Dia do Folclore: Artista Sereia do Cerrado lança clipe oficial com referências históricas

Todas as referências históricas foram usadas para fazer um grande alerta para um dos maiores problemas do Brasil

Postado em: 22-08-2022 às 08h14
Por: Elysia Cardoso Ferreira
Imagem Ilustrando a Notícia: Dia do Folclore: Artista Sereia do Cerrado lança clipe oficial com referências históricas
A artista também reforça que o clipe além do teor ambiental, conversa especialmente com as mulheres | Foto: Divulgação

Sereia do Cerrado, lança neste dia do folclore (22), o clipe ‘Faz Rima no Meu Corpo’, uma música que fala sobre amor, sexo e responsabilidade afetiva, e ao mesmo tempo faz o resgate de três figuras folclóricas do Brasil; a Sereia, que agora pertence as águas doces do Cerrado Goiano; o Boto Cor de Rosa com uma pegada da malandragem do Rio de Janeiro; e o Boitatá, que vem como as lendas faraônicas do antigo Egito, e ao mesmo tempo remetendo a maior figura mitológica que foi culpabilizada por ser vítima de violência sexual, a Medusa. 

Todas essas referências históricas foram usadas para fazer um grande alerta para um dos maiores problemas do Brasil, o desmatamento do bioma mais ameaçado, que ao contrário do que todos pensam, não é a Amazônia, e sim o Cerrado, que é responsável por quase 70% das bacias hidrográficas do país. “Estava em São Paulo e me veio muito a questão do desmatamento. Decidi começar o clipe falando do desmatamento do cerrado, e de repente eu olhei pra pro noticiário e estava falando sobre o parque Altair de Souza Pacheco que mais uma vez tinha pegado fogo. Foi muito sincrônico, achei aquilo muito forte e comecei a construir todo aquele roteiro em volta desse incêndio e aí foi no momento que eu me lembrei do Boitatá, essa figura folclórica”, relembra Sereia. 

A artista também reforça que o clipe além do teor ambiental, conversa especialmente com as mulheres, por conta da repressão sexual ainda muito vivida pelo feminino. “Mesmo tendo grandes nomes que trabalham para isso deixar de existir como a Anitta, a Luisa Sonza, a Lexa, entre outras,  ainda assim é visível o que a gente passa, e como a gente é tratada. Também há pouca responsabilidade afetiva que tem nos relacionamentos, e abordo isso na letra”. 

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Todo o figurino e direção de arte foi pensado e idealizado pela a própria artista, Sereia, contou com a contribuição artística de Marina Lazuli, que tem a sustentabilidade como a essência de seus trabalhos, a estudante de artes visuais da FAV- UFG, criou uma maquiagem que tem como base pedras do Rio Vermelho da Cidade de Goiás,  região que foi rota do ouro no Brasil, apesar de sido completamente saqueada na colonização, ainda abriga minérios que possuem aparência semelhante ao Ouro; boa parte dos elementos cênicos foram feitos a partir de materiais reutilizáveis e também com produtos encontrados em casas de construção.

Gravações 

As gravações aconteceram na Cidade de Goiás, primeira capital do estado, a antiga “Vila Boa”, cidade que traz muitos mistérios contados pelos próprios moradores e turistas que frequentam a cidade, o berço de Cora Coralina, foi colonizado por Portugal no Século do Ouro, onde os bandeirantes roubavam todo o ouro da terra através de trabalho escravo, ainda hoje se ouve relatos de pessoas que escutam gritos e correntes se arrastando pelas ruas de Goiás. 

A artista revela como foi  recriar as lendas num lugar tão místico, tão forte, tão bonito quanto é Goiás.” Eu acho a cidade de Goiás, ela merece ser muito mais divulgada e eu acho que não tem a divulgação que merece, né? A gente acaba vendo que Pirenópolis acaba tendo um holofote maior. Goiás é uma cidade incrível que o mundo inteiro deveria conhecer. Então fiquei muito feliz de fazer isso”, conta Sereia.

As imagens na primeira capital do estado, foram gravadas por Leonardo  Muniz, um goiano que está sempre presente nos registros audiovisuais de grandes destaques do Rap Nacional, como: Dexter; Negra Li; Edi Rock; Mano Brown; Djonga e vários outros, além de fazer a cobertura de grandes festivais, como Lollapalooza.

As gravações aconteceram durante o FICA – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, e contou com uma equipe de produção de relevância nacional, Dhanathom Gomes, responsável pela direção, realiza trabalhos para Som Livre e Globo, além de já ter trabalhado com grandes nomes do cenário nacional, como: Joelma, Guilherme e Santiago, Zé Neto e Cristiano; o diretor também é responsável pela trilha sonora da premiada série “Detetives do Prédio Azul”, do canal Gloob do Grupo Globo.

Por fim, a cantora compartilha sobre o como é estar se consagrando no cenário musical em trabalhos como este que envolvem uma equipe de produção de relevância nacional. “Vejo que de um lançamento pro outro as coisas vão clareando cada vez mais, dúvidas vão surgindo. Eu acho que todos querem ter uma vida abundante, mas se você não tiver trabalhando com uma verdade sua, não vale a pena. Então poder ver essa mudança minha musical que tá completamente diferente, eu fui da MPB pra um rap, pro pop e ver que ainda assim eu não perdi nenhum pouco da minha essência é muito bom e eu espero continuar assim sempre”, finaliza. 

Para preparar o público, a produtora Laboratório Alquímico lançou no último dia 22, um minidoc que mostra todo o processo criativo e de produção do clipe, o projeto foi contemplado pelo Edital de Seleção de Projetos de Hip Hop -Concurso nº 11/2021 -SECULT – Secretaria de Cultura do Estado de Goiás. O Minidoc e o clipe podem ser assistidos no canal do youtube ‘Sereia do Cerrado’.

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