricos da cidade de Goiás, talvez pouco conhecidos pelo público.

“Passos da Tradição”foi gravado em um curto espaço de tempo, nos meses de março e abril de 2018. Qual a principal dificuldade encontrada tanto no processo de gravação, quanto no processo idealização do documentário?

Não encontramos muitas dificuldades, para além daquelas que acometem a equipe de produção de qualquer documentário. Talvez o mais difícil tenha sido lidar com a enorme quantidade de material gravado e disponível para o roteiro de montagem do filme, tendo que decidir o que – desta vida tão cheia vivida por Elder – deveria ser mantido ou descartado da história que contamos, sem prejuízo para a fruição da narrativa. 

Qual a importância do Fundo de Arte e Cultura de Goiás para realização desse projeto, e qual o benefício que ele traz para o Estado de Goiás?

O Fundo Cultural é uma conquista dos artistas e produtores do estado, fruto de décadas de luta pelo fomento às atividades culturais – de modo que pudéssemos ter, como em outros lugares do país, condições de produção e desenvolvimento do nosso trabalho. O poder público fomenta diversas atividades econômicas e o setor cultural está entre as que geram não só emprego e renda, mas também mobilizam e animam o espírito humano. O Fundo de Arte e Cultura possibilitou o surgimento de novos artistas e o reconhecimento daqueles que há anos militam na cultura em Goiás – como o próprio Elder Passos, que agora tem sua vida e obra representadas na tela para a posteridade. 

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