Luzes e tradições: Natal celebra a fé e cultura

Período natalino reúne tradições milenares e valores de amor, fé e solidariedade, simbolizando o renascimento e a celebração do nascimento de Jesus Cristo

Postado em: 25-12-2023 às 10h00
Por: Tathyane Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Luzes e tradições: Natal celebra a fé e cultura
Centro Cultural Oscar Niemeyer em Goiânia é palco do 'Natal do Bem', celebrando a cultura e a espiritualidade natalina | Foto: Reprodução

Nas terras de Goiás, entre serras e rios que contam histórias ancestrais, o Natal se ergue como um espetáculo de luz e fé, celebrando o nascimento de Jesus Cristo. Sob o céu estrelado do Centro-Oeste brasileiro, o dia 25 de dezembro é mais do que uma data no calendário: é um encontro com a tradição. O fervor religioso e as festividades culturais adornam as cidades do Estado, criando um cenário de encantamento e alegria para os moradores e visitantes durante esse período festivo.

A celebração do Natal, marcada pelo nascimento de Jesus Cristo, é um dos momentos mais aguardados do ano. Em Goiás, essa comemoração adquire contornos especiais, mergulhando na religiosidade presente na região, onde a fé e a devoção tornam a data ainda mais significativa. As igrejas se vestem de luzes e enfeites, acolhendo fiéis e turistas em celebrações que relembram a essência religiosa do Natal.

Historicamente, o Natal remonta a origens pagãs, entrelaçando-se com festividades como o solstício de inverno, que simboliza a renovação e o renascimento. Os historiadores destacam o solstício, ocorrendo entre os dias 21 e 22 de dezembro, como parte dessas celebrações, momentos em que grandes festividades buscavam a renovação e a esperança. A jornada dos três reis magos, relacionada a esse período, conecta-se à trajetória que culmina em Belém, onde Jesus nasceu.

Continua após a publicidade

O Natal, embora tenha suas raízes em festividades pagãs, foi gradativamente associado à figura de Jesus Cristo. A fixação do dia 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Cristo foi um processo que se desdobrou ao longo dos séculos e foi estabelecida pelo Papa Júlio I no ano de 350. Originalmente, o Natal não fazia parte das tradições cristãs, mas sua adoção gradual, entre os séculos II e IV d.C., buscou substituir celebrações pagãs, como a Saturnália e o Dies Natalis Solis Invicti, promovendo a aceitação do cristianismo entre os povos pagãos. A estratégia da Igreja foi desassociar essa data das celebrações pagãs, enfatizando a importância do nascimento de Jesus.

As árvores de Natal, repletas de luzes e enfeites coloridos, representam um dos ícones mais marcantes desse período festivo. Elas têm suas raízes em tradições antigas e histórias que remontam séculos atrás. Acredita-se que a árvore também tenha conexões com rituais pagãos, sendo associada à fertilidade e prosperidade em algumas culturas. Na Europa, durante festividades como a Saturnália, os romanos enfeitavam templos com árvores, e os egípcios utilizavam palmeiras em seus rituais de adoração ao deus Sol, Rá.

O surgimento do costume de enfeitar árvores durante o Natal remonta ao século XVI, quando registros históricos indicam a colocação de árvores enfeitadas dentro das residências. Essa tradição evoluiu ao longo dos séculos, integrando-se gradualmente aos costumes cristãos e tornando-se um símbolo marcante das comemorações natalinas.

Outro símbolo icônico que encanta crianças e adultos é o Papai Noel, figura mítica associada à distribuição de presentes na véspera de Natal. Sua história é envolta em elementos tanto religiosos quanto pagãos. Originado na figura de São Nicolau, um bispo cristão conhecido por suas obras de caridade no século III d.C., o Papai Noel possui, no entanto, raízes que remontam a tradições pagãs dos povos escandinavos.

Essa figura natalina, inspirada em São Nicolau, encontrou seu caminho para o Novo Mundo trazida pelos puritanos, que inicialmente proibiram a celebração do Natal, considerando-a uma festividade pagã. Contudo, aos poucos, o Natal foi ressurgindo, sendo associado a São Nicolau e suas ações benevolentes.

A imagem moderna do Papai Noel, com suas vestes vermelhas, barba branca e trenó puxado por renas, foi popularizada pela Coca-Cola nas décadas de 1920 e 1930 por meio de campanhas publicitárias. Essa representação se tornou icônica e é amplamente reconhecida nas festividades natalinas ao redor do mundo.

Outro símbolo que marca o Natal é o presépio, idealizado por São Francisco de Assis no século XIII. Sua criação buscou simplificar a compreensão do nascimento de Jesus, tornando-se uma prática difundida na Europa e posteriormente em diversas partes do mundo.

O cenário natalino em Goiás é decorado com presépios e árvores iluminadas, refletindo a devoção religiosa e o espírito festivo que contagia as ruas e praças das cidades. Além disso, apresentações culturais, músicas e danças típicas enriquecem a atmosfera natalina, proporcionando momentos de alegria e confraternização para todos. Como é o caso do ‘Natal do Bem’, que está sendo realizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) em Goiânia. O evento permanece aberto de forma gratuita ao público até o dia 6 de janeiro e oferece uma programação cultural natalina vasta e diversificada.

O Natal, mais do que uma data festiva, é considerado para muitos um período de renovação, fé e solidariedade, de forma que as famílias possam se reunir para compartilhar momentos especiais, trocar presentes e fortalecer os laços afetivos. A essência do Natal, permeada por valores de amor ao próximo e compaixão, encontra seu lugar de destaque nas terras goianos, em um mergulho na tradição, na cultura e na espiritualidade, refletindo a identidade de um povo que celebra essa data com entusiasmo.

Veja Também