Mestre Mirim Santos, sua maestria artística e o compromisso social em Pirenópolis

A história do artista que transformou a cidade com pinturas e projetos sociais

Postado em: 15-01-2024 às 10h50
Por: Luana Avelar
Imagem Ilustrando a Notícia: Mestre Mirim Santos, sua maestria artística e o compromisso social em Pirenópolis
A história do artista que transformou a cidade com pinturas e projetos sociais | Foto: Divulgação/ Pirenópolis Tur

Mirim Santos, um artista nascido em Ouro Preto, emergiu de uma origem humilde, descendente de escravos, enfrentando as adversidades de um local acidentado e de difícil acesso. Sua jornada o levou a Pirenópolis em 1997, contribuindo para a restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário. Como pioneiro na arte de desenhar nas ruas, Mirim contribuiu para embelezar a cidade e preservar sua história, registrando cada pincelada como um testemunho do presente que pode se perder no futuro. 

Ao longo de uma década, ele persiste como pintor de rua, destacando a importância de sua presença para a cidade e sua missão na preservação cultural. Inspirado pela atmosfera acolhedora de Pirenópolis, ele estabeleceu seu estúdio ao ar livre no pé da torre da igreja, onde cria obras com nanquins e aquarelas.

Além de ser um artista talentoso, também é uma figura querida na comunidade. Sua presença frequente ao lado da Igreja o tornou uma personalidade amada pelos habitantes locais. Em reconhecimento aos seus projetos sociais, especialmente como dedicado professor de capoeira, recebeu o título de cidadão pirenopolino.

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Como mestre em Reiki, o compromisso com a cura e equilíbrio não só se manifesta nas expressões artísticas que adornam Pirenópolis, mas também nos corações daqueles que foram impactados por seus projetos sociais.

Como dedicado professor, ou melhor, mestre, ele guia crianças para o crescimento com dignidade e alegria. Destaca sua atuação em projetos sociais, como o ‘Na Rua com Arte’, proporcionando capoeira, pintura e batucada de percussão para mais de 450 crianças em diversas comunidades. Ele enfatiza a importância de integrar essas expressões artísticas na preservação cultural da cidade.

Sobre sua relação com as crianças, Mirim explica: “A criança está em fase de crescimento, se você fizer o trabalho com as crianças, com certeza elas serão futuros artistas.” Ele busca estimular a liberdade de expressão, tornando o aprendizado lúdico e sem compromissos rígidos.

Mestre Mirim compartilha suas técnicas artísticas, envolvendo lápis, carvão, aguadas de nanquim, aquarela, óleo sobre tela e acrílico. Seu foco atual é retratar os casarios de Pirenópolis em diversas técnicas, registrando a cidade para as gerações futuras.

Ao abordar as dificuldades encontradas em seus projetos sociais, ele destaca a resistência local e a escassez de materiais específicos para pintura. No entanto, supera obstáculos, utilizando materiais reciclados e técnicas inovadoras.

Com um olhar crítico sobre a cidade, ele destaca a falta de tradição em capoeira, percussão e carnaval, mas expressa sua missão em plantar a ‘semente brasileira’ em Pirenópolis. Mirim enxerga a arte como uma ferramenta para combater problemas sociais, como alcoolismo e violência.

Aos seis anos, enfrentou a paralisia nas pernas, mas, após tratamento, viu o movimento retornar. Aos oito, uma queda de cabeça de uma ponte resultou em fraturas no maxilar e nos dentes, sendo necessário passar por várias cirurgias para se recuperar. Ele reflete sobre essas adversidades: “Eu quase fui um alcoólatra. Hoje, sou capoeirista, terapeuta, vegetariano, faço trabalho voluntário, sou mestre em reiki e corredor”.

Finalizando, Mestre Mirim revela suas raízes na capoeira, agradecendo aos mestres que o orientaram. Ele destaca a importância de preservar a cultura afro-brasileira e sua missão de expandir a capoeira para que nenhuma criança seja “cativa de ninguém”.

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